Descrição operativa (como funciona) Quem tem essa virtude aceita, assumindo como decisões próprias, as de quem tem e exerce a autoridade, contanto que não se oponham à justiça, e realiza com prontidão o decidido, atuando com empenho para interpretar fielmente a vontade de quem manda. A EDUCAÇÃO DA OBEDIÊNCIA 1. Consigo que as crianças obedeçam como consequência de haver-lhes mandado bem. (Quando são pequenos se trata de exigir-lhes no fazer, mandando uma coisa de cada vez. Quando vão crescendo, haverá que dar explicações). 2. Ensino às crianças a reconhecer as diferentes autoridades que devem obedecer. (As autoridades são variadas. Por exemplo: os pais, os professores, os guardas de trânsito, um irmão mais velho na ausência dos pais, etc.). 3. Tento dar uma informação muito clara aos pequenos com o fim de que saibam exatamente o que têm que fazer. (Entre as muitas coisas que "explicam" a desobediência, está o fato de as crianças realmente não saberem o que esperamos delas. Se trata de dar esta informação concreta e clara, e mandar uma coisa de cada vez). 4. Com os filhos/alunos a partir dos dez anos, tento explicar alguns dos motivos que existem para cumprir com o mandato. (Se trata de evitar um cumprimento rotineiro sem pensar nos desejos reais da autoridade). 5. Raciocino com os adolescentes para que não tentem buscar desculpas ou passar a responsabilidade de cumprir a outra pessoa. (É bom reconhecer que muitas coisas que mandamos aos adolescentes não são agradáveis e que lhes custa um esforço importante cumprir. Ordenar o dormitório pode parecer muito importante para a mãe de família e, em troca, não tem nenhuma importância para algum filho). 6. Explico aos adolescentes a falta de justiça que supõe dizer que vamos cumprir e, a seguir, não cumprir. (Esta atuação é especialmente prejudicial, já que dois erros: o não cumprir, mas, também, falsificar a situação de tal maneira que não é possível buscar outra solução). 7. Explico aos jovens o que significa a responsabilidade pessoal, de tal maneira que se não vai cumprir, sabe que deve indicá-lo à autoridade competente. (Sobretudo se trata de evitar que vão se formando grupos de pressão para defenderem-se mutuamente). 8. Ajudo aos jovens a reconhecer às pessoas que, de fato, estão obedecendo. (Mesmo que digam que a obediência vai contra sua liberdade, estarão obedecendo ao treinador ou à turma, ou ao líder de uma manifestação popular). 9. Tento não insistir em condutas secundárias, com o fim de poder colocar maior empenho nos temas de especial relevância para a idade correspondente. (Seguramente se tratará de buscar obediência naquelas coisas que podem produzir um excesso de perigo físico ou moral em primeiro lugar). 10. Se tenho que utilizar castigos em algum momento, tento conseguir que sejam o mais educativos possível. (Neste sentido o castigo físico costuma ser interpretado como vingança por parte dos filhos, e o mesmo ocorre com castigos do tipo: "duas semanas sem sair de casa", ou "uma semana sem tevê"; ou 'lhe cortaremos a mesada semanal': Ou seja, se trata de raciocinar, explicar ou insistir com firmeza. Haveria que evitar a violência física ou verbal). A MANEIRA PESSOAL DE VIVER A OBEDIÊNCIA 11. Entendo que é necessário contar com autoridades e portanto é necessário obedecer durante toda a vida. (Isto ficará claro se reconhecemos que se trata de obedecer em todas aquelas coisas em que não somos autoridades nós mesmos. Também, se reconhecemos que uma autoridade é uma pessoa que defende e protege competentemente valores que outros compartilham). 12. Aceito as decisões que tomam as autoridades que influem sobre mim contanto que não vão contra a justiça. (A obediência é relacional. Se reconheço que existe uma pessoa que tem uma função especial de cuidar de algum valor que eu aceito, o melhor que posso fazer é obedecer - no trabalho, em uma associação, em uma paróquia ). 13. Tento interpretar a vontade de quem manda. (A obediência real não é simplesmente cumprir ao pé da letra a lei ou o mandato. Também significa captar o sentido do que foi mandado com o fim de realizar a ação com a máxima qualidade). 14. Quando recebo uma ordem tento cumprir com a máxima prontidão sem buscar desculpas para adiar o assunto. (É fácil inventar motivos para não cumprir com aqueles mandatos que custam um especial esforço, ou que são desagradáveis. Se trata de tentar detectar aqueles momentos em que tendemos a auto-enganar-nos). 15. Tento cumprir com o que as autoridades me mandam assumindo o mandato positivamente em meu interior. (É uma obediência muito pobre aquela onde se cumpre exteriormente mas com uma rebeldia interior). 16. Tento obedecer a todas aquelas pessoas que têm autoridade real sobre mim. (É fácil terminar obedecendo apenas àquelas pessoas com quem nos simpatizamos, que nos são simpáticas). 17. Reconheço que as pessoas que têm autoridade em função de valores materiais, a perdem quando deixam de ser competentes. (Seria insensato obedecer a um motorista que se mostra mau condutor ou a uma pessoa que não frequenta a montanha quanto às medidas de segurança ao se fazer uma escalada). 18. Reflito sobre os valores imateriais que quero viver, e a seguir, busco autoridades para ajudar-me no caminho. (Sempre necessitaremos recorrer a alguma pessoa competente, com o fim de melhorar em nossa vida de fé, em questões de apreciação cultural ou em como viver nossas relações com os demais adequadamente). 19. Me dou conta de que em uma sociedade permissiva quase o único valor é o bem estar material e, portanto, outros valores tendem a ser ridicularizados. (Certamente esta é uma das causas mais relevantes da pouca atenção e aceitação que recebe a obediência na atualidade). 20. Entendo que obedecer à autoridade legítima é tanto como obedecer a Deus, contanto que não se oponha à justiça e à verdade. (O fato de obedecer às autoridades depende em grande medida de que saibamos localizar às autênticas autoridades). Como proceder à auto-avaliação No texto encontram-se uma série de afirmações para reflexão, divididas em duas partes: 1) o grau em que se está vivendo a virtude pessoalmente . 2) o grau em que se está educando aos alunos ou aos filhos na mesma virtude. Com respeito a cada afirmação, situe a conduta e o esforço próprio de acordo com a escala: 5. Estou totalmente de acordo com a afirmação. Reflete minha situação pessoal. 4. A afirmação reflete minha situação em grande parte mas com alguma reserva. 3. A afirmação reflete minha situação em parte: Penso "em parte sim e em parte não". 2. A afirmação realmente não reflete minha situação ainda que seja possível que haja algo. 1. Não creio que a afirmação reflete minha situação pessoal em nada. Não me identifico com ela. Podem-se comentar as reflexões próprias com o cônjuge ou com algum companheiro e assim chegar a estabelecer possíveis aspectos prioritários de atenção no desenvolvimento da virtude a título pessoal ou com respeito à educação dos filhos ou dos alunos. É provável que se descubram muitas possibilidades de melhoria, mas trata-se de selecionar nada mais que uma ou duas, com a finalidade de tentar conseguir a melhora desejada. As reflexões apresentadas não esgotam o tema, mas dão um ponto de partida para uma auto-avaliação. Extraído do livro "Auto-avaliação das virtudes humanas", de David Isaacs.
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