segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O amor conjugal



A simples amizade com outro, por muito profunda que seja, não significa que uma pessoa lhe entregue toda a sua pessoa e a sua vida, a sua alma e o seu corpo. Essa é a diferença entre a amizade e o amor conjugal entre homem e mulher. A própria estrutura corporal e dos sexos expressa essa mútua referência: o homem está capacitado, na alma e no corpo, para entregar-se inteiramente a uma mulher, e vice-versa.
Há três níveis que constituem o amor entre o homem e a mulher:
-A atracção física: é o nível mais elementar, está sempre presente e é comum à natureza animal. Isto só não basta para fundamentar o amor humano de verdade. Neste nível, o outro pode ser também considerado como um simples objecto do apetite sexual. Mais do que amar, isso seria usar o outro, como se fosse uma coisa.
-O enamoramento afectivo: é uma sintonia entre as maneiras de ser das duas pessoas, que faz com que gostem muito de estar juntos, que gostem de conhecer os detalhes da vida do outro, etc. É já algo tipicamente humano. É o começo do amor, ainda que não baste para um amor autêntico. O enamoramento é um fenómeno espontâneo, não voluntário. Uma pessoa não decide friamente enamorar-se de outra; uma pessoa, sem saber como, encontra-se enamorada. E esse enamoramento deve-se aos aspectos positivos e agradáveis do outro; não tem em conta os seus defeitos. Também pode suceder que uma pessoa goste mais do simples facto de “estar enamorado” – porque produz uma sensação de entusiasmo – do que da própria pessoa de quem se enamora. Nesse caso o enamoramento estaria misturado com egoísmo. Não seria verdadeiro amor. Para ser estável, o enamoramento tem que passar ao terceiro e último nível.
- O amor conjugal: é muito mais que o enamoramento. Não é só um processo espontâneo, mas transforma-se numa atitude voluntária, livremente assumida. O amor que surgiu sem intervenção da vontade converte-se numa decisão livremente assumida de entregar-se ao outro, amando-o tal e como é e como será, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença. Porque aceita a pessoa inteira, não apenas com as coisas boas que o enamoram, mas também com os defeitos que lhe desagradam. E aceita-a como alguém que vai compartilhar e condicionar toda a sua vida. Ama-a não por ser assim ou de outra forma, mas por si própria, a ela, sem mais, para sempre. E entrega-se todo, entrega-se a si próprio, coração, corpo e vida inteira.
Estes três níveis integram-se perfeitamente entre si. O amor conjugal apoia-se nos outros dois níveis anteriores e supera-os. Por isso, os outros dois estão feitos para poderem expressar e realizar essa entrega total da pessoa. Isto nota-se, por exemplo, por o enamoramento afectivo e a excitação corporal tenderem a absorver totalmente a pessoa, pois estão feitos para poderem exprimir a entrega total do próprio eu.
A própria dinâmica física do sexo, que enlouquece e está feita para chegar ao fim, mostra que é uma expressão adequada desse amor espiritual que se entrega de todo, até ao fim. De quem está apaixonado a sério, diz-se que está louco de amor. A loucura da carne está feita para poder exprimir e realizar essa loucura do espírito.
O amor é o sentimento mais íntimo e o maior que tem a pessoa humana, o que a absorve por inteiro. Por isso, o prazer que se obtém da sua expressão corporal no acto conjugal é o maior dos prazeres corporais e o que mais absorve. O mesmo acontece com o entusiasmo que provoca o enamoramento afectivo, que tira uma pessoa de si mesma, para a fazer viver no outro.
A alegria e a felicidade da mútua entrega das duas pessoas apoia-se e une-se ao prazer da afectividade e do corpo. Quando os três se unem, que é o previsto pela natureza, é possível alcançar o grau maior de alegria e de prazer. Mas, se se procurar, por exemplo, só o prazer físico, então o próprio prazer diminui. E não satisfaz. Sabe a muito pouco, porque, na realidade, é só uma parte, e a parte mais pequena, da alegria da entrega com alma e corpo, que só é possível na entrega total do casal.



(Mikel Gotzon Santamaría Garai, in Saber Amar com o Corpo)








Castigar as crianças?

As crianças devem ir aprendendo desde pequenas a distinguir o que está bem do que está mal, para o que lhes vamos oferecendo formas de conduta a imitar. A nossa aprovação ou reprovação ante uma conduta, manifestá-la-emos mediante sinais positivos ou negativos, conforme o caso.
Em princípio, considera-se que a norma geral aponta para uma atitude positiva, já que todos os seres humanos necessitam de recompensa por parte dos seres mais queridos. Isto não significa que a demonstração de aprovação tenha de ser necessariamente um prémio material.
Em geral, é muito mais gratificante e motivador para uma criança um sorriso ou um simples “estou orgulhosa de ti por…”
Não obstante, nos casos em que se deva reprovar uma conduta reincidente ou especialmente negativa, pode-se – e por vezes deve-se – recorrer ao castigo. Para estes casos, aconselha-se tomar em consideração os seguintes pontos:
- Castigar imediatamente após o acto a reprovar, para que fique bem clara a relação causa-efeito (má conduta-castigo).
- Que o castigo esteja em proporção com a conduta a corrigir, isto é, que não seja desmedido nem ridículo.
- Recordar que, para as crianças pequenas, o melhor castigo é um tabefe a tempo. Para os mais crescidos, privá-los de algo por eles esperado.
- Deixar a repressão – não o castigo – para quando, tanto pais como filhos, estiverem mais serenos. Isto pode suceder um momento após ou no dia seguinte.
- Por último, aplicar sempre uma regra de ouro: senso comum, moderação e calma. Castigar quando a conduta o mereça, não quando se está cansado ou oprimido.

Acreditar no amor

Chegamos à vida sem tê-lo pedido. Cada um se encontra com uma realidade, não sempre agradável, nem fácil de levar: um país, uma cultura, uma família com umas características, uma identidade, e um projecto de vida pela frente.
Uns antes, outros depois, somos tocados pelo sofrimento, seja físico ou moral.
Apresenta-se de forma imprevista, tem mil rostos diferentes: uma amizade traída, uma doença dolorosa, um fracasso profissional, o próprio carácter difícil de ultrapassar… Mas não há sofrimento suficientemente grande que consiga arrancar do coração humano o desejo infinito de ser felizes. Por isso, cada dia empreende-se a aventura da vida com a esperança de alcançar um pequeno triunfo.
Somos seres para triunfar. E ainda que experimentemos frequentemente o sabor amargo da derrota, o ser humano ambiciona ganhar. O triunfo é a meta das acções humanas.
Milionários afamados, modelos de beleza, há muitos, e parece ser que cada vez são mais, mas, são todos felizes? Os seus olhares revelam muitas vezes frieza. Se triunfaram, porque é que só sorriem quando os vêm, e na solidão guardam silêncio e evitam o seu próprio olhar?
Conquistaram triunfos vistosos: a fama, o poder, o dinheiro… Mas essas coisas, assim como são vistosas, também deixam vazia a vida, e a alma seca. Isso é tudo na vida?
Se estamos feitos para triunfar, qual é realmente o Triunfo, com maiúsculas, que todos ambicionamos? A felicidade é a recompensa esperada, e o caminho que a ela conduz é o mesmo para todos: aprender a amar e ser amados.
Não busquemos três patas ao gato. Caminhos há muitos, mas só um nos faz felizes. O amor, fundamentalmente, exercita-se quando se luta para que seja o outro quem triunfa. Então… também ganho eu. No esquema oposto a qualquer dialéctica barata. Ganhamos ambos, se eu te ajudo a ganhar, inclusive mais e melhor que eu.
A nossa sociedade necessita recuperar a fé no amor. De tanto vendermos uniões passageiras, divórcio, a eliminação do que estorva, a sexualidade fechada à vida, o prazer como meta da existência, a violência como meio de imposição… os homens e mulheres do nosso tempo estão a deixar de acreditar que o amor existe, que a fidelidade é possível, que ganha mais quem mais ama.
Triunfa-se na vida quando se ama. Temos que acreditar no amor para não morrermos de tristeza. Todos temos asas de águia para voar muito alto, ainda que nos façam crer que somos galinhas de capoeira. O voo empreende-se quando se aposta no bem do outro.
Não são necessários actos heróicos, mas sim tornar heróico o quotidiano, concretamente amando. Ceder um assento no autocarro a alguém mais cansado que eu, sorrir ao dar os bons dias cada manhã no escritório, escutar com atenção quem me conta os seus problemas, convidar para um café a quem tem frio, ou oferecer com agrado o próprio tempo aos seres queridos, para fazer… o que eles quiserem.
Amar não é complicado. Está ao alcance de todos. Os meios de comunicação não falam de toda a realidade, mas existe muito amor no mundo, ainda que não se venda como noticia sensacionalista. Há casais apaixonados depois de 60 anos juntos, homens que apoiam a sua mulher na sua busca de um bom trabalho profissional, mulheres que elogiam o seu marido quando educa os seus filhos, e filhos que se levantam mais cedo para que os seus pais encontrem o pequeno-almoço preparado.
Às vezes, só é necessário que um comece, para que os demais deixem de viver o esquema de “eu ganho se tu perdes”, e se decidam a escolher o “eu ganho só se tu ganhas”. Quando se ama, ganha-se sempre e ganham todos.
Pode ser que amar não seja rentável economicamente, que produza desgaste físico e emocional, que complique a vida e nos tire tempo, mas dá paz de consciência, faz-nos felizes, permite-nos viver num estado habitual de optimismo, desenha um sorriso sincero nos nossos lábios e ilumina o olhar com um brilho novo.
Um ditado hindu reza: “Tudo o que não se dá, perde-se”. Triunfa na vida, quem derrota o eu, para que ganhe o tu. Triunfa na vida, quem crê no amor, e se atreve a vivê-lo, com todas as suas consequências.
Autor: Nieves García

Tradução, para a Aldeia, de Tânia Santana



Voluntariado – Vale tanto a pena!

O meu encontro com o Voluntariado nunca teve data marcada. Também não resultou do acaso. Surgiu de forma simples, como uma vontade que não se explica, só se sente. Fez crescer a necessidade de aparecer na vida dos outros com um sorriso de esperança.
“Hospital”… Façamos a experiência. Basta proferir a palavra e… bah! os olhares tornam-se sombrios e os sorrisos abandonam de imediato os rostos denunciando a conotação negativa que envolve estes locais. Que ninguém duvide, são sítios onde se encontra uma vasta panóplia de padecimentos, verdadeiras crateras de sofrimento. “Para travar as batalhas contra a doença estão lá os médicos(as), enfermeiros(as) e o restante pessoal…” – é uma frase muito freqüente e proferida por aqueles que conseguem esquecer o assunto logo a seguir à conversa. Eu, porém, dava comigo amiúde, a pensar se não precisaria também de ânimo a alma daquele que não entende, não encaminha e muito menos sabe aceitar o sofrimento do corpo!
Foi neste ponto que conheci o serviço dos Voluntários.
Quando me perguntam o que faço, não sei dizer. Ou respondo “nada, na verdade, não faço nada. Pelo menos nada de importante”. E não minto. Sei que a minha missão passa por coisas pequenas.
Atentemos na realidade das pessoas que ali chegam queixosas e já vergadas com a falta de saúde. Depois pensemos como se sentirão ao serem indiferentemente deitados numa maca, despidos das suas roupas sem qualquer pudor, e despojados dos seus haveres (roupa e pertences são depositados displicentemente num saco preto – igualzinho àquele que usamos para o lixo!)… E se isto não chegar a magoar-nos, então pensemos num exame que se faz e que exige, no mínimo umas duas horas até ditar o resultado, se ninguém aparece, se ninguém fala, o doente sente-se abandonado, esquecido e não raro começa a cogitar possíveis motivos de tanta demora. Se esta pessoa não tiver entrado doente, tem boas perspectivas de sair realmente abalada. Quanto não vale aqui uma presença que devolva a dignidade, um olhar atento, um conforto?
Quem somos nós para exigir que tenhamos todos o mesmo grau de resistência? Quem definiu a medida para o tradicional “ser forte” não nos deu ainda a conhecer a tabela de referências… E se encontramos pessoas pacientes, conformadas, também existem aquelas que se tornam agressivas, e revoltadas perante a mesma situação de dor. Não julgo, acompanho. Não recrimino, tento entender. Às vezes nem falo, sei que o silêncio também é reconfortante.
E a gratificação surge sempre que nos seguram na mão e nos pedem que fiquemos enquanto fazem o exame ou são suturados… Nos olhares ansiosos e meigos que nos oferecem… E no sorriso que nos lançam quando vão embora…
Vale tanto a pena!
Alice Ribeiro









Muito mais simples

Numa altura em que a droga adquire – no nosso país e no mundo – proporções assombrosas, destruindo pessoas e famílias, vale a pena dizer que existe uma solução pequena e fácil, da qual nos temos andado a esquecer.
Quando se verifica o fracasso de todos os meios usados para impedir a proliferação da droga e se experimentam outros, mirabolantes – que muitas vezes não passam de absurdas concessões e de vis desistências -, vale a pena dizer que a solução não se encontra em sistemas de cooperação internacional, em vigilância policial, em complicados processos intelectuais ou em experimentar novos métodos.
O problema da droga – como quase todos os outros – é um problema de educação. Resolve-se nas famílias, resolvendo os problemas das famílias. Não é preciso ir mais longe.
Mas educar, no que diz respeito à droga, não consiste em explicar aos jovens os malefícios dela. Não consiste apenas em preveni-los contra um mal que, vindo de fora, os pode destruir.
É muito diferente disso. E um pouco mais trabalhoso.
Todas as pessoas procuram a felicidade e têm tendência a confundir felicidade com prazer. E todos tendem a conseguir a felicidade com o mínimo de esforço possível.
Acontece que a droga está no final do caminho do prazer fácil. Ainda não se descobriu coisa que dê mais prazer. Quando se vai pela vida correndo de prazer em prazer, sucede que se deseja sempre mais, porque aquilo que se tem nunca é bastante. São precisos prazeres cada vez maiores. E muitos chegam à droga através desse caminho.
Outros chegam lá pela ausência de um sentido para as coisas e para a vida.
Na família pode ensinar-se – principalmente através do exemplo dos pais – que existe uma felicidade que não reside nos prazeres do corpo, mas resulta de um comportamento recto. A felicidade nasce de estar em paz com a consciência; brota do dever cumprido; vem-nos da vitória alcançada sobre nós mesmos, de termos realizado – apesar dos obstáculos interiores e exteriores – coisas boas.
É preciso que os filhos saboreiem muitas vezes todo o prazer que existe em terem terminado com perfeição uma tarefa que quiseram começar ou que lhes foi confiada. Devem ganhar gosto pelo trabalho bem terminado. Compreenderão que o prazer interior que sentem vale bem o esforço que aquilo lhes custou.
E quem diz o trabalho bem terminado diz muitas outras situações atrás das quais se esconde – como um tesouro – a felicidade: dizer a verdade mesmo quando custa muito, dedicar tempo e esforço a uma actividade que só aproveita a outros, tentar que nasça um sorriso em quem está triste, pedir perdão, fazer as pazes…
Tudo coisas “difíceis”…
Se, desde pequenos, se habituarem a procurar a felicidade nessas coisas, que são muitas vezes áridas, não irão procurá-la nos prazeres fáceis. Se, desde sempre, relacionarem felicidade e alegria com esforço, com coisas difíceis, desconfiarão quando os amigalhotes lhes acenarem com um prazer-que-não-custa-esforço.
E, entretanto, terão aprendido o sentido de todas as coisas.
Paulo Geraldo







Prazer e felicidade

“Procurava o prazer, e acabava por o encontrar – conta C. S. Lewis na sua autobiografia – mas depois descobri que o prazer (esse ou qualquer outro) não era aquilo que procurava. E pensava que me estava a enganar, embora não fosse, evidentemente, por questões de ordem moral. Naquela época eu era, neste domínio, o mais imoral que alguém pode ser.”
“A frustração também não consistia em ter encontrado um prazer rasteiro em vez de um elevado.”
“Era o pouco valor da conclusão aquilo que estragava a festa. Os cães tinham perdido o rasto. Tinha capturado a presa errada. Oferecer prazer sexual a quem deseja algo mais elevado, é o mesmo que oferecer uma costeleta de cordeiro a quem morre de sede.”
“Não é que me tivesse afastado da experiência erótica dizendo: isso não! Os meus sentimentos eram: isto está bem! Mas não será que me desviei do verdadeiro objectivo?”
“O verdadeiro desejo desaparecia como que dizendo: Que tem isto a ver comigo?”
Assim descreve C. S. Lewis os seus erros e vacilações no caminho da procura da felicidade. A via do prazer resultara infrutífera. Durante anos seguira uma pista errada. “Ao concluir um templo para o deus do prazer descobri que ele se tinha ido embora.”


A sedução do prazer
enquanto dura,
tende a ocupar todo o espaço
na nossa mente.
Nesses momentos, promete tudo,
como se fosse
o mais importante.
No entanto, depois de ceder a essa sedução descobrimos o logro. Constatamos que não saciou como prometia, que nos voltou a iludir, que oferecia mais do que deu. Andámos próximo do rasto mas voltámos a perdê-lo.
Basta recordar a Literatura Clássica para verificar que essa ansiosa procura do prazer sexual nada tem de original. Na História de povos muito antigos verifica-se que eles próprios esgotaram, na prática, as suas possibilidades neste campo sem terem alcançado resultados muito diferentes. A atracção sexual é indiscutível, certamente, mas o repertório esgota-se cedo por muito que se altere o cenário
 

Prazer e Felicidade

Existem, claramente, notas distintivas entre o prazer e a felicidade:
A felicidade tem vocação de permanência; o prazer não.
O prazer costuma ser fugaz; a felicidade é duradoura.
O prazer afecta um pequeno sector da nossa corporalidade; a felicidade afecta toda a pessoa.
O prazer esgota-se em si mesmo e acaba criando um hábito que faz com que as circunstâncias reduzam ainda mais a própria liberdade. A felicidade não.
Os prazeres, por si só, não garantem qualquer felicidade; necessitam de um fio que os una e lhes dê sentido.
 
As satisfações
momentâneas e invertebradas
desorganizam a vida,
fragmentam-na
e acabam por atomizá-la.
Quevedo insistia na importância de tratar o corpo “não como quem vive por ele – que é atitude de néscio – nem como quem vive para ele – que é delito -; mas como quem não pode viver sem ele. Sustenta-o, veste-o e manda nele, porque seria muito feio que mandasse em ti quem nasceu para te servir.”
Por sua vez, Aristóteles, assegurava que, para fazer o bem, era necessário manter longe as paixões inadequadas ou extemporâneas, visto que, as grandes vitórias morais não se improvisam, antes são fruto de uma multidão de pequenos êxitos obtidos nos pormenores do quotidiano.

 
A felicidade apresenta-se perante nós
com leis próprias
com essa teimosia serena
com que apresenta,
uma e outra vez,
a inquebrantável realidade.



Existe o Prazer?

O prazer e a dor têm um inegável protagonismo na vida de qualquer pessoa, condicionando, de alguma forma, as suas decisões.
Mas nem o prazer nem a dor são maus ou bons por si mesmos.
Efectivamente. Mau é deixar-se vencer pelo prazer ou pela dor.
Mau é agir mal
para desfrutar um prazer ou
evitar uma dor.
Pode-se sentir prazer sem se ser feliz e ser-se feliz no meio da dor. Daí a necessidade – afirmava-o Platão – de se ser educado desde cedo para saber quando e como convém sofrer ou desfrutar, porque, da mesma forma que existem acções nobres e acções indignas, se pode dizer que existem prazeres nobres e prazeres indignos. A adequação da conduta a este critério é objecto da educação moral.
 

O Preço da Renúncia

Muitas são as coisas que o homem deseja, e para alcançar algumas delas tem de renunciar a outras, mesmo que essa renúncia lhe doa. Dizia Aristóteles que não há nada que nos seja sempre agradável.
Qualquer escolha traz consigo uma exclusão. Por isso é importante acertar quando se escolhe, sem excessivo medo à renúncia, uma vez que nem sempre por detrás de qualquer atractivo está a felicidade. Tanto o prazer como a felicidade andam sempre associados à renúncia.
Também a solução não está na supressão de qualquer desejo, porque sem desejos a vida do homem deixaria de ser propriamente humana.. O homem humaniza-se quando aprende a suportar a adversidade, a abster-se daquilo que se pode mas não se deve fazer. Este é o preço que deve pagar a nossa inexorável tendência para a felicidade se quisermos alcançar aquilo que ela nos pode dar nesta vida



Sensato é
deixar-se conduzir pela razão
para não se assustar perante a dor
nem se deixar enganar pelo prazer.
- E não existem demasiadas proibições na ética sexual?
Até aqui não falámos de proibições, mas sim de um modelo e de um estilo de vida positivo.
No entanto, embora a chave da ética não sejam as proibições, não podemos esquecer que qualquer ética pressupõe mandamentos e proibições. Cada proibição guarda e assegura determinados valores, que dessa forma são protegidos e se tornam mais acessíveis.
Essas proibições, se são acertadas, dilatam os espaços de liberdade de valores importantes para o homem. A moral não pode ser vista como uma simples e fria normativa que coarcta; e muito menos como um código de pecados e obrigações.
 
As exigências da moral
dão vigor à pessoa, impelem-na
para o seu pleno desenvolvimento,
para a sua mais autêntica liberdade
 
(Alfonso Aguilló) – Tradução, para a Aldeia, de António Faure



Da mesma forma que preservar a saúde exige um certo esforço, mas é graças a ele que nos sentimos bem, a castidade fortalece o íntimo do homem, proporcionando-lhe uma profunda satisfação. Quando não se cede ao egoísmo sexual alcança-se uma maior maturidade no amor, no qual a castidade sublima a intensidade dos sentimentos. Surge uma transparência luminosa no olhar e uma alegria radiante no rosto que conferem um atractivo especial.

Razões para sorrir




“Como é que consegue estar sempre sorrindo, o que faz para estar sempre tão contente?”, perguntaram não há muito tempo a uma mulher famosa e bastante sensata.
E ela explicou que também tinha, como todo a gente, os seus momentos de tristeza, de cansaço, de inquietude, de mal-estar.
“Mas conheço o remédio para esses momentos: sair de mim mesma, interessar-me pelos demais, compreender que aqueles que nos rodeiam têm o direito de nos ver alegres”.
“Penso que quando sorrio e me mostro alegre passo felicidade aos demais. E, ao passar essa felicidade, acontece como que um reflexo, que traz mais felicidade para dentro de mim também”.
Creio que quem não está sempre somente preocupado com sua própria felicidade e se dedica a ajudar na procura da felicidade dos outros, acaba por encontrar a sua própria, assim, quase sem se dar conta!
Por isso, as pessoas que se esforçam por sorrir mesmo sem motivos, acabam por ter motivos para sorrir.
- E isso não é vontade de se enganar a si mesmo? Para sorrir você deve alcançar um estado tal que a alegria possa invadir o seu coração. Caso contrário, isso é como uma máscara, é falso.
O bom humor é uma vitória sobre o próprio medo e a própria debilidade. As pessoas mal humoradas escondem sua insegurança ou sua angústia atrás de um semblante brusco e distante, e com o tempo isso acaba tornando-se um hábito e se converte em um traço de seu carácter. Quando isso acontece, é bem mais difícil que o bom humor saia naturalmente, mas isto só ocorre porque esta pessoa alterou o que é da própria natureza humana, ou seja, a alegria. Desta forma, deverá esta pessoa sair desse círculo vicioso, e isto não será antinatural, muito pelo contrário: é o que pede a natureza.
- Mas falas dos efeitos de medos e debilidades, e medos e debilidades todos temos…
Precisamente por isso, a diferença entre uns e outros está no modo de os enfrentar. O sensato é fazê-lo com um pouco de bom humor, rindo-se um pouco de si mesmo se for necessário.
Tudo o que se faz sorrindo sempre nos ajuda a sermos mais humanos, a moderar as nossas tendências, a sermos mais capazes de compreender os demais e até a nós mesmos.
É uma grande sorte ter ao redor pessoas que sabem sorrir.
E o sorriso é algo que cada um tem que construir pacientemente na sua vida.
- Construir? Com quê?
Com equilíbrio interior, aceitando a realidade da vida, querendo aos demais, saindo de si mesmo, esforçando se por sorrir mesmo que não tenha muita vontade como já dissemos antes. É algo que deve ser praticado com constância.
- Mas não se pode encarar tudo na vida com bom humor. Existem muitas coisas que não têm nenhuma graça…
Mas, mesmo que não tenham nenhuma graça, sempre se pode tirar delas algum ensinamento, algum bem, mesmo que seja difícil de encontrar e demoremos anos para entender. Em algumas situações, pode ser útil desenvolver a capacidade de aplicar o bom humor para neutralizar a carga trágica das contrariedades.
(Alfonso Alguiló)
Tradução: Victohria Patricia



A importância do sorriso

O sorriso não é o mesmo que o riso. Separa-os um fosso tão grande como o que separa as lágrimas silenciosas, diante de um desgosto, dos gritos histéricos e lancinantes de quem não sabe dominar-se. Bergson escreveu: “O riso é algo que irrompe num estrondo e vai retumbando como o trovão na montanha, num eco que, no entanto, não chega ao infinito”. O sorriso, pelo contrário é silencioso como chuva mansa que cai e fertiliza a terra ou como brisa suave que acaricia e refresca o rosto. Enquanto o riso é extroversão, o sorriso desvenda delicadamente o interior de quem sorri.
O poder do sorriso é grande, e saber sorrir é algo de muito importante. Antoine de Saint-Exupéry diz: “No momento em que sorrimos para alguém, descobrimo-lo como pessoa, e a resposta do seu sorriso quer dizer que nós também somos pessoa para ele”.


O sorriso traduz, geralmente, um estado de alma; é um convite a entrar na intimidade de alguém, a participar do que lhe vai no íntimo. É por isso que o homem é o único animal que sorri; e, como é dotado de inteligência e vontade, pode sorrir quando tudo vai bem ou sorrir mesmo que as coisas corram menos bem – tudo se resume na harmonia interior.


O sorriso é o que primeiro acontece quando um rapaz e uma rapariga se olham e se enamoram. Não sabem explicar por que se enamoram, mas é-lhes impossível deixar de sorrir um para o outro, num sorriso cúmplice de quem não precisa de palavras para dizer o que sente. Se o enamoramento continua vem a fase em que, juntos, acham graça a tudo, sem prestarem atenção a nada do que os rodeia. Então, por vezes o seu sorriso muda-se em riso estrondoso, mas cristalino manifestando toda a força da sua juventude. Se o enamoramento leva ao namoro e este ao amor que conduz ao casamento estável, então saber sorrir é fundamental para vencer o desgaste da rotina do dia a dia e para evitar o afastamento de dois seres que, vivendo muito perto, estão interiormente afastados – não estão em sintonia.




É pois muito importante saber sorrir. Um sorriso pode dissipar uma angústia, se for simpático, ou aumentá-la se for sarcástico; pode estimular um trabalho, se for de aprovação, ou desanimar quem trabalha se for cínico; pode criar uma amizade, se for sincero e transparente, ou um afastamento se for hipócrita; pode humilhar de modo irreversível se não for autêntico e espontâneo.


O sorriso pode ser um grande auxiliar na educação. Não o sorriso que pactua com a asneira, mas o sorriso que acompanha uma repreensão justa e que mostra ao visado que, apesar da dureza e firmeza da repreensão, há amizade e compreensão.


Sorrir, porém, pode ser uma tarefa difícil. A dor e o cansaço tornam, por vezes, o sorrir muito árduo. Se há fortaleza interior então há sorriso, mas dorido. Perguntaram um dia a uma doente em grande sofrimento: “Como te sentes?”. A resposta foi desconcertante: com um sorriso-dorido respondeu: “dói-me tudo”.


Mas como anda desvirtuado o sorriso! Será que podemos chamar sorriso o que vemos no rosto dos que assinam os “tratados de paz e cooperação”? Não, o que vemos não passa de um esgar.


E termino com uma frase que vinha num calendário de bolso que me deram: “Não critique, ajude; não grite, converse; não acuse, ampare e… não se irrite, sorria”.



(Maria Fernanda Barroca)







SORRISO


É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada.
William Shakespeare

Quem quiser vencer na vida deve fazer como os seus sábios: mesmo com a alma partida, ter um sorriso nos lábios.
Dinamor

Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios.
Martin Luther King

O sorriso enriquece os recebedores sem empobrecer os doadores.
Mário Quintana

A música é capaz de reproduzir, em sua forma real, a dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria.
Ludwig van Beethoven

A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração.
Madre Teresa de Calcutá

O sorriso que ofereceres, a ti voltará outra vez.
Abílio Guerra Junqueiro

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!

Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!
Arnaldo Jabor

A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você.
Ralph Waldo Emerson

Creio no riso e nas lágrimas como antídotos contra o ódio e o terror.
Charles Chaplin

Não preciso me drogar para ser um gênio;
Não preciso ser um gênio para ser humano;
Mas preciso do seu sorriso para ser feliz.
Charles Chaplin

Um dia sem rir é um dia desperdiçado.
Charles Chaplin

Que sua colheita seja abundante e eterna e o sorriso da felicidade e do sucesso enfeite os seus lábios.
Lauro Trevisan

Um suspiro é uma censura ao presente e um sorriso ao passado.
Madame Émile Girardin

Andrea Doria
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente
Quase parecendo te ferir...
Não queria te ver assim
Quero a tua força
Como era antes
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada...


[...]
Renato Russo

Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Arnaldo Jabor

Dá me um olhar
Que eu lhe darei um motivo...
Dá me um sorriso
Que eu lhe darei uma razão...
Dá me seu lábio
Que eu lhe darei um beijo...
Dá me um ouvido
Que eu lhe darei uma voz...
Dá me seu passo
Que eu lhe darei meu futuro...
Dá me um sim
Que eu lhe farei feliz
Olavio Roberto

Se alguém está tão cansado que não possa te dar um sorriso, deixa-lhe o teu.
Provérbio Chinês

O sorriso do irreparável gelou-me de novo. E eu compreendi que não podia suportar a idéia de nunca mais escutar esse sorriso. Ele era para mim como uma fonte no deserto.
Sant-Exupery

Vida,
Viver é expressar todos os dias um sorriso de calma. É se apresentar nesse pequenino palco que é a terra. É buscar do público fiel (sua alma) aplausos por estar vivo. Atue com perseverança, se arrisque, ame, viva, pois somos o produto de nossas ações e de nosso comportamento.
Augusto Vicente

Oferecer um sorriso torna feliz o coração.
Enriquece quem o recebe sem empobrecer quem o doa.
Dura somente um instante, mas sua lembrança permanece por longo tempo.
Ninguém é tão rico a ponto de dispensá-lo, nem tão pobre que não possa doá-lo.
O sorriso gera alegria na família, dá sustento no trabalho e é sinal tangível de amizade.
Um sorriso dá consolo a quem está cansado, renova a coragem nas
provações e é remédio na tristeza.
E se um dia você encontrar que não lhe oferece um sorriso, seja generoso e ofereça-lhe o seu:
Ninguém tem tanta necessidade de um sorriso quanto aquele que não sabe dar.

O teu sorriso tem a cor do infinito
Cor de vida, amor, ouro, sol e grito
Que os meus olhos têm querido
O teu sorriso é o farol dos navegantes
Que ilumina o caminho que antes
Era escuro sem sentido
O Teu sorriso tem escondido um sorriso de criança
Terno e doce que nos mata de amor e prende
E por mais que seja nunca nos cansa
O teu sorriso é a fé dos homens sem sorte
A força de viver que enfrenta a morte
Que no teu rosto se esconde nos namora e nos dá esperança
O teu sorriso tem o sabor do primeiro beijo
Novo e quente que nos descobre o desejo
E nos ensina sem palavras a amar
O teu sorriso é um sopro que se torna em vento
Que quando se levanta torna o momento
Tão único que dá vontade de o agarrar
E de nunca mais o largar...

Sorrir custa pouco mas rende muito.
Retribua o sorriso que receber.
Corresponda na mesma altura.
Mostre como é o seu sorriso.
Dois sorrisos juntos aumentam a alegria do momento.
Retribuir ao sorriso é um ato de respeito e de amor.
Talvez quem lhe sorri esteja necessitado de
sentir o calor do sorriso que só você tem.
Sorrir custa pouco mas rende muito.
Pode acabar com a sua tristeza.
Sorria. Siga o impulso.
Desperte esta vontade.
Sorrir faz bem à saúde e à paz interior.
Revitaliza suas forças.
Sorrindo para alguém, você está sorrindo para Deus.