Quem hoje consegue viver sem um computador? Hoje ele é tão pessoal que tomou o lugar do velho diário...Para trabalho, passatempo, comunicação com o mundo todo...enfim, hoje todos passamos muitas horas na frente do computador e o que mais se ouve é: “...fico tanto tempo na frente do computador que só percebo quando começa a doer meu pescoço”, “sempre que fico muito tempo sentado em frente ao computador começa a doer minha lombar” e por ai vai...
Não podemos mais nos livrar dele, então como manter uma postura correta para utilizar o computador?
• O computador deve estar na sua frente, com o monitor na altura dos olhos;
• Estique seus braços e coloque o monitor no comprimento dos seus braços;
• Cadeira com encosto para coluna (sempre sentar em cima dos ísquios, que são ossinhos que você tem embaixo do glúteo, coloque a mão embaixo dos seus glúteos que você irá senti-los);
• Utilizar uma cadeira com apoio para os braços sem que eles elevem seus ombros e manter ± 90º de flexão de cotovelo;
• 90º de flexão de quadril;
• 90º de flexão de joelhos;
• Pés apoiados no chão, caso sua cadeira seja alta utilize um apoio para os pé;.
• Evite os mouses muito pequenos, utilize os que se acomodam ao formato da sua mão.
O notebook atualmente é muito utilizado, se esse for seu caso, adapte com um mouse e teclado externo.
Mesmo com essas mudanças, é importante sempre se levantar para movimentar o corpo.
Osteoporose é uma doença que afeta principalmente mulheres na pós-menopausa caracterizada por uma fragilidade nos ossos.
10 milhões de brasileiros sofrem de osteoporose. Três em cada quatro doentes são do sexo feminino. Uma em cada três mulheres com mais de 50 anos tem a doença. 75% dos diagnósticos são feitos somente após a primeira fratura. 2,4 milhões de fraturas decorrentes da osteoporose ocorrem anualmente no Brasil. 200.000 é o número de pessoas morrem todos os anos no Brasil em decorrência desstas fraturas. (Revista Veja - 30 de janeiro de 2008)
Na menopausa a ausência do hormônio feminino faz com que os ossos percam massa óssea e cálcio e fiquem porosos como uma esponja.
Esta fraqueza dos ossos expõe a mulher a riscos maiores de fraturas tanto por quedas como espontâneas.
Os locais mais afetados são a coluna, o colo do fêmur, e o pulso.
Destas fraturas, a mais perigosa é a do colo do fêmur. É também por causa da osteoporose que as mulheres perdem altura com a idade.
Dr. Sérgio dos Passos Ramos
Diagnóstico da Osteoporose
Exames de densitometria óssea podem predizer o risco de fratura.
O método mais difundido para o diagnóstico da osteoporose é a densitometria óssea. Existem outros exames que podem diagnosticar perda de massa óssea em relação ao adulto jovem.
É importante a pesquisa de fatores de risco para a osteoporose:
• Raça branca.
• Histórico familiar de osteoporose.
• Vida sedentária (falta de exercícios).
• Baixa ingestão de cálcio e/ou vitamina D.
• Período da menopausa.
• Fumo ou bebidas alcoólicas em excesso.
• Pessoa magra e/ou frágil.
• Fratura espontânea prévia.
• Medicamentos, tais como anticonvulsivantes, hormônio tireoideano, glicorticoides e heparina.
• Doenças de base, tais como hepatopatia crônica, doença de Cushing, diabetes melito, hiperparatireoidismo, linfoma, leucemia, má-absorção, gastrectomia, doenças nutricionais, mieloma, artrite reumatoide e sarcoidose.
Dr. Sérgio dos Passos Ramos
Tratamento da Osteoporose
Terapia hormonal, cálcio, vitamina D, exercícios apropriados, exposição ao sol e, em alguns casos, medicações específicas são importantes para manter a massa óssea e tratar a osteoporose na pós-menopausa.
Atualmente, nos Estados Unidos, a terapia hormonal, o alendronato, risedronato, ibandronato e raloxifeno são aprovados pela US Food and Drug Administration (FDA) para a prevenção e tratamento da osteoporose pós-menopausa. Recentemente mais um medicamento foi aprovado, a teriparatida.
A calcitonina é aprovada somente para o tratamento.
Mas o mais importante é o acompanhamento médico.
Na osteoporose instalada, é importante que sejam adotadas medidas simples para se evitar quedas, tais como retirar tapetes, disposição adequada de móveis, evitar o uso indiscriminado de tranquilizantes.
Hoje em dia está nascendo uma nova arquitetura para pessoas da terceira idade que evita a queda e o esforço em demasia, respeitando as características dessa população que, em breve, será a maioria.
Outro fator importante na terapia da osteoporose é a introdução de exercícios adequados e a exposição ao sol como terapia adjuvante. Não se deve proibir o portador de osteoporose de andar, caminhar, tomar sol pelo medo da fratura, mas adequar sua vida e reduzir seus riscos.
Dr. Sérgio dos Passos Ramos
Fontes de Cálcio nos Alimentos
Confira a quantidade de cálcio nos alimentos:
Alimento
Porção
Quantidade de cálcio
Produtos lácteos
Leite
1 xícara
292 mg
Iogurte
1 xícara
415 mg
Queijo cottage
1 xícara
138 mg
Queijo em geral
28 grs
174 mg
Vegetais
Espinafre (cozido)
1 xícara
245 mg
Brócolis (cozido)
1 xícara
78 mg
Peixe
Sardinha (enlatada)
100 g
379 mg
Salmão (enlatado)
100 g
237 mg
Tofu
Firme
1 xícara
516 mg
Regular
1 xícara
260 mg
Fonte: Harvard Men’s Health Watch (tradução do autor)
Volume 13 — Number 5 — December 2008
A felicidade sempre esteve ao lado de Luza Almeida Andrade. E com certeza, é uma boa companhia. Aos 74 anos, ela transmite uma alegria radiante. Sua vida é regada de passeios, verdadeiras amizades, fortes laços familiares, trabalho e muitos eventos: "Amo festas. Nestas ocasiões, as pessoas estão bem-humoradas, bonitas, perfumadas e conversando sobre coisas boas." Casada há 53 anos com Olavo, Luza é mãe de Ana Cristina, Eduardo, Fernando e Guilherme. A estreita relação com os netos demonstra a capacidade de se confrontar com diferentes gerações. "Admiro o modo de agir das crianças de hoje, elas são mais verdadeiras, mais abertas." A convivência com Felipe, Tiago, Diogo e Mariana dá força e deixa sua alma alimentada por um longo período. Com este espírito positivo, ela exerce diversas atividades como o artesanato. "O barro é a minha vida. Nasci nele e vou morrer nele. Estando trabalhando com as mãos, estou feliz. E prefiro o serviço minucioso, que não rende e ocupa bastante tempo." E tristezas? "Problema para mim não existe. Se pode ser resolvido, resolvo logo. Se não, resolvido está." Doenças também não a afligem. Nunca sofreu nenhum mal, nem mesmo uma dor de cabeça. Residente em Uberaba, ela quer viver muito e aproveitar cada instante.
Luza é um exemplo para a Terceira Idade. Pessoa que lida bem com ela mesmo, que investe em si e no próximo. Que consegue ver tudo com otimismo. pensamento positivo e auto-estima. Está aberta para a vida e para os novos conhecimentos. A maravilhosa qualidade de vida alcançada sofre influência de outro fator, a independência. Para os gerontólogos, o conceito de saúde está muito ligado ao nível de autonomia. Há muitos tipos de dependências como a financeira, a psicológica e a física. O importante é que a pessoa tome suas próprias decisões e saiba fazer escolhas. A velhice não é involução como se acreditava antigamente, e sim evolução. Agora, para evoluir é preciso participar da sociedade. Ficar no sofá contando casos "do meu tempo" não faz ninguém andar para frente. A adolescência traz saudade. Mas, o tempo que está sendo vivido é o agora.
A informação é uma arma poderosa na busca do modelo ideal. É preciso buscar o maior número de informações sobre esta fase. Não é uma questão de preocupar e sim de se preparar. As pessoas podem e devem traçar planos para ter um envelhecimento bem sucedido. Skinner, conceituado psicólogo americano, acredita que se tornar idoso é como ir morar em outro país. Então antes de se mudar, é essencial conhecer a língua falada, o tipo de comida e os hábitos da nova moradia. Desta forma, a adaptação se torna mais fácil. O importante é enxergar que a Terceira Idade é uma parte do desenvolvimento como outra qualquer. Tem seus aspectos positivos e negativos – esses quase todos conhecem. A experiência, a sabedoria e a tranqüilidade interna podem ser vividas com alegria. Vencer o preconceito pode ser a solução.
Otília Ribeiro perdeu muito da alegria de viver com o falecimento de dois filhos e de seu marido, José. Vitimas de câncer, José foi enterrado em 2001 e Maria, uma de suas filhas, em 2002. A horta, que adorava cuidar, parece ter morrido com sua prole. Também deixou de costurar e ajudar na cozinha. Mas, ela ainda tem diversos motivos para viver. Restam-lhe três filhos, quinze netos, quinze bisnetos e muitas boas lembranças. Talvez seja por isso que não se tornou uma pessoa amarga. Pelo contrário, é doce, simpática e receptiva. Nasceu em Bambuí (MG) e reside em Uberaba, há vários anos, com a filha Odete, o genro Francisco Pavan e o neto Fabiano. É extremamente bem tratada e querida na casa. Sofre de pressão alta, enxaqueca e acredita ser afetada pelos "males da velhice". Aparentemente, está bem e forte aos 85 anos. Apesar de quase não sair, Otília tem muito o que ensinar para a sociedade.
Para se viver bem em qualquer idade, o modo de encarar a vida é outro fator primordial. Sumaya, que também é Mestre em Psicologia e Gerontologia pela Universidade de São Paulo, afirma que certas pessoas decidem serem felizes. Não se trata de estar alegre momentaneamente e sim de estar bem, independente de qualquer situação. Estão dispostas a encarar o problema como um desafio e tentar resolvê-lo na medida do possível. Vários estudos mostram que o otimismo e o pensamento positivo influenciam na qualidade de vida e ajudam na superação de dificuldades. Uma teoria americana – denominada locus – analisa o modo que o indivíduo age. Alguns consideram que o controle do equilíbrio está no mundo, fora deles. Isso significa que se as situações externas não forem favoráveis, não estarão bem. Há também os que colocam neles mesmos e se tornam responsáveis pelo controle e pela satisfação interna.
Especialistas afirmam que viver com otimismo traz longevidade
Maria Fernanda
6 Período de Jornalismo
Grandes ídolos brasileiros, jovens contestadores da década de 60 como Gilberto Gil e Caetano Veloso, estão chegando na Terceira Idade. Apesar de assustar muitos de seus contemporâneos, esta constatação confere com a classificação da Organização Mundial de Saúde. De acordo com a OMS, idoso é todo indivíduo com sessenta anos ou mais. Graças aos avanços da medicina, o planeta está envelhecendo. Em 2005, o total de idosos vai superar o de menores de 14 anos e a idade média global, que gira atualmente em torno dos vinte e seis anos, vai chegar aos trinta e seis. Nos países industrializados, as pessoas com mais de sessenta anos já representam 20% da população, índice que deve subir para 33% em 2050.
O Brasil também está ganhando os seus cabelos brancos. Hoje, 10% da população é de idosos. Em 2025, serão 15%. E esta fase pode ser encarada de maneiras bem distintas. Boa parte já sofreu ou ainda convive com doenças como câncer, mal de Alzheimer, hipertensão arterial, arteriosclerose, catarata e a osteoporose. Mas, uma enorme diferença entre estilos de vida pode ser notada mesmo entre os considerados saudáveis. Alguns chegam desanimados e tristes. Outros trabalham, cuidam da forma física e esbanjam vitalidade. O que faz a diferença?
Segundo Sumaya Cristina Silva Figueredo, psicóloga e gerontóloga pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, diversos fatores influenciam na construção de uma velhice saudável. Além dos aspectos conhecidos pela maioria, como a boa alimentação, a prática de exercícios físicos, a genética e a falta de vícios, o controle do nível de stress também é essencial. Isso não quer dizer que precisamos voltar a viver como antigamente. Uma pessoa, que reside em uma cidade muito violenta ou que atravessa um momento limite, é capaz de manter tudo sobre controle. Para isto, ela pode desenvolver fortes recursos internos ou buscar a solução certa na resolução de qualquer problema. Há também o caso de quem não tem sérios motivos para se estressar e está sempre à beira de um "ataque de nervos".
Ao conseguir manter o controle do stress ou porque sempre esteve longe dele, Dinorá Macedo, é um ótimo exemplo de bem-estar na terceira idade. Viveu até os 65 anos na fazenda, onde plantava verdura, criava galinhas, fazia queijo, tecia cobertas e capinava largos terrenos. Naquela época, os remédios eram caseiros como pinga com café para friagem. Hoje, com 75 anos, mora com os filhos Divina, Adão, João e Nair e com o neto Tiago em uma ampla casa no Prata – cidade com cerca de 40.000 habitantes em Minas Gerais. Para ver a filha Aparecida, basta atravessar a rua. A alimentação, que causaria arrepios em qualquer médico, inclui mandioca, carne de porco, batata, ovo e frango caipira. Tudo feito na banha. Quando questiono sobre a saúde, ela diz ter passado por algumas operações que não se lembra mais. Conclui apenas que está muito bem, obrigado. É viúva de Antônio Ferreira e até hoje visita o sogro Américo Ferreira Rosa, um senhor de 102 anos que esbanja bom humor e mora no município rural de Córrego Dantas. Sobre o adeus ao companheiro, Dinorá responde que os problemas ficam "nas mãos de Deus". Sempre gostou de forró e bailes. Atualmente, não perde um capítulo das novelas globais, até mesmo quando está em Uberaba abraçando a filha Maria. Apesar da saudade da fazenda, está em paz com a vida.
Neste caso, a falta física do marido foi superada. Mas, nem sempre isso acontece. As perdas, sejam no organismo ou de entes queridos, são comuns na Terceira Idade e podem ser nocivas à saúde mental. Esquecer as atividades pessoais e viver em função do problema, não vai solucioná-lo. Em alguns casos, o idoso precisa do auxílio de profissionais para aprender a lidar com as constantes mudanças de outra forma.
Agência FAPESP - Por Fábio de Castro - Em 03/02/2010
InvistaAGORA na sua saúde plena, na sua qualidade de vida, não só para viver um presente "nutritivo", "transformador", mas para semear uma longevidade com lucidez e prazer de viver!
Conceição Trucom
A fragilidade em idosos – uma síndrome clínica que se caracteriza por perda de peso involuntária, fadiga, fraqueza, diminuição da velocidade de caminhada e baixa atividade física – atinge a população da cidade de São Paulo precocemente em relação aos países desenvolvidos e, depois dos 75 anos, avança com extrema rapidez.
A conclusão é de um estudo realizado por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) com uma amostra de 689 pessoas com mais de 75 anos na capital paulista. A síndrome, de acordo com a pesquisa, atingia 14,1% do grupo em 2006. Em 2008, apenas dois anos depois, a prevalência já era de mais de 45%.
O trabalho, que teve apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular, está ligado ao Projeto Temático “Saúde, bem-estar e envelhecimento (Sabe-2005) – Estudo longitudinal sobre as condições de vida e saúde dos idosos no município de São Paulo”, coordenado pelos professores Ruy Laurenti e Maria Lúcia Lebrão, ambos do Departamento de Epidemiologia da FSP.
A coordenadora do subprojeto, Yeda Duarte, professora da Escola de Enfermagem (EE) da USP, afirma que até agora, no Brasil, a síndrome de fragilidade não havia sido tema de estudos longitudinais – isto é, que buscam correlações entre variáveis partindo de observações ao longo de um extenso período de tempo.
“A questão da fragilidade tem sido bastante trabalhada em outros países, mas no Brasil estamos apenas começando. No exterior, a prevalência da fragilidade varia entre 7% e 35%, dependendo do país e do desenho do estudo. Nossa pesquisa mostra uma porcentagem bem maior aos 75 anos, o que indica que nossos idosos estão se fragilizando mais cedo”, disse à Agência FAPESP.
Segundo Yeda, não existe um consenso definitivo sobre o que é a fragilidade. O conceito adotado na pesquisa – desenvolvido por Linda Fried, da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos – caracteriza a síndrome a partir de cinco parâmetros: perda involuntária do peso, fadiga, diminuição da velocidade de caminhada, baixa atividade física e perda da força – medida por força de preensão manual.
“A ausência desses parâmetros indica que a pessoa não é frágil. A presença de um ou dois deles caracteriza a condição de pré-fragilidade – e entendemos que esse é o momento para uma intervenção. Três ou mais parâmetros indicam que a pessoa é frágil”, explicou.
O idoso frágil, segundo Yeda, fica mais vulnerável e tende a sofrer com mais efeitos adversos, o que gera um círculo vicioso que o torna mais dependente e mais suscetível a doenças.
“A pessoa nessa faixa etária, em geral, come menos, tem perda do paladar e menos gasto energético. Ela perde peso porque tem menos massa muscular e, com isso, cansa com facilidade e anda muito devagar. Assim, diminui sua atividade física e gasta ainda menos energia, o que a leva a comer menos”, disse.
A fragilidade tem sido um dos três focos principais do Projeto Temático Sabe-2005. Os outros dois são as questões das demências e do envelhecimento ativo, isto é, a promoção da saúde com o objetivo de que a população chegue a idade avançada com melhor qualidade de vida.
“Não adianta trabalhar para que as pessoas vivam mais se não pudermos fazer com que elas envelheçam com qualidade de vida. Por isso achamos fundamental conhecer os fatores determinantes da fragilidade, que é uma condição que leva à dependência e ao sofrimento”, destacou.
Deixados de lado
A partir dos dados de 2006, extraídos do Sabe-2005, os pesquisadores selecionaram uma amostra que representa a população paulistana com mais de 75 anos. O grupo foi acompanhado a cada seis meses por dois anos, entre 2008 e 2009. A visita de 2006 mostrava que o grupo de não-frágeis correspondia a 31% da população. Os pré-frágeis eram 54,9% e os frágeis eram 14,1%.
“Isso mostrava que a maioria da população dessa idade já era pré-frágil. Se a população está se fragilizando antes dos 75 anos, indica que as pessoas terão um período extremamente longo de vida em condição de dependência e incapacidade”, comentou Yeda.
A mesma população foi acompanhada em 2008 pelos pesquisadores. A parcela dos pré-frágeis caiu ligeiramente para 49,1%. Mas houve aumento brutal dos frágeis (45,4%) e queda dos não-frágeis (5,6%).
“É provável que muitos pré-frágeis tenham passado para o grupo dos frágeis. O que verificamos é que, em um período muito curto, o idoso mais longevo passa a precisar de um acompanhamento frequente. Se não houver uma intervenção adequada, ele tem uma tendência à piora extremamente rápida”, disse.
Não é fácil, segundo Yeda, levar um idoso frágil ao serviço de saúde, justamente por conta de sua condição. Com isso, ele é muitas vezes hospitalizado apenas quando já está em estado crítico.
“Sempre ouvimos dizer que o idoso onera o sistema público de saúde. Mas isso acontece porque ele chega em condições muito ruins. Se pudéssemos cuidar para que ele não se tornasse frágil, evitaríamos a ida para a urgência em estado grave, impedindo internações muito longas. Cuidar da fragilidade é fundamental para desonerar o sistema”, explicou.
Entre os idosos frágeis visitados em 2008, uma parcela de 46,9% sofreu quedas, contra 6% dos não-frágeis. Entre os frágeis que caíram, 53,5% foram hospitalizados. Desses, 50% procuraram serviços de urgência.
Do grupo de idosos frágeis, 30,6% mostraram necessidade de um cuidador, pois não conseguiam realizar sozinhos tarefas como comer, tomar banho ou levantar-se de uma cadeira. “Precisamos mudar o paradigma de tratamento da pessoa idosa. Não adianta oferecer apenas hospitais, é preciso mudar a intervenção na direção de oferecer acompanhamento a essa população”, disse Yeda.
A professora da EE-USP conta que a Prefeitura de São Paulo criou um programa de acompanhantes de idosos que indica a direção certa para as políticas públicas. A iniciativa atende 1,5 mil idosos da cidade que moram sozinhos e têm algum grau de dependência física ou mental, oferecendo cuidadores treinados.
“Isso é fundamental, porque essas pessoas ficam em casa, não comem, não andam e se fragilizam cada vez mais. O problema é a escala. Estimamos que existe 1,2 milhão de idosos na cidade de São Paulo e nossa pesquisa mostrou que metade deles é frágil. Esse tipo de programa precisa ser replicado e ampliado”, disse.
Yeda conta que, a partir de agora, o grupo de pesquisa deverá realizar um novo projeto para estudar a fragilidade a partir dos 60 anos. “Como nossos resultados mostraram que a prevalência já é muito alta aos 75 anos, precisamos estudar agora os determinantes da síndrome em uma faixa etária anterior”, disse.
As crianças de Antônio Carlos nascem abençoadas. A expressão nos rostinhos lindos e alegres é de quem parece saber que o futuro reserva quase um século de muitas aventuras. Elas são descendentes de uma geração que vive mais tempo que a maioria dos brasileiros. Gente como Bonifácio, Mônica, Ervino, Nair, Verônica. Pessoas surpreendentes, com tantas histórias e hábitos diferentes que é impossível não ficar encantado. Em comum, a sorte de viver muito e bem, com saúde e lucidez. Os segredos da vida longa dos moradores de Antônio Carlos estão guardados entre belos vales e montanhas. A natureza exuberante é praticamente a mesma da época em que chegaram os primeiros imigrantes alemães, em 1830. Assim como a paisagem, muitos hábitos daquele tempo não desapareceram. O cultivo é um deles. A maioria dos 7,3 mil habitantes nasceu e cresce na roça. São agricultores que vivem em pequenas propriedades, distantes apenas 50 quilômetros do mar, nunca se deixaram seduzir. Eles querem é terra. Juntos, fazem do município o maior produtor de verduras de Santa Catarina. Seu Bonifácio repete o gesto do pai, do avô e do bisavô: ao lado do filho e dos netos, semeia a lavoura. Dona Natália Prim, 79 anos, só há pouco tempo largou a roça, mas cuida da horta. "Tem couve, repolho, milho, temperos e ervas", conta. Trabalho e alimentação saudável sempre fizeram parte da vida deles. E deu certo! Ele tem 84 anos e ela, 79. Estão juntos a 60 e tiveram 17 filhos. Todos os dias, acordam às 5h. Rotina que parece difícil aos nossos olhos. Mas o resultado de tanta luta é um luxo. Um privilégio para poucos: tempo de sobra para contemplar a paisagem e comida sempre fresquinha no fogão a lenha. E dona Natália diz que ainda quer viver cem anos. A especialista Angela Alvarez, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), diz que um dos principais segredos é exatamente esse: ter esperança e projetos. "O trabalho do homem rural persiste porque ele continua cuidando da terra, plantando, contemplando as sementes germinarem, as plantas crescerem. Isso faz com que ele tenha uma perspectiva de viver mais porque tem uma tarefa a cumprir", explica. Uma vez por semana, nos encontros da terceira idade, eles dançam, jogam e tomam café da tarde. Dona Mônica Junckes não perde um encontro. Isso porque, aos 68 anos, quase não tem tempo para nada. Na casa onde mora, ela tem muito o que fazer. "Porque acabou uma coisinha e já tem outra coisa para fazer. E, no final, isso é bom", diz. Da avó, aprendeu a fazer biscoitos. Filhas, amigas e até a neta são chamadas para colocar a mão na massa. Também adora bordar. Aos pés, fitas e linhas coloridas e a netinha Aline. Ela ainda não tem um ano, mas já participa de uma rotina repetida por várias gerações há mais de cem anos. Viúva há 12 anos, dona Mônica perdeu um dos sete filhos. Ela acredita que um dos segredos para quem quer viver muito é aprender a superar dores e tristezas. "Eu sou feliz porque Deus me deu força para isso, e me deu força para aceitar aquilo que veio para mim. Isso é importante na vida", comenta. Dona Nair, 84 anos, perdeu o marido há sete meses e tem o mesmo sentimento. Mora sozinha. O trabalho em casa é puxado e, mesmo assim, ainda tem disposição para sair pelas ruas pedalando como se fosse uma menina. Talvez seja por isso também que os moradores de Antônio Carlos vivam tanto. A expectativa de vida passa dos 77 anos. É a segunda cidade do país em longevidade. "Santa Catarina reúne uma série de qualidades. Tem a menor desigualdade do Brasil e um acúmulo de bem-estar que vem desde a época da colonização. A terra foi mais bem dividida naquele estado. As pessoas ali não só têm acesso a tudo aquilo que faz diferença para viver muito tempo como também mantêm isso ao longo de sua história", avalia o coordenador da pesquisa da ONU, José Carlos Libânio. Antônio Carlos fica a 18 metros do nível do mar. Mas nas montanhas a altitude é de 820 metros. Em muitas delas, há igrejas construídas há mais de cem anos. Um povo que preserva e canta a sua fé. Quem passa pela frente da casa de Verônica Guesser Pauli sempre ouve sua música e seu canto. Ela foi a primeira professora a ensinar português. Na localidade só se falava alemão. Aos 92 anos, ela tem uma memória... Sabe dia, mês e ano de tudo! "Isso é coisa que está fixada e a gente não esquece", diz dona Verônica. Ela desenhou a cidade onde mora tal qual como era entre 1934 e 1935. O trabalho intelectual de dona Verônica não pára. Ela lê em alemão e reza todos os dias. A professora diz que o segredo é "a mão de Deus". "É por causa de Deus que a gente vive", conclui. Passeio? Que nada! É trabalho. Seu Ervino Richartz, 75 anos, nasceu e cresceu em uma casa nas terras que sempre foram da família Richartz. Seu Ervino escolheu vender leite para ganhar a vida. Todos os dias, inclusive sábados e domingos, ele acorda às 4h30min para tirar leite. Uma rotina que já dura 35 anos. E o que impressiona não é a persistência, nem a dificuldade da tarefa. Porque seu Ervino já tem 75 anos e não precisa mais disso para se sustentar. "É útil e eu gosto disso. É o meu trabalho", justifica. Depois de tirar o leite, seu Ervino faz a entrega de bicicleta. Com sol ou com chuva, lá vai ele. "Dá uns 15 quilômetros todo dia", calcula. Tem fôlego de dar inveja. E quando volta, nada de descanso. Mói o pasto e alimenta as vacas. Miné, como é carinhosamente chamado, mora em uma casa confortável, com carro na garagem, junto com a filha mais nova e com a mulher, Renila Richartz, 67 anos. "A gente já pediu para ele descansar, mas ele diz que não pode", conta ela. Dona Renila acha que o trabalho é importante para o marido. "Parece que é saúde para ele", comenta. Saúde que ele tinha quando criança, quando jovem e que tem agora. A mesma dos meninos e meninas que começam um novo tempo em Antônio Carlos.