terça-feira, 11 de agosto de 2009

Poesia de Luís Vaz de Camões

Amor é um fogo que arde sem se ver
Amor é um fogo que arde sem se ver,

É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;

É um andar solitário entre a gente;É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;

É servir a quem vence, o vencedor;É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor

Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?