terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sepé Tiarajú




Sepé Tiaraju, nascido José Tiaraju, provavelmente em 1723 na Redução de São Luiz Gonzaga, era Corregedor da Redução de São Miguel quando Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, de 1750, trocando entre si os Sete Povos das Missões, sob domínio espanhol, pela Colônia do Sacramento, sob domínio lusitano.Sepé é descrito de várias formas por muitos autores, o que nos deixa duvidas e incertezas sobre sua figura, contudo todos os autores aqui citados afirmam ter sido Alferes.Tau Golin, faz questionamentos sobre a figura de Sepé ser histórica ou mítica. Em sua obra cita:(...) curioso seria perguntar os caminhos percorridos pelo nome Tiaraju. Quais as transformações reais que ocorreu e como o próprio nome se livra do sujeito histórico, enquanto cacique sociedade missioneira para servir de axiona em outras situações históricas, sociais e culturais (Golin, 1985: p. 139 )BERNARDI[1], nos conta a respeito de Sepé Tiaraju, um índio catequizado pelos jesuítas, preocupado com a terra, com seus costumes, com a sua gente.No ano do bicentenário da morte de Sepé Tiaraju o Major João Carlos Nobre do Exército, propôs a construção de um monumento em sua homenagem ao líder guaranítico, em São Gabriel, local de sua morte.Tal proposta ocasionou uma polêmica entre os membros do IHGRS(Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul), o primeiro Grupo, anti Sepé, colocou que a história deve ser baseada nos documentos, fatos e não a lendas. Um herói nacional é aquele que se destaca na expansão ou afirmação e na inserção do Rio Grande no império português. Para o segundo grupo, pró-Sepé, a lenda, o folclore podem ser documentos históricos válidos, pois a histórias do Rio Grande começa antes de sua anexação ao império Lusitano. Sepé representaria um caráter heróico por manifestar o seu amor a terra.A primeira argumentação da Comissão é de que Sepé não era português, não podendo ser associado ao patriotismo gaúcho brasileiro. Reagindo contra o Tratado de Madri de 1750, onde defendia a integridade territorial da chamada “Província do Paraguai”, um ultima analise lutava a favor da Coroa Espanhola.Na segunda argumentação, parecer de Othelo Rosa, Moyses Velhinho e Afonso Guerreiro Lima, salientam a mitificação em torno desse herói indígena, que desfigurava a personalidade real, relevante à luz da ciência histórica, e propõem a substituição de sepé por Rafael Bandeira, Fronteiro do Sul. Destituindo assim o heroísmo de sepé vendo Pinto Bandeira situado no solo do rigor cientifico.O Pronunciamento do padre Luís Gonzaga Jaeger, historiador, membro do IHGRS, voto vendido na Comissão de História argumentou: “Não defendeu a terra das missões nem para a Espanha, nem para Portugal, nem para a Companhia de Jesus. Defendeu-a para os seus índios de sua raça, com clara manifestação de sentimento telúrico”.O fato de ser sido morto em combate evidencia do líder guaranítico ter lutado contra português e espanhóis. O historiador transpõe as mártires: “Tiaraju não merece a nossa homenagem porque lutou contra os interesses de Portugal, segundo a Comissão. Pergunto por que interesses se insurgiu Tiradentes e seus denodados conspiradores apenas 35 anos mais tarde?”De acordo com Golin, o complexo das Missões, formado por jesuítas e os guaranis, faziam parte de um projeto geopolítico de ocupação Ibérica da América. A Província jesuíta do Paraguai era o espaço de expansão português, palco de guerras e sabotagens. Sepé ocupava o posto de Alferes de São Miguel, função de policia, cuidava da ordem interna, vistoriava as estâncias até o norte uruguaio e sua sede era o atual município de Bagé.A vida real do cacique Guarani Sepé Tiaraju não passa de lenda. Alferes real do cabildo de São Miguel foi o mais resistente a evacuação dos sete povos aos portugueses. Foi ele quem inflou o levante de São Nicolau, primeira redução a resistir a transmigração para o lado ocidental do Rio Uruguai.Sepé morreu em 07 de fevereiro de 1756 as margens da Sanga da Bica, perto da atual estação rodoviária de São Gabriel.As lendas que aumentaram os feitos de Sepé foram criadas por poetas e trovadores. Em várias versões estas lendas passaram séculos. Manuelitto de Ornellas divulgou a figura do guerreiro quase imbatível e Walter Spalding chegou imagina-lo cantando um hino: “Esta terra tem dono/ e ninguém nô-la tira...”. em 1926, o poeta Mansueto Bernardi deu a tese, que o cacique por ter lutado contra os invasores das missões foi “o primeiro caudilho rio-grandense. A posição oficial do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, de 1955, é a de que Sepé Tiaraju não é “uma expressão dos sentimentos (...) do povo gaúcho, formado ao signo da civilização portuguesa. (HISTÓRIA ILUSTRADA DO RIO GRANDE DO SUL. Zero Hora, 1998, pg 63.)Podemos concluir que, Sepé Tiaraju é uma figura lendária, construída para simbolizar o amor pela terra do povo guaranítico, a bravura, resistência e a desobediência ao Tratado de Madri.Tau Golin questionou os caminhos percorridos por Sepé Tiaraju, apontando para construção de um mito. Mas não faz referências a visão dos guaranis, se os índios o vêem como herói.A lenda diz: Sepé teve bravura ao liderar o levante Guarani, foi um garoto com um sinal na testa com o formato de uma lua, que lhe deu o nome “Facho de Luz” (Sepé).A Sepé é atribuída a famosa frase, redigida em cartas à Coroa de Espanha após a assinatura do Tratado: “Alto lá! Está terra tem dono!”.