sábado, 20 de março de 2010

O coelhinho que não era de Páscoa



Ruth Rocha

Vivinho era um coelhinho. Branco, redondo, fofinho. Todos os dias Vivinho ia à escola com seus irmãos. Aprendia a pular, aprendia a correr... Aprendia qual a melhor couve para se comer. Os coelhinhos foram crescendo, chegou a hora de escolherem uma profissão. Os irmãos de vivinho já tinham resolvido:- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu pai.- Eu vou ser coelho de Páscoa, como o meu avô.- Eu vou ser coelho de Páscoa como meu bisavô.E todos queriam ser coelhos de Páscoa,como o trisavô, o tataravô, como todos os avôs. Só Vivinho não dizia nada.
Os pais perguntavam, os irmãos indagavam:- E você Vivinho, e você?- Bom – dizia Vivinho – eu não sei o que quero ser.Mas sei o que não quero: Ser coelho de Páscoa.O pai de Vivinho se espantou, a mãe se escandalizou e desmaiou:- OOOOOHHHHH!!!Vivinho arranjou uma porção de amigos:O beija-flor Florindo, Julieta a borboleta, e a abelha Melinda.
- Onde é que já se viu coelho brincar com abelha?- Os irmãos de Vivinho diziam.Os pais de Vivinho se aborreciam:- Um coelho tem que ter uma profissão.Onde é que nós vamos parar com essa vadiação?
- Não se preocupem – Vivinho dizia – estou aprendendo uma ótima profissão.- Só se ele está aprendendo a voar – os pais de Vivinho diziam.- Só se ele está aprendendo a zumbir – os irmãos de Vivinho caçoavam.Vivinho sorria e saía, pula, pulando para se encontrar com seus amigos.O tempo passou. A Páscoa estava chegando.Papai e Mamãe Coelho foram comprar os ovos para distribuir.Mas as fábricas tinham muitas encomendas.
Não tinham mais ovinhos para vender.Em todo lugar a resposta era a mesma:- Tudo vendido. Não temos mais nada...O casal Coelho foi a tudo que foi fabrica da floresta.Do seu Antão, do seu João, do seu Simão, do seu Veloso, do seu Matoso,do seu Cardoso, do seu Tônio, do seu Petrônio, seu Sinfrônio.Mas a resposta era sempre a mesma:- Tudo vendido seu Coelho, tudo vendido...
Os dois voltaram pra casa desanimados.- Ora essa. Isso nunca aconteceu...- Não podemos despontar as crianças...- Mas nós já fomos a todas as fábricas. Não tem jeito, não...Os irmãos do coelhinho estavam tristes:- Nossa primeira distribuição... Ai que tristeza no coração!...
Vivinho vinha chegando com Melinda.- Por que não fazemos os ovos nós mesmos?- É que nós não sabemos.
Coelho de Páscoa sabe distribuir ovos. Não sabe fazer!
- Pois eu sei – disse Vivinho- Eu sei.- Será que ele sabe? – disse o Pai?- Ele disse que sabe – disseram os irmãos.- Ele sabe, ele sabe – disse a mãe.- E como você aprendeu? – perguntaram todos.- Com meus amigos. Eu não disse que estava aprendendo uma profissão?Pois eu aprendi a tirar o pólen das flores com Julieta e Florindo.E Melinda é a maior doceira do mundo. Me ensinou a fazer tudo o que é doce...A casa da família Coelho virou uma verdadeira fábrica.Todos ajudavam: Papai Coelho, Mamãe Coelha e os coelhinhos...e os amiguinhos também:florindo o beija-flor, a borboleta Julieta e
a abelha Melinda, a maior doceira do mundo.E era Vivinho quem comandava o trabalho.E quando a Páscoa chegou, estavam todos preparados.As cestas de ovos estavam prontas.
E os pais de Vivinho estavam contentes.A mãe de vivinho disse:- Agora, nosso filho tem uma profissão.E o pai de Vivinho falou:- Cada deve seguir a sua vocação...

A lenda da Páscoa


Perto da casa do menino JESUS, havia uma árvore, onde um passarinho fizera seu ninho e pusera três ovinhos. Todos os dias, Jesus olhava a feliz mamãe PASSARINHO.
Uma bela manhã, Jesus acordou ouvindo o passarinho piar aflito. Que seria?
Aproveitando um descuido do passarinho, a RAPOSA viera e levara os ovinhos.
Jesus ficou triste e começou a chorar.
Nisto, passou um GATO. Viu Jesus chorando e perguntou:
- Por que choras, Jesus?
- Tiraram os ovinhos do passarinho...
- Miau, miau, nada posso fazer - e lá se foi.
Abanando a cauda, chegou um CACHORRINHO.
- Por que choras Jesus?
- Levaram os ovinhos do passarinho...
- Au, au, que pena... - e foi embora.
Então, aos pulinhos, com suas orelhas compridas, apareceu o COELHINHO.
- Por que choras, Jesus?
- Levaram os ovinhos do pobre passarinho...
- Não chore mais, vou procurar os ovinhos!
Foi logo bater na casa da RAPOSA.
- Queres os ovos? Meus filhos já comeram - batendo a porta furiosa.
O COELHO teve uma idéia. Visitou três passarinhos e pediu, a cada um, um ovinho para Jesus. Arrumou os ovos numa CESTINHA e levou-os ao menino Jesus, que enxugou as lágrimas e falou:
- Só você, coelho, teve pena de mim e do passarinho. Pois de agora em diante, como recompensa, levará lindos ovos às crianças e fará isso todos os anos, quando chegar a Páscoa.
E foi assim que o coelhinho ficou encarregado de distribuir ovos às crianças de todo o mundo...

terça-feira, 16 de março de 2010

A IDADE DE SER FELIZ

Existe somente uma idade para ser feliz.
Somente uma época na vida de cada pessoa em que pe possível sonhar e fazer planos.
Ter bastante energia para viver, apesar de todas as dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida, viver alegremente e desfrutar tudo com toda intensidade.Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem, sorrindo, cantando, brincando e dançando.Vestir-se com todas as cores sem preconceito nem pudor.Tempo de entusiasmo e de coragem, em que todo desafio é um convite a lutar com muita disposição de se tentar algo de novo e quantas vezes for preciso.
Essa idade de chama PRESENTE e é tão passageira que tem apenas a duração do instante que passa. Aproveite o máximo cada instante da sua vida, com muita disposição e alegria.
Crie em sua vida motivos suficientes para ser verdadeiramente feliz, seja qual for sua idade!!!

RUBEM ALVES



Se eu fizer os exames vestibulares, não passarei.
E se o novo reitor da UNICAMP fizer os vestibulares, não passará.
Se o Ministro da Educação fizer os vestibulares, não passará.
Se os professores das universidades fizerem os vestibulares, não passarão.
Se os professores dos cursinhos que preparam os alunos para passar nos vestibulares fizerem os vestibulares, não passarão (cada professor só passará na disciplina em que é especialista...).
Se aqueles que preparam as questões para os vestibulares fizerem os vestibulares, não passarão.
Então me digam, por favor: por que é que os jovens adolescentes têm de passar no vestibular?
Os vestibulares são um desperdício de tempo, de dinheiro, de vida e de inteligência.
Passados os exames, a memória (inteligente) se encarrega de esquecer tudo.
A memória não carrega peso inútil. "

Rubem Alves Conversas com quem gosta de Ensinar!
"Não sei como preparar o educador.Talvez poruqe isso não seja possível nem necessário,nem possiível...
É necessário acordá-lo.E aí aprenderemos que educadores não se estinguiram como tropeiros e caixeiros. Poruqe, talvez,nem caixeiros e tropeiros tenham desaparecido,mas permaneçam como memórias de um passado que está mais próximo do nosso futuro que o ontem.
Basta que os chamemos de seu sono,por um ato de amor e coragem. E talve,acordados,repetirão o milagre da instauração de novos mundos."
O PINTASSILGO E AS RÃS - Rubem Alves
Num lugar muito longe daqui, havia um poço fundo, abandonado e escuro que alguém cavara, muitos e muitos anos atrás, não se sabe bem para que. Lá dentro se alojou um bando de rãs. As primeiras a entrar pensaram que aquele era um local bom de se viver, protegido, úmido, gostoso. De um pulo caíam lá dentro. Só que não perceberam que pular no buraco é fácil. O difícil é pular para fora dele. O poço era fundo demais e elas nunca mais puderam sair. Ficaram vivendo lá dentro. Casaram-se; tiveram filhos, multiplicaram-se. As mais velhas ainda se lembravam da beleza do mundo de fora e morriam de saudades. Contavam estórias para seus filhos e netos.-- Quando eu era jovem, e ainda não tinha caído neste buraco... Era assim que sempre começavam. A princípio, a meninada parava para ouvir e gostava. "Estórias da carochinha", eles diziam. O fato é que nunca haviam estado do lado de fora, e pensavam que as tais estórias não passavam de invenções de seus avós já caducos. O tempo passou, os velhos morreram, e até mesmo essas estórias foram esquecidas. As novas gerações foram educadas segundo novos princípios pedagógicos, currículos adequados à realidade, o que importa é passar no vestibular, e acabaram por acreditar que o seu buraco era tudo o que existe no universo. Isto era cientifico, resultado da rigorosa análise material do seu mundo. O real era um cilindro oco e profundo, onde a água, a terra e o ar se combinavam para formar tudo o que existia. As rãzinhas aprendiam que o seu era o melhor dos mundos e, na escola, aprendiam a recitar:"Rãzinha, não verás buraco algum como esteAma, com orgulho, o buraco em que nasceste..."A vida, lá dentro, era como a vida em todo lugar. Havia as rãs fortes e truculentas. Elas mandavam nas outras que eram fracas e tinham de obedecer e trabalhar dobrado. Os insetos mais gostosos iam sempre para as mais fortes. As rãs oprimidas achavam, com toda a razão, que isto era uma injustiça. E, por isso mesmo, preparavam-se para uma grande revolução que poria fim a esse estado de coisas. Quando a classe dominante fosse derrubada, a vida no fundo do poço ficaria democrática e os insetos seriam distribuídos com justiça...Se o buraco não era tão bom quanto cantava a poesia (assim diziam os ideólogos da revolução), era porque ele estava dominado pelas rãs fortes...Aconteceu, entretanto, que um pintassilgo que voava por ali viu a boca do poço. Ficou curioso e resolveu investigar. Baixou o vôo e entrou nas profundezas. Qual não foi a sua surpresa ao descobrir as rãs! Mas mais perplexas ficaram elas ante a presença daquela estranha criatura. A simples presença do pintassilgo punha em questão todas as teorias sobre o mundo, pois que dele não havia registro algum em seus arquivos históricos. O pintassilgo morreu de dó ao ver as pobres rãs, prisioneiras daquele buraco fétido e escuro, sem nada saber do lindo mundo que havia fora do poço. Como é que elas podiam viver ali dentro, sem nunca pensar em sair? Claro que para se planejar sair é preciso acreditar que existe um "lá fora". Mas as rãs sabiam que um "lá fora" não existia, pois os limites do seu buraco eram os limites do universo.O pintassilgo resolveu contar-lhes como era o mundo de fora. E se pôs a cantar furiosamente. Queria ajudar as pobres rãs...Trinou flores, campos verdes, riachos cristalinos, lagoas, insetos de todos os tipos, sapos de outras raças e outros coaxares, bichos os mais variados, o sol, a lua, as estrelas, as nuvens.As rãs ficaram em polvorosa e logo se dividiram.Algumas acreditaram e começaram a imaginar como seria lá fora. Ficaram mais alegres e até mesmo mais bonitas. Coaxaram canções novas. E começaram a fazer planos para a fuga do poço. Desinteressaram-se das esperanças políticas antigas.-- Não, não queremos democratizar o fundo do poço. Queremos é sair dele... Preferimos ser gente simples lá fora, onde tudo é bonito, a ser elite dominando aqui dentro, onde tudo é escuro e fedido...As outras fecharam a cara e coaxaram mais grosso ainda. Não acreditaram...O pintassilgo resolveu, então, trazer provas do que dizia. Chamou abe-lhas, com mel. Convidou borboletas coloridas. Trouxe flores perfumadas...Mas tudo foi inútil para os que não queriam acreditar.-- Este bicho é um grande enganador, eles diziam. Sabemos que estas coisas não existem. Aprendemos em nossas escolas...O rei reuniu seus generais e ponderou que as idéias do pintassilgo eram politicamente perigosas. As rãs estavam perdendo o interesse pelo trabalho. Produziam menos. Com isto havia menos recursos para as despesas do Estado, especialmente uma ferrovia que se pretendia construir, ligando um lado do poço ao outro. Trabalhavam menos, coaxavam mais. Claro que as palavras do pintassilgo só podiam ser mentiras deslavadas, intrigas de oposição...Os revolucionários, igualmente, puseram o pintassilgo de quarentena, pois o seu canto enfraquecia politicamente as rãs dominadas, que agora estavam mais interessadas em sair que em revolucionar o poço.As rãs intelectuais, por sua vez, se puseram a fazer a análise filosófica, ideológica e psicanalítica da fala do pintassilgo. O seu relatório foi longo. Nele concluíram que:de um ponto de vista filosófico, faltava rigor ao discurso do pássaro, pois ele mais se aproximava da poesia que da ciência;de um ponto de vista ideológico, tratava-se de um discurso alienado, no qual não se fazia nem mesmo uma análise crítica das condições objetivas da sociedade ranal;de um ponto de vista psicanalítico, era óbvio que o pintassilgo sofria de perigosas alucinações que, dado o seu conteúdo, poderiam se transformar num fenômeno de massas.Observaram, finalmente, que dadas as evidências, o pintassilgo se constituía num grave perigo tanto para a cultura como para as instituições do mundo das rãs. E com isto pediam das pessoas de boa vontade e responsabilidade as providências devidas para erradicar o mal.O manifesto das rãs foi acolhido unanimemente tanto pelos líderes da direita como pelos líderes da esquerda pois, para além de suas discordâncias conjunturais, estava seu compromisso comum com o bem-estar e a tranquilidade da família ranal.Por ocasião da próxima visita do pintassilgo, ele foi preso, acusado de enganador do povo, morto, empalhado e exposto no Museu de História.Quanto às rãs, foram para sempre proibidas de coaxar as canções que o pintassilgo lhes ensinara.Um aluninho-rã, que visitava o museu, perguntou à sua professora:-- Que é aquilo, professora?-- É um pintassilgo, ela respondeu.-- E que coisas estranhas são aquelas nas suas costas?, ele perguntou. -- São asas...-- E para que servem?, ele insistiu.-- Para voar...-- E nós voamos?-- Não, respondeu a professora. Nós não voamos. Nós pulamos...
E não seria melhor voar?A professora compreendeu então, com um discreto sorriso, que um pintassilgo, mesmo empalhado, nunca seria esquecido.

domingo, 14 de março de 2010

A mala de viagem

Conta-se uma fábula sobre um homem que caminhava vacilante pela estrada, levando uma pedra numa mão e um tijolo na outra. Nas costas carregava um saco de terra; em volta do peito trazia vinhas penduradas. Sobre a cabeça equilibrava uma abóbora pesada.
Pelo caminho encontrou um transeunte que lhe perguntou:
- Cansado viajante, por que carrega essa pedra tão grande?
- É estranho, respondeu o viajante, mas eu nunca
tinha realmente notado que a carregava.
Então, ele jogou a pedra fora e se sentiu muito melhor.
Em seguida veio outro transeunte que lhe perguntou:
- Diga-me, cansado viajante, por que carrega essa abóbora tão pesada?
- Estou contente que me tenha feito essa pergunta, disse o viajante, porque eu não tinha percebido o que estava fazendo comigo mesmo.
Então ele jogou a abóbora fora e continuou seu caminho com passos muito mais leves. Um por um, os transeuntes foram avisando-o a respeito de suas cargas desnecessárias. E ele foi abandonando uma a uma. Por fim, tornou-se um homem livre e caminhou como tal.
Qual era na verdade o problema dele? - A pedra e a abóbora? Não! Era a falta de consciência da existência delas. Uma vez que as viu como cargas desnecessárias, livrou-se delas bem depressa e já não se sentia mais tão cansado. Esse é o problema de muitas pessoas. Elas estão carregando cargas sem perceber. Não é de se estranhar que estejam tão cansadas!
O que são algumas dessas cargas que pesam na mente de um homem e que roubam as suas energias?
- Pensamentos negativos. - Culpar e acusar outras pessoas. - Permitir que impressões tenebrosas descansem na mente. - Carregar uma falsa carga de culpa por coisas que não poderiam ter evitado.
- Auto-piedade. - Acreditar que não existe saída.
Todo mundo tem o seu tipo de carga especial, que rouba energia. Quanto mais cedo começarmos a descarregá-la, mais cedo nos sentiremos melhor e caminharemos mais levemente.

As três peneiras


Olavo foi transferido de projeto. Logo no primeiro
dia, para fazer média com o novo chefe, saiu-se com
esta:

Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a
respeito do Silva. Disseram que ele...

Nem chegou a terminar a frase, Juliano, o chefe,
apartou:
Espere um pouco, Olavo. O que vai me contar já
passou pelo crivo das três peneiras?

Peneiras? Que peneiras, chefe?

A primeira, Olavo, é a da VERDADE. Você tem certeza
de que esse fato é absolutamente verdadeiro?

Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi
o que me contaram. Mas eu acho que...
E, novamente, Olavo é interrompido pelo chefe:

Então sua historia já vazou a primeira peneira.
Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE.
O que você vai me contar, gostaria que os outros
também dissessem a seu respeito?

Claro que não! Deus me livre, chefe! - diz Olavo,
assustado.

Então - continua o chefe - sua história vazou a
segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira, que é a
da NECESSIDADE. Você acha mesmo necessário me contar
esse fato ou mesmo passá-lo adiante?

Não, chefe. Passando pelo crivo dessas peneiras, vi
que não sobrou nada do que eu iria contar - fala
Olavo, surpreso.

Pois é, Olavo, já pensou como as pessoas seriam mais
felizes se todos usassem essas peneiras? - diz o
chefe, prosseguindo - Da próxima vez em que surgir um
boato por aí, submeta-o ao crivo destas três peneiras:
VERDADE, BONDADE e NECESSIDADE, antes de obedecer ao
impulso de passá-lo adiante, porque pessoas
inteligentes falam sobre idéias, pessoas comuns falam
sobre coisas, pessoas medíocres falam sobre pessoas.

A fábula do rei e suas 4 esposas

Era uma vez... um rei que tinha 4 esposas.

Ele amava a 4ª esposa demais, e vivia dando-lhe lindos presentes, jóias e roupas caras. Ele dava-lhe de tudo e sempre do melhor.

Ele também amava muito sua 3ª esposa e gostava de exibi-la aos reinados vizinhos.

Contudo, ele tinha medo que um dia, ela o deixasse por outro rei.

Ele também amava sua 2ª esposa.

Ela era sua confidente e estava sempre pronta para ele, com amabilidade e paciência. Sempre que o rei tinha que enfrentar um problema, ele confiava nela para atravessar esses tempos de dificuldade.

A 1ª esposa era uma parceira muito leal e fazia tudo que estava ao seu alcance para manter o rei muito rico e poderoso, ele e o reino.

Mas, ele não amava a 1ª esposa, e apesar dela o amar profundamente, ele mal tomava conhecimento dela.

Um dia, o rei caiu doente e percebeu que seu fim estava próximo.

Ele pensou em toda a luxúria da sua vida e ponderou: É, agora eu tenho 4 esposas comigo, mas quando eu morrer, com quantas poderei contar?

Então, ele perguntou à 4ª esposa:

Eu te amei tanto, querida, te cobri das mais finas roupas e jóias. Mostrei o quanto eu te amava cuidando bem de você. Agora que eu estou morrendo, você é capaz de morrer comigo, para não me deixar sozinho?

De jeito nenhum! respondeu a 4ª esposa, e saiu do quarto sem sequer olhar para trás.

A resposta que ela deu cortou o coração do rei como se fosse uma faca afiada.

Tristemente, o rei então perguntou para a 3ª esposa:

Eu também te amei tanto a vida inteira. Agora que eu estou morrendo, você é capaz de morrer comigo, para não me deixar sozinho?

Não!!!, respondeu a 3ª esposa.

A vida é boa demais!!! Quando você morrer, eu vou é casar de novo.

O coração do rei sangrou e gelou de tanta dor.

Ele perguntou então à 2ª esposa:

Eu sempre recorri a você quando precisei de ajuda, e você sempre esteve ao meu lado. Quando eu morrer, você será capaz de morrer comigo, para me fazer companhia?

Sinto muito, mas desta vez eu não posso fazer o que você me pede! respondeu a 2ª esposa.

O máximo que eu posso fazer é enterrar você! Essa resposta veio como um trovão na cabeça do rei, e mais uma vez ele ficou arrasado.

Daí, então, uma voz se fez ouvir:

Eu partirei com você e o seguirei por onde você for... O rei levantou os olhos e lá estava a sua 1ª esposa, tão magrinha, tão mal nutrida, tão sofrida...

Com o coração partido, o rei falou:

Eu deveria ter cuidado muito melhor de você enquanto eu ainda podia...

Na verdade, nós todos temos 4 esposas nas nossas vidas...

Nossa 4ª esposa é o nosso corpo.

Apesar de todos os esforços que fazemos para mantê-lo saudável e bonito, ele nos deixará quando morrermos...

Nossa 3ª esposa são as nossas posses, as nossas propriedades, as nossas riquezas. Quando morremos, tudo isso vai para os outros.

Nossa 2ª esposa são nossa família e nossos amigos. Apesar de nos amarem muito e estarem sempre nos apoiando, o máximo que eles podem fazer é nos enterrar...

E nossa 1ª esposa é a nossa ALMA, muitas vezes deixada de lado por perseguirmos, durante a vida toda, a Riqueza, o Poder e os Prazeres do nosso Ego...

Apesar de tudo, nossa Alma é a única coisa que sempre irá conosco, não importa aonde formos...

Então...

Cultive...

Fortaleça...

Bendiga...

Enobreça...

sua Alma agora!!!

É o maior presente que você pode dar ao mundo...

e a si mesmo.

Deixe-a brilhar!!!


O sonho dos ratos


Era uma vez um bando de ratos que vivia no buraco do soalho de uma velha casa. Havia ratos de todos os tipos, grandes e pequenos, pretos e brancos, velhos e jovens, fortes e fracos, do campo e da cidade. Mas ninguém ligava às diferenças, porque todos estavam irmanados em torno de um sonho comum: Um Queijo Enorme, amarelo, cheiroso, bem pertinho dos seus narizes. Comer o queijo, era a suprema felicidade. Bem pertinho é modo de dizer. Na verdade, o queijo estava muito longe, porque entre ele e os ratos estava um gato. O gato era malvado, tinha os dentes afiados e não dormia nunca. Por vezes, fingia dormir, mas bastava que um ratinho, mais corajoso, se aventurasse para fora do buraco, para que o gato desse um pulo e… era uma vez um ratinho!
Os ratos odiavam o gato. Quanto mais o odiavam mais irmãos se sentiam. O ódio a um inimigo comum tornava-os cúmplices de um mesmo desejo: A Morte do Gato!

Como nada podiam fazer, reuniam-se para conversar. Faziam discursos, denunciavam o comportamento do gato (não se sabe bem para quem…), e chegaram mesmo a escrever livros com crítica filosófica sobre gatos.
Diziam que, um dia chegaria, em que os gatos seriam abolidos e todos seriam iguais.”Quando se estabelecer a ditadura dos ratos”, diziam, “então todos seriam felizes”…
- O queijo é grande o bastante para todos, diziam uns.
- Socializaremos o queijo, diziam outros.
Todos batiam palmas e cantavam as mesmas canções. Era comovente ver tanta fraternidade. Como seria bom quando o gato morresse, sonhavam eles. Nos seus sonhos, comiam o queijo e quanto mais o comiam, mais ele crescia. porque essa era a principal característica dos queijos imaginados… Não diminuem…crescem sempre! E marchavam juntos, rabos entrelaçados, gritando: ” Ao queijo, já!”…
Sem que ninguém pudesse explicar como, o facto é que, ao acordarem, numa bela manhã, o gato tinha desaparecido. O queijo continuava lá, mais belo do que nunca. Bastaria dar apenas uns passos para fora do buraco. Olharam cuidadosamente ao redor. Aquilo poderia ser um truque do gato. Mas não era! O gato tinha desaparecido mesmo.
Chegara o dia glorioso! E dos ratos surgira um brado retumbante de alegria. Todos se lançaram ao queijo, irmanados numa fome comum. E foi então que a transformação aconteceu!
Bastou a primeira mordidela. Compreenderam, repentinamente, que os queijos de verdade são diferentes dos queijos sonhados. Quando comidos, em vez de crescer, diminuem. Assim, quanto maior for o número de ratos a comer o queijo, menor o naco para cada um. Os ratos começaram a olhar uns para os outros, como se de inimigos se tratassem. Olharam, cada um para a boca dos outros, para ver quanto queijo haviam comido. E os olhares se enfureceram…Arreganharam os dentes…Esqueceram-se do gato. Passaram a ser os seus próprios inimigos.
A luta começou! Os mais fortes expulsaram os mais fracos, à dentada. E, acto contínuo, começaram a lutar entre si. Alguns ameaçaram chamar o gato, alegando que só assim se restabeleceria a Ordem. O Projecto de Socialização do queijo foi aprovado nos seguintes termos:
“Qualquer pedaço de queijo poderá ser tomado dos seus proprietários, para ser dado aos ratos magros, desde que este pedaço tenha sido abandonado pelo dono”. Mas, como jamais rato algum abandonou um queijo, os ratos magros foram condenados a ficar à espera…Os ratinhos magros, de dentro do buraco escuro, não podiam compreender o que tinha acontecido. O mais inexplicável era a transformação que se operara no focinho dos ratos fortes, agora donos do queijo. Tinham todo o estilo do gato, o olhar malvado, os dentes à mostra…
Os ratos magros não conseguiam perceber a diferença entre o gato de antes e os ratos de agora. E compreenderam, então, que não havia diferença alguma. Pois todo o Rato que fica Dono de Queijo torna-se Gato! Não é por acaso que os nomes são tão parecidos.