domingo, 25 de abril de 2010



A RAPOSA DE BARRIGA CHEIA


Uma Raposa estava em jejum já havia mais de um dia.
Fazia muito frio, e todos os outros animais provavelmente permaneciam em casa ou nas suas tocas, no quentinho.
Os galinheiros estavam todos fechados, para que as Galinhas não pegassem friagem e continuassem a botar ovos.
Assim, não era uma boa ocasião para a pobre Raposa procurar alimento. De todo modo, ela não se dava por vencida.
- A fome é horrível
– Repetia para si mesma a Raposa, enquanto esquadrinhava atentamente cada canto da floresta ,
- Por isso nunca me cansarei de procurar, até que alguma coisa salte fora para matar minha fome.
De fato, sua persistência e meticulosa atenção foram premiadas da maneira mais inesperada.
Do oco de um carvalho saía um cheirinho delicioso:
Era um belo pedaço de carne assada com um pão guardados ali por algum pastor.
Como o farejou, a Raposa se enfiou no buraco, esforçando-se um pouco, porque a entrada era um tanto estreita.
Mal se encaixou nessa espécie de nicho começou a comer com voracidade a farta refeição.
No entanto, quando depois de um breve soninho para fazer a digestão procurou sair, fazendo esforços inúteis, suspirou, desolada:
- Estou com a barriga tão cheia que não consigo fazê-la passar por esta abertura.
-Ai de mim!
-O que faço agora?
-Ficarei aqui, prisioneira?
Uma Raposa, sua amiga, que passava sob o carvalho, a ouviu suspirar e quando soube o motivo de seus lamentos, gritou:
- Tenha paciência, fique tranqüila e verá que com o tempo você ficará magra como quando entrou e poderá sair de novo para a liberdade.


Postado por Profa. Maria Tereza



 DÔ MINHOCA


Desde pequena Dô gostava de dormir, e muito.
Bastava esticar o corpo um pouco de lado e ela logo estava dormindo.
Esticada, enrolada de cabeça para cima, cabeça para baixo.
De qualquer jeito Dô embalava um sono que ia até o dia seguinte.
A comunidade das minhocas era bem agitada.
Ocupadas em fazer coisas, cavar buracos e realizar tarefas sem parar.
Dô gostava disso, só que tanto trabalho dava muita fome e depois de comer, logo ia cochilar um pouco...
As minhocas comem de tudo: pedaços de folhas, frutas, raízes, etc.
Dô sabia que este trabalho debaixo da terra criava um ambiente rico em plantas e bichos, um mundo que ela sonhava em conhecer melhor Dô tinha muitos amigos.
Ângulo só andava em linha reta, sempre com pressa.
Espiral vivia enrolado, fazia tudo de trás para frente, e Pincel era pintor.
Dô tinha uma paixão secreta pelo artista e sonhava com ele pintando seu retrato.
Certo dia a terra tremeu.
Uma pá abriu um buraco e um homem apanhou um monte de minhocas e jogou num balde para usar como isca numa pescaria.
As minhocas se remexiam tentando fugir e Dô também ficou presa ali.
Dô foi parar num anzol e levou um choque com a água gelada.
Foi engolida pelo peixe e na barriga dele estava tão quentinho que ela acabou dormindo.
Não viu nem o peixe ser pescado pelo homem e ser limpo e colocado numa panela.
Um gato miando chamou a atenção da cozinheira.
Como havia muitos peixes ela acabou dando um para o bichano esfomeado.
Dô tinha acabado de acordar e então viu a boca do gato carregando o peixe feliz da vida .
O cachorro já esperava o gato para atacar e os dois ficaram correndo em volta da casa.
Quando ia ser pego o felino deu um salto e pulou para uma janela em que o cão não alcançava.
Ficou latindo e rosnando até cansar.
O gato teve paciência e esperou ficar tudo calmo antes de sair para comer sua refeição.
Mas antes de pular para o chão Dô Minhoca saiu da boca do peixe e olhou com curiosidade para aquelas novas paisagens.
Dô olhou o sol vermelho descer e depois a lua prateada subir devagar.
Até perdeu o sono e passou a noite acordada querendo entrar naqueles buraquinhos de estrelas.
Nunca imaginou que o mundo podia ser tão grande.
De manhã Dô foi pega por um pássaro que procurava alimento.
Ele voou alto e Dô se debateu muito.
Seu rabo acabou batendo no olho do pássaro, que a soltou.
Ela caiu lá de cima sobre a grama fofa sem se machucar.
Ao encontrar um Caracol que usava uma concha como casa, Dô gostou da idéia e fez o mesmo.
Mas acabou achando que assim andava muito devagar e resolveu voltar sua vida de minhoca e ver se encontrava o caminho do minhoqueiro.
Dô cavou, revirou mas não achou o caminho de casa.
Já estava desistindo quando Ângulo apareceu dizendo que estavam todos preocupados.
Dô ficou aliviada e feliz ao saber que haviam preparado uma grande surpresa para ela.
Em casa, Dô encontrou os amigos na exposição de quadros de Pincel.
E o que estava fazendo mais sucesso era o retrato dela!
Seu coração de minhoca disparou e ela desmaiou de cansaço e felicidade.
Agora Dô queria mesmo dormir, sonhar e acordar de verdade.

Postado por Profa. Maria Tereza







COMO O SOL E A LUA FORAM MORAR NO CÉU.
JÁ TEM MUITO TEMPO QUE ESSA HISTÓRIA ACONTECEU. TANTO TEMPO QUE O SOL E A LUA AINDA MORAVAM NA TERRA.
UM DIA, SOL E LUA ACORDARAM COM TANTA SEDE QUE RESOLVERAM VISITAR SEUS VIZINHOS.
OS PÁSSAROS SELVAGENS, POIS ELES COSTUMAVAM GUARDAR ÁGUA DE BEBER EM GRANDES E PESADOS POTES.
SÓ QUE AO CHEGAREM NA CASA DOS PÁSSAROS, SOL E LUA FORAM PROIBIDOS DE BEBER ÁGUA. DESOBEDECENDO, SOL PEGOU UM POTE PARA LEVÁ-LO ATÉ A BOCA.
E, ASSIM, MATAR A SUA SEDE.
AÍ O DESASTRE ACONTECEU; O POTE ESCORREGOU DE SUAS MÃOS, QUEBROU E TODA A ÁGUA SE PERDEU.
OS PÁSSAROS FICARAM MUITO BRAVOS E SAIRAM CORRENDO ATRÁS DO SOL E DA LUA...
QUE FUGIRAM PARA SE ESCONDEREM NUMA CABANA NO MEIO DO MATO.
MAS DE NADA ADIANTOU, FORAM DESCOBERTOS FOI AÍ, ENTÃO, QUE O PIOR ACONTECEU: SOL FICOU QUENTE DEMAIS DE RAIVA.
OS PÁSSAROS NÃO AGÜENTARAM TODO AQUELE CALOR E COMEÇARAM TODOS JUNTOS A ABANAR SUAS ASAS CADA VEZ MAIS,... FAZENDO UM VENTO TÃO FORTE QUE FOI CAPAZ DE LEVANTAR SOL E LUA ATÉ O CÉU.
E NUNCA MAIS SOL E LUA DESCERAM LÁ DE CIMA

Postado por Profa. Maria Tereza

  






O BARQUINHO ENJOADO


Era uma vez um barquinho muito, muito infeliz.
Vivia embrulhado,Tinha enjoo do balanço do mar.
Era só começar a navegar e ele a passar mal, a marear.
Os peixinhos riam dele e, para piorar a situação, ficavam indo e vindo à sua frente, de pura molecagem, aumentando a aflição.
— Quem mandou nascer barquinho?
— Brincava uma gaivota.
— Mas eu não nasci assim, sua boboca!
Por que não me deixaram ser árvore a vida inteira, parada num só lugar, sem este vai-e-volta, sem este vem-e-vai?
— Reclamava o pobrezinho
— Puxa vida... ai, ai, ai!
Seu dono, um velho pescador, nem notava o problema do coitado.
Todo dia, de manhã cedo, saía atrás de peixe, sem domingo nem feriado.
Não tinha folga o barco enjoado.
Mas um belo dia, tudo mudou!
Todo contente, o pescador apareceu com um barco bem novinho.
Era amarelo e cor de vinho.
E o outro se aposentou.
Desde este dia, quanta alegria!
Não precisa mais ir para o mar, nem marear.
Fica na areia, tomando sol numa boa, olhando de longe a pescaria.
No barco enjoado o velho escreveu “peixe fresco todo dia” para atrair a freguesia.
Esta sim era a vida que ele queria!
Esta história foi retirado deste site http://www.divertudo.com.br/historias.


Postado por Profa. Maria Tereza






A CASA QUE CHORAVA.

João Fernando fazia sua primeira excursão com o grupo de escoteiros mirins de sua escola.
Eram, para ele, emocionantes todas as etapas do evento: as aulas de ciências naturais, as refeições ao ar livre, as caminhadas; as noites dormidas em barracas e a proximidade com a paisagem campestre o fascinavam.
Tudo para ele era novidade.
De vez em quando, sentia saudade de seus pais Maria Helena e Fabrício e de suas irmãs Maria Cristina e Maria Inês; a estas duas havia prometido levar alguma lembrança quando voltasse.
Por esse motivo, ia olhando tudo ao seu redor, para ver se algo agradaria às duas meninas.
E foi assim que, sem se dar conta, João Fernando afastou-se do grupo. Em dado momento, deparou-se com uma casa velha, abandonada; estava vazia e suja; janelas e portas escancaradas.
Aproximou-se,bateu palmas,expiou; ali não morava ninguém e talvez há muito tempo, apoiou o braço na janela, limpou o pó com a mão e falou para si mesmo:
Não é ruim, deveria até ter sido boa; se a limpássemos, poderia servir para tomarmos aqui nossa refeição!
Passou levemente a mão sobre a parede e notou que estava molhada; olhou com mais atenção e imaginou serem lágrimas o líquido que escorria em forma de gotinhas.
Pobre casa abandonada, disse ele, quem teria feito isso? E ouviu uma resposta:
__Foi a minha dona, há muitos anos; uns treze, você nem havia nascido! João Fernando, julgando ser uma brincadeira de algum dos escoteiros, olhou para todos os lados e constatou que estava só. E a voz prosseguiu: __ Pobrezinha de minha dona, ela me cuidava tanto!...
Estas janelas, que você vê empoeiradas e carcomidas, traziam alvas cortinas que balançavam ao vento, deixando penetrar os raios do Sol durante o dia e, permitindo à noite, que a lua espiasse a singeleza daquela que para aqui veio ainda criança!
Eu era branca e perfumada pelas flores do jardim que ela cultivava e emoldurada por um belo pomar que ela plantou!
Havia pássaros no abacateiro e as flores das laranjeiras atraiam borboletas de cores variadas!
Ela era alegre e feliz e enquanto costurava sentada junto à janela, seu canto fazia inveja aos rouxinóis!
Fez uma pausa, suspirou e prosseguiu: era uma ternura a minha patroazinha: frágil, meiga...Ah, que saudade tenho dela!
Não a culpo por ter me deixado só!
Sim, porque seus pais morreram e ela se foi para a cidade morar com os tios; eles não queriam que ela vivesse só!
João Fernando estava admirado; era mesmo a velha casa que falava e eram lágrimas, sim, lágrimas o que estava molhando sua mão apoiada na janela.
A casa abandonada soluçou. Pobrezinha!, disse o menino, como eu gostaria de trazê-la de novo para você; mas, não posso, não posso! __Ninguém pode, respondeu a velha casa, e assim, eu me tornei uma sombra do passado; hoje sirvo de abrigo a bêbados e vadios!
Até o pomar está todo caído, sumido dentro do mato; os passarinhos se foram; só resta mesmo a saudade!
__Vou falar com o instrutor, disse João Fernando, poderemos limpá-la e torná-la um pouco mais agradável! Não demoro! Até logo, casinha amiga!
O garoto falou ao instrutor sobre a sua descoberta, mas nunca falaria sobre sua conversa com a velha casa; diriam que estava louco!
Quem já ouviu casa falar?
O instrutor gostou da idéia e, naquele dia, limparam a casa, o melhor que puderam; colocaram ali suas esteiras, jantaram e dormiram na velha casa, aquela noite e nas noites subsequentes.
Nosso pequeno escoteiro notou que, enquanto ocupavam a casa, ela não chorava; parecia ter esquecido, por um pouco, sua grande mágoa.
O grupo de escoteiros capinou o pomar e, com estacas, levantou os pés de frutas e fez, de modo geral, uma grande faxina.
Chegou a hora da partida e João Fernando, de propósito, deixou-se ficar um pouco para traz do grupo, para se despedir da velha casa.
Volte sempre meu amigo, disse ela, não se esqueça de mim!
E, novamente, as gotinhas escorreram pelas paredes da casinha,João Fernando molhou os dedos naquelas lágrimas e estendo a mão, prometeu:
__Não a esquecerei, palavra de escoteiro!
E o nosso pequeno escoteiro não acabava mais de narrar, aos pais e às irmãs, tudo o que havia visto e aprendido.
Depois, dedicou-se a convencê-los a irem conhecer o maravilhoso achado, onde poderiam construir a casa de campo que estavam planejando.
Tanto insistiu, que num fim de semana, lá se foi a família, a conhecer o sítio onde o garoto acampara.
Antes de partirem, o menino, que não conseguia mais guardar segredo, contou à mãe sobre a sua conversa com a velha casa.
__Mamãe, disse ele, você acredita que estou louco; casas não falam, não é mesmo?
Maria Helena estava pensativa, mas procurou tranqüilizar o filho:
Não se preocupe, meu filho, aos onze anos, costumamos sonhar e sonhos tão bonitos que podem parecer realidade!
Ele sabia que não era sonho, mas pediu à mãe que nada dissesse a seu pai.
Ao chegarem ao local, João Fernando puxou a mãe pelo braço, fazendo-a correr com ele, na frente do pai e das irmãs; queria que ela fosse a primeira a conhecer a casa que chorava.
E a velha casa estava a verter lágrimas por toda a fachada.
João Fernando parou admirado, enquanto Maria Helena se aproximou e beijou delicadamente os batentes da porta e da janela, enquanto o filho a ouvia conversar com uma velha e conhecida amiga: Meu velho lar querido, meu amado e antigo lar, eu sabia que um dia voltaria para você; agora nunca mais a deixarei, nunca! nunca! João Fernando abraçou-se à mãe. Mamãe!
Era você então, a amada dona desta velha casa?
É você por quem ela chora e por quem espera?
Sim, filho, você já sabe; deve ficar entre nós! Perceberam, então, que a velha casa já não mais chorava; estava feliz.
Maria Helena e Fabrício construíram ali uma bela casa, conservando a velha casinha que fora restaurada e embelezada ainda mais que outrora. Era lá que Maria Helena fazia seus trabalhos de agulhas e onde as crianças estudavam e brincavam.
Quem passa hoje em dia pela estrada, de longe pode ver as brancas cortinas nas janelas balançando ao vento e, à noite, a lua entrando novamente pelas frestas.
As flores e os pássaros são o seu mais belo adorno.
As laranjeiras novamente florescem, exalando seu perfume; o abacateiro reergueu-se e todo ano enche-se de frutos.


Postado por Profa. Maria Tereza