sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Francisco Cândido Xavier


Infância
Francisco Cândido Xavier nasceu em Pedro Leopoldo (MG), no dia 2 de abril de 1910.
Filho de operário inculto e de humilde lavadeira, ficou órfão de mãe aos cinco anos de idade.
Seu pai se viu obrigado a entregar alguns dos seus nove filhos aos cuidados de pessoas amigas e Chico Xavier ficou com sua madrinha, mulher nervosa
que o maltratava cruelmente.
Nos seus momentos de angústia, um anjo de Deus, que fora sua mãe na Terra, o assistia, quando, desarvorado, orava nos fundos do quintal:
"Tenha paciência, meu filho! Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre não aprende a lutar".
O menino aprendeu a apanhar calado, sem chorar.
Diariamente, à tarde, com vergões na pele e o sangue a correr-lhe em delgados filetes pelo ventre, ele, de olhos enxutos e brilhantes, se dirigia para o quintal, a fim de reencontrar a mãezinha querida, vendo-a e ouvindo-a, depois da oração.
Algum tempo depois, terminou seu martírio.
Seu pai casou-se novamente e sua madrasta, alma boa e caridosa, o recolheu carinhosamente, a ele
e a todos os irmãos que estavam espalhados.
A situação era difícil.
A guerra acabara e graçava a gripe espanhola.
O salário do chefe da família dava escassamente para o necessário e os meninos precisavam estudar.
Foi então que a boa madrasta teve uma idéia: plantar uma horta e vender os legumes.
Em algumas semanas, o menino já estava na rua com o cesto de verduras. Desta forma, conseguiram encher o cofre e voltar a frequentar as aulas.
Em janeiro de 1919, Chico Xavier começou o ABC.
Com a saída do chefe da casa para o trabalho e das crianças para a escola, a madrasta era obrigada, algumas vezes, a deixar a casa a sós, pois
precisava buscar lenha à distância.
Foi, então, que surgiu um problema: a vizinha,
se aproveitando da ausência de todos, passou a colher a verduras e, sem verduras, não haveria dinheiro para as despesas da escola.
Preocupada, a madrasta, não querendo ofender
a amiga, pediu a Chico Xavier que pedisse um conselho ao espírito de sua mãe.
À tardinha, o menino foi ao quintal e rezou como fazia sempre que queria conversar com sua mãe e lhe contou o problema. Sua mãe lhe disse que realmente não deviam brigar com os vizinhos e lhe deu uma sugestão: toda vez que sua madrasta se ausentasse, que desse a chave de casa à vizinha, para que ela tomasse conta da casa.
Dessa forma, a vizinha, responsável pela casa,
não tocou mais nas hortaliças.
Passados todos esses problemas, o menino não viu sua genitora com tanta frequência.
Mas passou a ter sonhos.
À noite, levantava-se agitado e conversava com locutores invisíveis. De manhã, contava as peripécias de pessoas mortas, coisas que
ninguém podia compreender!
O pai resolveu levá-lo ao vigário de Matozinhos que, após ouvi-lo, recomendou que o garoto não lesse mais jornais, revistas, livros.
Disse-lhe que ninguém volta a conversar depois
da morte e que era o demônio que
lhe estava perturbando.
O menino chorava nos braços de sua madrasta, criatura piedosa e compreensiva.
Ao conversar com sua mãe, triste por não ser compreendido por ninguém, escutou dela que precisava modificar seus pensamentos, que não deveria ser uma criança indisciplinada, para não ganhar antipatia dos outros.
Deveria aprender a se calar e que, quando se lembrasse de alguma lição ou experiência recebidas em sonho, que ficasse em silêncio. Precisava aprender a obediência para que Deus, um dia,
lhe concedesse a confiança dos outros.
E durante 7 anos consecutivos, de 1920 a 1927, ele não teve mais qualquer contato com sua mãe. Integrado na comunidade católica, obedecia às obrigações que lhe eram indicadas pela Igreja. Confessava-se, comungava, comparecia pontualmente à missa e acompanhava as procissões. Em 1923 terminou o curso primário, no Grupo.
Levantava-se às seis da manhã para começar, às sete, as tarefas escolares e entrando para o
serviço da fábrica às três da tarde,
para sair às onze da noite.
Em 1925 deixou a fábrica, empregando-se na
venda do Sr. José Felizardo Sobrinho, onde o trabalho ia das 6h30 às 20h.
As perturbações noturnas continuaram.
Depois de dormir, caía em transe profundo.
Em 1927, uma de suas irmãs caiu doente.
Um casal de espíritas, reunido com familiares
da doente, realizaram a primeira sessão espírita
que teve lugar na casa.
Na mesa, dois livros: "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e o "O Livro dos Espíritos",
de Allan Kardec.
Pela mediunidade de D. Carmem, sua mãe manifestou-se: "Meu filho, eis que nos achamos juntos novamente. Os livros à nossa frente são
dois tesouros de luz. Estude-os, cumpra com seus deveres e, em breve, a bondade divina nos permitirá mostrar a você seus novos caminhos. "
A primeira e única professora de Chico que descobriu sua mediunidade psicográfica foi D. Rosália. Fazia passeios campestres com os alunos que deveriam, no dia seguinte, levar-lhe uma composição, descrevendo o passeio. A de Chico tirava sempre o primeiro lugar.
Desconfiada, D. Rosália, um dia, fez o passeio mais cedo e, na volta, pediu que os alunos fizessem a composição em sua presença. Chico, novamente, tira o primeiro lugar, escrevendo uma verdadeira página literária sobre o amanhecer e daí tirando conclusões evangélicas.
Rosália mostrou aos amigos íntimos a composição
e todos foram unânimes em reconhecer que aquilo, se não fora copiado, era então dos espíritos.
Atividades mediúnicas
em Pedro Leopoldo

Ao entrar para o funcionalismo público, como datilógrafo, na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, começa a demonstrar sua admiração pela natureza. Distante 6 quilômetros da cidade, em contato com a natureza, ama até as pedras e os montes pensativos.
Vê em tudo poesia e oração, trata as árvores como irmãs e compreende como poucos a alma do grande todo. Vê em tudo poesia e vida, verdade e luz, beleza e amor e, acima de tudo, a presença de Deus!
Em maio de 1927, foi realizada a primeira sessão espírita no lar dos Xavier, em Pedro Leopoldo.
Em junho do mesmo ano foi cogitada a fundação
de um núcleo doutrinário.
Em fins de 1927 o Centro Espírita Luiz Gonzaga, sediado na residência de José Cândido Xavier, que se fez presidente da instituição, estava bem frequentado. As reuniões se realizavam
às segundas e sextas-feiras.
A nova sede do Grupo Espírita Luiz Gonzaga
foi construída no local onde se erguia, antigamente, a casa de Maria João de Deus,
genitora de Chico Xavier.
Em 8 de julho de 1927, Chico Xavier fez a primeira atuação do serviço mediúnico, em público.
Seu primeiro livro psicografado
foi publicado em 1931.
Em 1931, Chico passou a receber as primeiras poesias de "Parnaso de Além -Túmulo", que foi lançado em julho de 1932.
Em 1950, Chico Xavier havia recebido, pela sua psicografia, mais de 50 ótimos livros.
Vivia no apogeu de triunfos mediúnicos.
Estava conhecidíssimo no Brasil
e no mundo inteiro.
O Parnaso de Além Túmulo, por si só, valia pelo mais legítimo dos documentos, validando-lhe o instrumental mediúnico, o mais completo e seguro que o Espiritismo tem tido para lhe revelar as verdades, inclusive o intercâmbio das idéias
entre os dois Mundos.
Além disso, recebera romances , livros e mais livros, versando sobre assuntos filosóficos, científicos e, sobretudo, realçando o espírito da letra dos Evangelhos, escrevendo e traduzindo, de forma clara e precisa, as Lições consoladoras
e imortais do Livro da Vida.

Atividades mediúnicas
em Uberaba

Em 5 de janeiro de 1959, mudou-se para Uberaba, sob a orientação dos Benfeitores Espirituais, iniciando nessa mesma data, as atividades mediúnicas, em reunião pública da
Comunhão Espírita Cristã.
Deu ele, então, início à famosa perigrinação.
Aos sábados, saindo da "Comunhão Espírita Cristã", o bondoso médium visitava alguns lares carentes, levando-lhes a alegria de sua presença amiga, acompanhado por grande número de
pessoas afinizadas. Sob a luz das estrelas e de um lampião que seguia à frente, iluminando as
escuras ruas da periferia, ia contando fatos
de grande beleza espiritual.
A cidade de Uberaba, desde a sua vinda para cá, transformou-se num pólo de atração de inúmeros visitantes das mais variadas regiões do Brasil,
e até mesmo do exterior, que aqui aportam com o objetivo de conhecer o médium.
Aqueles que conhecem a sua vida e a sua obra não medem distâncias para vê-lo.
Seu trabalho sempre consistiu na divulgação doutrinária e em tarefas assistenciais, aliadas ao evangélico serviço do esclarecimento e reconforto pessoais aos que o procuram.
Os direitos autorais de seus livros publicados, em torno de 340, são cedidos, gratuitamente, às editoras espíritas ou a quaisquer outras entidades. Quanto à fortuna material, ele continua tão pobre quanto era. Chico é um homem aposentado e recebe somente os proventos de sua aposentadoria. Do ponto de vista espiritual, Chico Xavier é, a cada dia que passa, um homem mais rico: multiplicou os talentos que o Senhor lhe confiou, através de seu trabalho, de sua perseverança e da sua humildade em serviço. Com a saúde debilitada, Chico Xavier vem confirmando, nos últimos tempos, a sua condição de um autêntico missionário do Cristo, pois, impossibilitado de comparecer às reuniões do Grupo Espírita da Prece, ele tem reunido as forças que lhe restam para continuar, em casa, a tarefa da psicografia. E, embora debilitado, continua de ânimo firme e a alma com grande
capacidade de trabalho.
Chico Xavier ama a tarefa que o
Senhor lhe concedeu.
Chico Xavier morre em 30.06.2002Maior médium do Brasil, levou uma vida humilde
e voltada para a religião e para a caridade
Fabiana Fevorini


O médium Chico Xavier morreu na noite deste domingo, aos 92 anos em Uberaba, Minas Gerais. Ele estava com vários problemas de saúde e teve uma parada cardíaca. Ele completaria 75 anos de atividade mediúnica, no próximo dia 8 de julho.
Francisco de Paula Cândido nasceu em Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, e aos 17 anos aderiu ao espiritismo. Começou a promover reuniões em sua própria casa, até fundar o Centro Espírita Luís Gonzaga. Ao longo de sua atividade, ele psicografou e publicou mais de 400 livros com mensagens de espíritos. O dinheiro das vendas das publicações era revertido para obras de caridade.
Chico se tornou extremamente popular e atraiu milhares de fiéis não só no seu estado, como em todo o País. Entres os seus admiradores estavam celebridades como Roberto Carlos,
Antônio Fagundes e Nair Belo.
Por conta dos problemas de saúde, no final
da vida, ele parou de psicografar mensagens
e se afastou da atividade religiosa.

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