A arca de Noé
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Chico Buarque / Milton Nascimento
Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.
O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.
E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca
Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.
Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé:
“Boa terra para plantar minhas vinhas!”
E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.
Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.
E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.
Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora a cabeça botam.
Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.
A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.
Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.
Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pelo
Pela terra prometida.
“Os bosques são todos meus!”
Ruge soberbo o leão
“Também sou filho de Deus!”
Um protesta; e o tigre — “Não!”
Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.
Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.
Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista
Na serra o arco-íris se esvai . . .
E . . . desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória
Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.
O pato
(Toquinho - Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)
Interpretação: MPB-4
Lá vem o Pato
Pata aqui, pata acolá
La vem o Pato
Para ver o que é que há.
O Pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela.
A corujinha
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Elis Regina
Corujinha, corujinha,
Que peninha de você.
Fica toda encolhidinha
Sempre olhando não sei quê.
O seu canto de repente
Faz a gente estremecer.
Corujinha, pobrezinha,
Todo mundo que te vê
Diz assim, ah, coitadinha,
Que feinha que é você.
Quando a noite vem chegando
Chega o teu amanhecer.
E se o sol vem despontando
Vais voando te esconder.
Hoje em dia andas vaidosa,
Orgulhosa como o quê.
Toda noite tua carinha
Aparece na TV.
Corujinha, corujinha,
Que feinha que é você.
A foca
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Alceu Valença
A Foca
Vinicius de Moraes
Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho
Quer ver a foca
Ficar feliz?
É pôr uma bola
No seu nariz
Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha
Quer ver a foca
Comprar uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga
Lá vai a foca
Toda arrumada
Dançar no circo
Pra garotada
Lá vai a foca
Subindo a escada
Depois descendo
Desengonçada
Quanto trabalha
A coitadinha
Pra garantir
Sua sardinha
As abelhas
(Bacalov - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Moraes Moreira
A abelha mestra
e as abelhinhas
Tão todas prontinhas
Para ir para festa
Num zune-que-zune
Lá vão para o Jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim
Da rosa para o cravo
Do cravo para a rosa
Da rosa pro favo
E de volta para a rosa
Venham ver como dão mel
As abelhas do céu.(4 vezes)
A abelha ruim
está sempre cansada
Engorda a pancinha
E não faz mais nada
Num zune-que-zune
Lá vão para o Jardim
Brincar com a cravina
Valsar com o jasmim
Da rosa para o cravo
Do cravo para a rosa
Da rosa pro favo
E de volta para a rosa
Venham ver como dão mel
As abelhas do céu.(4 vezes)
A pulga
(Vinicius de Moraes)
Interpretação: Bebel Gilberto
Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Com mais um pulinho
Estou na perna do freguês
Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Com mais uma mordidinha
Coitadinho do freguês
Um, dois, três
Quatro, cinco, seis
Tô de barriguinha cheia
Tchau
Good bye
Auf Wiedersehen
Aula de piano
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Frenéticas
Depois do almoço na sala vazia
A mãe subia pra se recostar
E no passado que a sala escondia
A menininha ficava a esperar
O professor de piano chegava
E começava uma nova lição
E a menininha, tão bonitinha
Enchia a casa feito um clarim
Abria o peito, mandava brasa
E solfejava assim:
Ai, ai, ai
Lá, sol, fá, mi, ré
Tira a não daí
Dó, dó, ré, dó, si
Aqui não dá pé
Mi, mi, fá, mi, ré
E agora o sol, fá
Pra lição acabar
Diz o refrão quem não chora não mama
Veio o sucesso e a consagração
Que finalmente deitaram na fama
Tendo atingido a total perfeição
Nunca se viu tanta variedade
A quatro mãos em concertos de amor
Mas na verdade tinham saudade
De quando ele era seu professor
E quando ela, menina e bela
Abria o berrador
Ai, ai, ai,
Lá, sol, fá, mi, ré
A porta
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Fábio Jr.
Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa . . .)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!
A casa
(Vinicius de Moraes)
Interpretação: Boca Livre
Era uma casa
Muito engraçada
Não tinha teto
Não tinha nada
Ninguém podia
Entrar nela não
Porque na casa
Não tinha chão
Ninguém podia
Dormir na rede
Porque na casa
Não tinha parede
Ninguém podia
Fazer pipi
Porque penico
Não tinha ali
Mas era feita
Com muito esmero
Na Rua dos Bobos
Número Zero
São Francisco
(Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)
Interpretação: Ney Matogrosso
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo água
Do ribeirinho.
Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom dia, amigo
Dizendo ao fogo
Saúde, irmão
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo
Jesuscristinho
Fazendo festa
No menininho
Contando histórias
Para os passarinhos
O Avião
Arca De Noé
Composição: Toquinho
Sou mais ligeiro que um carro,
Corro bem mais que um navio.
Sou o passarinho maior
Que até hoje você na sua vida já viu.
Vôo lá por cima das nuvens,
Onde o azul muda de tom.
E se eu quiser ultrapasso fácil
A barreira do som.
Minha barriga foi feita
Pra muita gente levar.
Trago pessoas de férias
E homens que vêm e que vão trabalhar.
Dentro eu não faço barulho,
Fora é melhor nem pensar.
Voando pareço levinho,
Mas sou mais pesado que o ar.
Venha voar comigo, amigo.
Sem medo venha voar.
De dia tem o sol brilhando,
De noite quem brilha é o luar.
Venha voar comigo, amigo.
Sem medo venha voar.
Em dia nublado não fique assustado
Que eu tenho radar.
Se às vezes balanço um pouquinho
É o vento querendo brincar.
Se chove chuvisco fininho
São nuvens tristonhas a choramingar.
Se você me vê lá no alto
Voando na imensidão,
Eu fico tão pequenininho
Que caibo na palma da mão.
O gato
(Bacalov - Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Marina Lima
O Gato
Arca De Noé
Composição: Bucalov, Toquinho & Vinicius de Moraes
Com um lindo salto
Lento e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pisa e passa
Cuidadoso, de mansinho
Pega e corre, silencioso
Atrás de um pobre passarinho
E logo pára
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
Se num novelo
Fica enroscado
Ouriça o pêlo
Mal humorado
Um preguiçoso
É o que ele é
E gosta muito
De cafuné
E quando à noite
Vem a fadiga
Toma seu banho
Passando a língua pela barriga.
O relógio
(Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)
Interpretação: Walter Franco
Passa tempo, tic-tac
Tic-tac, passa hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
E já perdi toda alegria
De fazer meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Menininha
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Toquinho
Menininha do meu coração
Eu só quero você
A três palmos do chão
Menininha não cresça mais não
Fique pequenininha na minha canção
Senhorinha levada
Batendo palminha
Fingindo assustada
Do bicho-papão
Menininha, que graça é você
Uma coisinha assim
Começando a viver
Fique assim, meu amor
Sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim e você
Vai sofrer de repente
Uma desilusão
Porque a vida é somente
Teu bicho-papão
Fique assim, fique assim
Sempre assim
E se lembre de mim
Pelas coisas que eu dei
Também não se esqueça de mim
Quando você souber enfim
De tudo o que eu amei.
Final
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Orquestra
Abertura - A Arca de Noé
(Vinicius de Moraes)
Interpretação: Dionísio Azevedo
Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.
O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.
E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca
Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.
Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé:
“Boa terra para plantar minhas vinhas!”
E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.
Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.
E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.
Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora a cabeça botam.
Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.
A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.
Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.
Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pelo
Pela terra prometida.
“Os bosques são todos meus!”
Ruge soberbo o leão
“Também sou filho de Deus!”
Um protesta; e o tigre — “Não!”
Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.
Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.
Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista
Na serra o arco-íris se esvai . . .
E . . . desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória
Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.
O leão (Inspirado em William Blake)
(Fagner - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Fagner
Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda.
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto.
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro.
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna.
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus que te fez ou não?
O salto do tigre é rápido
Como o raio; mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o Leão dá.
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte.
Pois bem, se ele vê o Leão
Foge como um furacão.
Leão se esgueirando, à espera
Da passagem de outra fera . . .
Vem o tigre; como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranqüilo
O leão fica olhando aquilo.
Quando se cansam, o Leão
Mata um com cada mão.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação!
O pinguim
(Toquinho - Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)
Interpretação: Toquinho
Bom dia, pingüim
Onde vais assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca
Quando você caminha
Parece o Chacrinha
Lelé da caixola
E um velho senhor
Que foi meu professor
No meu tempo de escola
Pingüim, meu amigo
Não se zangue comigo
Nem perca a estribeira
Não pergunte por quê
Mas todos põem você
Em cima da geladeira
O pintinho
(Gilda Mattoso - Pipo Caruso - Sergio Bardotti - Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Frenéticas
Pintinho novo
Pintinho tonto
Não estás no ponto
Volta pro ovo
Eu não me calo
Falo de novo
Não banque o galo
Volta pro ovo
A tia raposa
Não marca touca
Tá só te olhando
Com água na boca
E se ligeiro
Você escapar
Tem um granjeiro
Que vai te adotar
O meu ovo tá estreitinho
Já me sinto um galetinho
Já posso sair sozinho
Eu já sou dono de mim
Vou ciscar pela cidade
Grão-de-bico em quantidade
Muito milho e liberdade
Por fim
Pintinho raro
Pintinho novo
Tá tudo caro
Volta pro ovo
E o tempo inteiro
Terás, pintinho,
Um cozinheiro
No seu caminho
Por isso digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta pro ovo
Se de repente
Você escapar
Num forno quente
Você vai parar
Gosto muito dessa vida
Ensopada ou cozida
Até assada é divertida
Com salada e aipim
Tudo é lindo e a vida é bela
Mesmo sendo à cabidela
Pois será numa panela
Meu fim
Por isso eu digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta pro ovo
E se ligeiro
Você escapar
Tem um granjeiro
Que vai te adotar
A cachorrinha
(Tom Jobim - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Tom Jobim
Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha
Do que a tua barriguinha
Crivada de mamiquinha?
Pode haver coisa no mundo
Mais travessa, mais tontinha
Que esse amor de cachorrinha
Quando vem fazer festinha
Remexendo a traseirinha?
Uau, uau, uau, uau!
Uau, uau, uau, uau!
O girassol
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Jane Duboc
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Roda, roda, roda
Rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Gira, gira, gira
Girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol
O ar (O vento)
(E.Bacalov - Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Boca Livre / Vinicius de Moraes
Estou vivo, mas não tenho corpo
Por isso é que eu não tenho forma
Peso eu também não tenho
Não tenho cor
Quando sou fraco
Me chamo brisa
E se assovio
Isso é comum
Quando sou forte
Me chamo vento
Quando sou cheiro
Me chamo pum!
O peru
(Toquinho - Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)
Interpretação: Elba Ramalho
Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro Peru!
O Peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão.
O Peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão.
O porquinho
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Grande Othelo
A galinha d’angola
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Ney Matogrosso
Coitada
Da galinha-
D’Angola
Não anda
Regulando
Da bola
Não pára
De comer
A matraca
E vive
A reclamar
Que está fraca:
— “Tou fraca!
Tou fraca!”
O Peru
Glu! Glu! Glu!
Abram alas pro Peru!
O Peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão.
O Peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão.
A formiga
(Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)
Interpretação: Clara Nunes
As coisas devem ser bem grandes
Pra formiga pequenina
A rosa, um lindo palácio
E o espinho, uma espada fina
A gota d’água, uma manso lago
O pingo de chuva, um mar
Onde um pauzinho boiando
É navio a navegar
O bico de pão, o Corcovado
O grilo, um rinoceronte
Uns grãos de sal derramados
Ovelhinhas pela monte
Os bichinhos e o homem
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Céu da Boca
Nossa irmã, a mosca
É feia e tosca
Enquanto que o mosquito
É mais bonito
É mais bonito
Nosso irmão besouro
Que é feito de couro
Mal sabe voar
Mal sabe voar
Mal sabe voar
Mal sabe voar
Nossa irmã, a barata
Bichinha mais chata
É prima da borboleta
Que é uma careta
Que é uma careta
Nosso irmão, o grilo
Que vive dando estrilo
Só pra chatear
Só pra chatear
Só pra chatear
Só pra chatear
E o bicho-do-pé
Que gostoso que ele é
Quando dá coceira
Coça que não é brincadeira
Nosso irmão carrapato
Que é um outro bicho chato
É primo-irmão do bacilo
Que é um irmão tranqüilo
Que é um irmão tranqüilo
E o homem que pensa tudo saber
Não sabe o jantar que os bichinhos vão ter
Quando o seu dia chegar
Quando o seu dia chegar
O filho que eu quero ter
(Toquinho - Vinicius de Moraes)
Interpretação: Paulinho da Viola
É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho
Dorme que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem
De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar
Quando eu chegar lá de onde vim
Um menino sempre a me perguntar
Um porquê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim
Dorme, menino levado
Dorme que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem
Quando a vida enfim me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar
Num acalanto de adeus
Dorme, meu pai, sem cuidado
Dorme que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter
Abertura
A arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair
Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais
Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista....
O Pintinho
As Frenéticas
Pintinho novo
Pintinho tonto
Não estás no ponto
Volta para o ovo
Eu não me calo
Falo de novo
Não banque o galo
Volta para o ovo
A tia raposa
Não marca tpuca
Tá so te olhando
Com água na boca
E se ligeiro você escapar
Tem um granjeiro
Que vai te adotar
O meu ovo tá estreitinho
Já me sinto um galetinho
Já posso sair sozinho
Eu já sou dono de mim
Vou ciscar pela cidade
Grão-de-bico em quantidade
Muito milho e liberdade
Por fim
Pintinho raro
Pintinho novo
Tá tudo caro
Volta para o ovo
E o tempo inteiro
Terás pintinho
Um cozinheiro
No teu caminho
Por isso eu te digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta para o ovo
Se de repente você escapar
Num forno quente você vai parar
Gosto muito dessa vida
Ensopada ou cozida
Até assada é divertida
Com salada e aipim
Tudo é lindo e a vida é bela
Mesmo sendo à cabidela
Pois será numa panela
Meu fim
Por isso eu digo
E falo de novo
Pintinho amigo
Então volta para o ovo
E se ligeiro
Você escapar
Tem um granjeiro que vai te adotar
O Peru
Elba Ramalho
Glu! Glu! Glu!
Abram alas para o peru!
Glu! Glu! Glu!
Abram alas para o peru!
O peru foi a passeio
Pensando que era pavão
Tico-tico riu-se tanto
Que morreu de congestão
O peru dança de roda
Numa roda de carvão
Quando acaba fica tonto
De quase cair no chão
Glu! Glu! Glu!
Abram alas para o peru!
Glu! Glu! Glu!
Abram alas para o peru!
O peru se viu um dia
Nas águas do ribeirão
Foi-se olhando, foi dizendo
Que beleza de pavão
Foi dormir, teve um sonho
Logo que o sol se escondeu
que sua cauda tinha cores
Como a desse amigo seu
A Formiga
Clara Nunes
As coisas devem ser bem grandes
Pra formiga pequenina
a rosa, um lindo palácio
E o espinho, uma espada fina
A gota d’água, um manso lago
O pingo de chuva, um mar
Onde um pauzinho boiando
É navio a navegar
O bico de pão o Corcovado
O grilo, um rinoceronte
Uns grãos de sal derramados
Ovelhinhas pelo monte
Cachorrinha
Tom Jobim
Mas que amor de cahorrinha!
Mas que amor de cachorrinha!
Pode haver coisa no mundo
Mais branca, mais bonitinha
Do que a tua bariguinha
Crivada de mamiquinha ?
Pode haver coisa no mundo
Mais travessa, mais tontinha
Quando vem fazer festinha
Remexendo a traseirinha ?
uau, uau, uau, uau!
uau, uau, uau, uau!
O Leão
Fagner
Leão ! Leão ! Leão !
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês
Leão ! Leão ! Leão !
És o rei da criação
Tua goela é uma fornalha
Teu salto uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro
Leão ! Leão ! Leão !
És o rei da criação
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna
Leão ! Leão ! Leão !
Foi Deus quem te fez ou não !
Leão ! Leão ! Leão !
És o rei da criação!
O salto do tigre é rápido
Como o raio, mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o leão dá
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte
Pois bem, se ele vê o leão
Foge como um furacão
Leão ! Leão ! Leão !
És o rei da criação
Leão ! Leão ! Leão !
Foi Deus quem te fez ou não?
Leão se esgueirando à espera
da passagem de outra fera...
Vem um tigre, como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranquilo
O leão fica olhando aquilo
Quando se cansam, O Leão
Mata um com cada mão
Leão ! Leão ! Leão !
Foi Deus quem te fez ou não?
Leão ! Leão ! Leão !
Rugindo como um trovão.....
O Ar (O Vento)
Boca Livre
Estou vivo, mas não tenho corpo
Por isso é que eu não tenho forma
Peso eu também não tenho
Não tenho cor
Quando sou fraco
Me chamo brisa
E se assobio
Isso é comum
Quando sou forte
Me chamo vento
Quando sou cheiro
Me chamo pum!
A Galinha D’Angola
Ney Matogrosso
Coitada,coitadinha
Da galinha d’angola
Não anda ultimamente
Regulando da bola
Ela vende confusão
E compra briga
Gosta muito de fofoca
E adora intriga
Fala tanto
Que parece que engoliu uma matraca
E vive reclamando
Que está fraca
Tou fraca! Tou fraca!
Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!
Coitada,coitadinha
Da galinha d’angola
Não anda ultimamente
Regulando da bola
Come tanto
Até ter dor de barriga
Ela é uma bagunceira
De uma figa
Quando choca, cocoroca
Como milho e come caca
E vive reclamando
Que está fraca
Tou fraca! Tou fraca!
Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!
Os Bichinhos e o Homem
Céu da Boca
Nossa irmã, a mosca
É feia e tosca
Nosso irmão, o mosquito
É mais bonito
É mais bonito
Nosso irmão, o besouro
É feito de couro
Mal sabe voar
Mal sabe voar
Nossa irmã, a barata
Bichinha mais chata
É prima da borboleta
Que ma careta
Que é uma careta
Enquanto que ogrilo
Que vvie dando estrilo
Só pra chatear
Só pra chatear
E o bicho-do-pé
Que gostoso que ele é
Quando dá coceira
Coça que não é brincadeira
E nosso irmão carrapato
Que é um outro bicho chato
É primo-irmão do bacilo
Que é um irmão tranqüilo
Que é um irmão tranqüilo
E o homem que pensa tudo saber
Não sabe o jantar que os bichinhos vão ter
Quando os eu dia chegar
Quando o seu dia chegar
O Pingüim
Toquinho
Bom dia, pingüim
Onde vais assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim
Eu só gostaria
de dar um tapinha
No seu chapéu jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca
Quando você caminha
Parece o Chacrinha
Lelé da caixola
è um velho senhor
Que foi meu professor
No meu tempo de escola
Pingüim, meu amigo
Não zangue comigo
Nem perca a estribeira
Não me pergunte por quê
Mas todos põem você
Em cima da geladeira
O Girassol
Jane Duboc
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Roda, roda, roda
Rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Gira, gira, gira
Girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol
O Porquinho
Grande Otelo
Muito prazer, sou o porquinho
Eu te alimento também
Meu couro bem tostadinho
Quem é que não sabe o sabor que tem
Se você cresce um pouquinho
O mérito, eu sei
Cabe a mim também
Se quiser, me chame
Te darei salame
E a mortadela
Branca, rosa e bela
Num pãozinho quente
Continuando o assunto
Te darei presunto
E na feijoada
Mesmo requentada
Agrado a toda gente
Sendo um porquinho informado
O meu destino bem sei
Depois de estar bem tostado
Fritinho ou assado
Eu partirei
Com a tia vaca do lado
Vestida de anjinho
Pro céu voarei
De rabo ao focinho
Sou todo tocinho
Bota malagueta
Em minha costeleta
Numa gordurinha
Que coisa maluca
Minha pururuca
É uma beleza
Minha calabresa
No azeite fritinha
O Filho Que Eu Quero Ter
Paulinho da Viola
É comum a gente sonhar, eu sei
Quando vem o entardecer
Pois eu também dei de sonhar
Um sonho lindo de morrer
Vejo um berço e nele eu me debruçar
Com o pranto a me correr
E assim, chorando, acalentar
O filho que eu quero ter
Dorme, meu pequenininho
Dorme, que a noite já vem
Teu pai está muito sozinho
De tanto amor que ele tem
De repente o vejo se transformar
Num menino igual a mim
Que vem correndo em beijar
Quando eu chegar lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar
Um por quê que não tem fim
Um filho a quem só queira bem
E a quem só diga que sim
Dorme, menino levado
Dorme, que a vida já vem
Teu pai está muito cansado
De tanta dor que ele tem
Quando a vida, enfim, me quiser levar
Pelo tanto que me deu
Senti-lhe a barba me roçar
No derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar
Meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz, a me embalar
Num acalanto de adeus
Dorme, meu pai, sem cuidado
Dorme, que ao entardecer
Teu filho sonha acordado
Com o filho que ele quer ter
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