sábado, 10 de julho de 2010

CIFRAS ARCA DE NOÉ

A arca de Noé


(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Chico Buarque / Milton Nascimento

Sete em cores, de repente

O arco-íris se desata

Na água límpida e contente

Do ribeirinho da mata.



O sol, ao véu transparente

Da chuva de ouro e de prata

Resplandece resplendente

No céu, no chão, na cascata.

E abre-se a porta da Arca

De par em par: surgem francas

A alegria e as barbas brancas

Do prudente patriarca

Noé, o inventor da uva

E que, por justo e temente

Jeová, clementemente

Salvou da praga da chuva.

Tão verde se alteia a serra

Pelas planuras vizinhas

Que diz Noé:

“Boa terra para plantar minhas vinhas!”

E sai levando a família

A ver; enquanto, em bonança

Colorida maravilha

Brilha o arco da aliança.

Ora vai, na porta aberta

De repente, vacilante

Surge lenta, longa e incerta

Uma tromba de elefante.

E logo após, no buraco

De uma janela, aparece

Uma cara de macaco

Que espia e desaparece.

Enquanto, entre as altas vigas

Das janelinhas do sótão

Duas girafas amigas

De fora a cabeça botam.

Grita uma arara, e se escuta

De dentro um miado e um zurro

Late um cachorro em disputa

Com um gato, escouceia um burro.

A Arca desconjuntada

Parece que vai ruir

Aos pulos da bicharada

Toda querendo sair.

Vai! Não vai! Quem vai primeiro?

As aves, por mais espertas

Saem voando ligeiro

Pelas janelas abertas.

Enquanto, em grande atropelo

Junto à porta de saída

Lutam os bichos de pelo

Pela terra prometida.

“Os bosques são todos meus!”

Ruge soberbo o leão

“Também sou filho de Deus!”

Um protesta; e o tigre — “Não!”

Afinal, e não sem custo

Em longa fila, aos casais

Uns com raiva, outros com susto

Vão saindo os animais.

Os maiores vêm à frente

Trazendo a cabeça erguida

E os fracos, humildemente

Vêm atrás, como na vida.

Conduzidos por Noé

Ei-los em terra benquista

Que passam, passam até

Onde a vista não avista

Na serra o arco-íris se esvai . . .

E . . . desde que houve essa história

Quando o véu da noite cai

Na terra, e os astros em glória

Enchem o céu de seus caprichos

É doce ouvir na calada

A fala mansa dos bichos

Na terra repovoada.





O pato

(Toquinho - Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)

Interpretação: MPB-4



Lá vem o Pato

Pata aqui, pata acolá

La vem o Pato

Para ver o que é que há.

O Pato pateta

Pintou o caneco

Surrou a galinha

Bateu no marreco

Pulou do poleiro

No pé do cavalo

Levou um coice

Criou um galo

Comeu um pedaço

De jenipapo

Ficou engasgado

Com dor no papo

Caiu no poço

Quebrou a tigela

Tantas fez o moço

Que foi pra panela.





A corujinha

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Elis Regina

Corujinha, corujinha,

Que peninha de você.

Fica toda encolhidinha

Sempre olhando não sei quê.

O seu canto de repente

Faz a gente estremecer.

Corujinha, pobrezinha,

Todo mundo que te vê

Diz assim, ah, coitadinha,

Que feinha que é você.

Quando a noite vem chegando

Chega o teu amanhecer.

E se o sol vem despontando

Vais voando te esconder.

Hoje em dia andas vaidosa,

Orgulhosa como o quê.

Toda noite tua carinha

Aparece na TV.

Corujinha, corujinha,

Que feinha que é você.











A foca

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Alceu Valença

A Foca

Vinicius de Moraes

Composição: Vinicius de Moraes / Toquinho

Quer ver a foca

Ficar feliz?

É pôr uma bola

No seu nariz



Quer ver a foca

Bater palminha?

É dar a ela

Uma sardinha



Quer ver a foca

Comprar uma briga?

É espetar ela

Bem na barriga



Lá vai a foca

Toda arrumada

Dançar no circo

Pra garotada



Lá vai a foca

Subindo a escada

Depois descendo

Desengonçada



Quanto trabalha

A coitadinha

Pra garantir

Sua sardinha









As abelhas

(Bacalov - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Moraes Moreira

A abelha mestra

e as abelhinhas

Tão todas prontinhas

Para ir para festa



Num zune-que-zune

Lá vão para o Jardim

Brincar com a cravina

Valsar com o jasmim

Da rosa para o cravo

Do cravo para a rosa

Da rosa pro favo

E de volta para a rosa



Venham ver como dão mel

As abelhas do céu.(4 vezes)



A abelha ruim

está sempre cansada

Engorda a pancinha

E não faz mais nada



Num zune-que-zune

Lá vão para o Jardim

Brincar com a cravina

Valsar com o jasmim

Da rosa para o cravo

Do cravo para a rosa

Da rosa pro favo

E de volta para a rosa



Venham ver como dão mel

As abelhas do céu.(4 vezes)











A pulga

(Vinicius de Moraes)

Interpretação: Bebel Gilberto

Um, dois, três

Quatro, cinco, seis

Com mais um pulinho

Estou na perna do freguês

Um, dois, três

Quatro, cinco, seis

Com mais uma mordidinha

Coitadinho do freguês

Um, dois, três

Quatro, cinco, seis

Tô de barriguinha cheia

Tchau

Good bye

Auf Wiedersehen







Aula de piano

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Frenéticas

Depois do almoço na sala vazia

A mãe subia pra se recostar

E no passado que a sala escondia

A menininha ficava a esperar

O professor de piano chegava

E começava uma nova lição

E a menininha, tão bonitinha

Enchia a casa feito um clarim

Abria o peito, mandava brasa

E solfejava assim:

Ai, ai, ai

Lá, sol, fá, mi, ré

Tira a não daí

Dó, dó, ré, dó, si

Aqui não dá pé

Mi, mi, fá, mi, ré

E agora o sol, fá

Pra lição acabar



Diz o refrão quem não chora não mama

Veio o sucesso e a consagração

Que finalmente deitaram na fama

Tendo atingido a total perfeição

Nunca se viu tanta variedade

A quatro mãos em concertos de amor

Mas na verdade tinham saudade

De quando ele era seu professor

E quando ela, menina e bela

Abria o berrador

Ai, ai, ai,

Lá, sol, fá, mi, ré





A porta

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Fábio Jr.

Eu sou feita de madeira

Madeira, matéria morta

Mas não há coisa no mundo

Mais viva do que uma porta.





Eu abro devagarinho

Pra passar o menininho

Eu abro bem com cuidado

Pra passar o namorado

Eu abro bem prazenteira

Pra passar a cozinheira

Eu abro de sopetão

Pra passar o capitão.





Só não abro pra essa gente

Que diz (a mim bem me importa . . .)

Que se uma pessoa é burra

É burra como uma porta.





Eu sou muito inteligente!



Eu fecho a frente da casa

Fecho a frente do quartel

Fecho tudo nesse mundo

Só vivo aberta no céu!





A casa

(Vinicius de Moraes)

Interpretação: Boca Livre

Era uma casa

Muito engraçada

Não tinha teto

Não tinha nada

Ninguém podia

Entrar nela não

Porque na casa

Não tinha chão

Ninguém podia

Dormir na rede

Porque na casa

Não tinha parede

Ninguém podia

Fazer pipi

Porque penico

Não tinha ali

Mas era feita

Com muito esmero

Na Rua dos Bobos

Número Zero







São Francisco

(Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)



Interpretação: Ney Matogrosso

Lá vai São Francisco

Pelo caminho

De pé descalço

Tão pobrezinho

Dormindo à noite

Junto ao moinho

Bebendo água

Do ribeirinho.



Lá vai São Francisco

De pé no chão

Levando nada

No seu surrão

Dizendo ao vento

Bom dia, amigo

Dizendo ao fogo

Saúde, irmão



Lá vai São Francisco

Pelo caminho

Levando ao colo

Jesuscristinho

Fazendo festa

No menininho

Contando histórias

Para os passarinhos

O Avião

Arca De Noé

Composição: Toquinho

Sou mais ligeiro que um carro,

Corro bem mais que um navio.

Sou o passarinho maior

Que até hoje você na sua vida já viu.



Vôo lá por cima das nuvens,

Onde o azul muda de tom.

E se eu quiser ultrapasso fácil

A barreira do som.



Minha barriga foi feita

Pra muita gente levar.

Trago pessoas de férias

E homens que vêm e que vão trabalhar.



Dentro eu não faço barulho,

Fora é melhor nem pensar.

Voando pareço levinho,

Mas sou mais pesado que o ar.



Venha voar comigo, amigo.

Sem medo venha voar.

De dia tem o sol brilhando,

De noite quem brilha é o luar.

Venha voar comigo, amigo.

Sem medo venha voar.

Em dia nublado não fique assustado

Que eu tenho radar.



Se às vezes balanço um pouquinho

É o vento querendo brincar.

Se chove chuvisco fininho

São nuvens tristonhas a choramingar.



Se você me vê lá no alto

Voando na imensidão,

Eu fico tão pequenininho

Que caibo na palma da mão.





O gato

(Bacalov - Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Marina Lima

O Gato

Arca De Noé

Composição: Bucalov, Toquinho & Vinicius de Moraes

Com um lindo salto

Lento e seguro

O gato passa

Do chão ao muro

Logo mudando

De opinião

Passa de novo

Do muro ao chão



E pisa e passa

Cuidadoso, de mansinho

Pega e corre, silencioso

Atrás de um pobre passarinho

E logo pára

Como assombrado

Depois dispara

Pula de lado



Se num novelo

Fica enroscado

Ouriça o pêlo

Mal humorado

Um preguiçoso

É o que ele é

E gosta muito

De cafuné



E quando à noite

Vem a fadiga

Toma seu banho

Passando a língua pela barriga.







O relógio

(Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)

Interpretação: Walter Franco

Passa tempo, tic-tac

Tic-tac, passa hora

Chega logo, tic-tac

Tic-tac, vai-te embora

Passa, tempo

Bem depressa

Não atrasa

Não demora

Que já estou

Muito cansado

E já perdi toda alegria

De fazer meu tic-tac

Dia e noite

Noite e dia

Tic-tac

Tic-tac

Dia e noite

Noite e dia







Menininha

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Toquinho



Menininha do meu coração

Eu só quero você

A três palmos do chão

Menininha não cresça mais não

Fique pequenininha na minha canção

Senhorinha levada

Batendo palminha

Fingindo assustada

Do bicho-papão



Menininha, que graça é você

Uma coisinha assim

Começando a viver

Fique assim, meu amor

Sem crescer

Porque o mundo é ruim, é ruim e você

Vai sofrer de repente

Uma desilusão

Porque a vida é somente

Teu bicho-papão



Fique assim, fique assim

Sempre assim

E se lembre de mim

Pelas coisas que eu dei

Também não se esqueça de mim

Quando você souber enfim

De tudo o que eu amei.











Final

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Orquestra





Abertura - A Arca de Noé

(Vinicius de Moraes)

Interpretação: Dionísio Azevedo

Sete em cores, de repente

O arco-íris se desata

Na água límpida e contente

Do ribeirinho da mata.



O sol, ao véu transparente

Da chuva de ouro e de prata

Resplandece resplendente

No céu, no chão, na cascata.

E abre-se a porta da Arca

De par em par: surgem francas

A alegria e as barbas brancas

Do prudente patriarca

Noé, o inventor da uva

E que, por justo e temente

Jeová, clementemente

Salvou da praga da chuva.

Tão verde se alteia a serra

Pelas planuras vizinhas

Que diz Noé:

“Boa terra para plantar minhas vinhas!”

E sai levando a família

A ver; enquanto, em bonança

Colorida maravilha

Brilha o arco da aliança.

Ora vai, na porta aberta

De repente, vacilante

Surge lenta, longa e incerta

Uma tromba de elefante.

E logo após, no buraco

De uma janela, aparece

Uma cara de macaco

Que espia e desaparece.

Enquanto, entre as altas vigas

Das janelinhas do sótão

Duas girafas amigas

De fora a cabeça botam.

Grita uma arara, e se escuta

De dentro um miado e um zurro

Late um cachorro em disputa

Com um gato, escouceia um burro.

A Arca desconjuntada

Parece que vai ruir

Aos pulos da bicharada

Toda querendo sair.

Vai! Não vai! Quem vai primeiro?

As aves, por mais espertas

Saem voando ligeiro

Pelas janelas abertas.

Enquanto, em grande atropelo

Junto à porta de saída

Lutam os bichos de pelo

Pela terra prometida.

“Os bosques são todos meus!”

Ruge soberbo o leão

“Também sou filho de Deus!”

Um protesta; e o tigre — “Não!”

Afinal, e não sem custo

Em longa fila, aos casais

Uns com raiva, outros com susto

Vão saindo os animais.

Os maiores vêm à frente

Trazendo a cabeça erguida

E os fracos, humildemente

Vêm atrás, como na vida.

Conduzidos por Noé

Ei-los em terra benquista

Que passam, passam até

Onde a vista não avista

Na serra o arco-íris se esvai . . .

E . . . desde que houve essa história

Quando o véu da noite cai

Na terra, e os astros em glória

Enchem o céu de seus caprichos

É doce ouvir na calada

A fala mansa dos bichos

Na terra repovoada.



O leão (Inspirado em William Blake)

(Fagner - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Fagner

Leão! Leão! Leão!

Rugindo como um trovão

Deu um pulo, e era uma vez

Um cabritinho montês.



Leão! Leão! Leão!

És o rei da criação!

Tua goela é uma fornalha

Teu salto, uma labareda

Tua garra, uma navalha

Cortando a presa na queda.

Leão longe, leão perto

Nas areias do deserto.

Leão alto, sobranceiro

Junto do despenhadeiro.

Leão na caça diurna

Saindo a correr da furna.

Leão! Leão! Leão!

Foi Deus que te fez ou não?

O salto do tigre é rápido

Como o raio; mas não há

Tigre no mundo que escape

Do salto que o Leão dá.

Não conheço quem defronte

O feroz rinoceronte.

Pois bem, se ele vê o Leão

Foge como um furacão.

Leão se esgueirando, à espera

Da passagem de outra fera . . .

Vem o tigre; como um dardo

Cai-lhe em cima o leopardo

E enquanto brigam, tranqüilo

O leão fica olhando aquilo.

Quando se cansam, o Leão

Mata um com cada mão.

Leão! Leão! Leão!

És o rei da criação!



O pinguim

(Toquinho - Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)

Interpretação: Toquinho

Bom dia, pingüim

Onde vais assim

Com ar apressado?

Eu não sou malvado

Não fique assustado

Com medo de mim

Eu só gostaria

De dar um tapinha

No seu chapéu jaca

Ou bem de levinho

Puxar o rabinho

Da sua casaca

Quando você caminha

Parece o Chacrinha

Lelé da caixola

E um velho senhor

Que foi meu professor

No meu tempo de escola

Pingüim, meu amigo

Não se zangue comigo

Nem perca a estribeira

Não pergunte por quê

Mas todos põem você

Em cima da geladeira







O pintinho

(Gilda Mattoso - Pipo Caruso - Sergio Bardotti - Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Frenéticas

Pintinho novo

Pintinho tonto

Não estás no ponto

Volta pro ovo

Eu não me calo

Falo de novo

Não banque o galo

Volta pro ovo

A tia raposa

Não marca touca

Tá só te olhando

Com água na boca

E se ligeiro

Você escapar

Tem um granjeiro

Que vai te adotar

O meu ovo tá estreitinho

Já me sinto um galetinho

Já posso sair sozinho

Eu já sou dono de mim

Vou ciscar pela cidade

Grão-de-bico em quantidade

Muito milho e liberdade

Por fim

Pintinho raro

Pintinho novo

Tá tudo caro

Volta pro ovo

E o tempo inteiro

Terás, pintinho,

Um cozinheiro

No seu caminho

Por isso digo

E falo de novo

Pintinho amigo

Então volta pro ovo

Se de repente

Você escapar

Num forno quente

Você vai parar

Gosto muito dessa vida

Ensopada ou cozida

Até assada é divertida

Com salada e aipim

Tudo é lindo e a vida é bela

Mesmo sendo à cabidela

Pois será numa panela

Meu fim

Por isso eu digo

E falo de novo

Pintinho amigo

Então volta pro ovo

E se ligeiro

Você escapar

Tem um granjeiro

Que vai te adotar





A cachorrinha

(Tom Jobim - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Tom Jobim

Pode haver coisa no mundo

Mais branca, mais bonitinha

Do que a tua barriguinha

Crivada de mamiquinha?



Pode haver coisa no mundo

Mais travessa, mais tontinha

Que esse amor de cachorrinha

Quando vem fazer festinha

Remexendo a traseirinha?



Uau, uau, uau, uau!

Uau, uau, uau, uau!





O girassol

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Jane Duboc

Sempre que o sol

Pinta de anil

Todo o céu

O girassol

Fica um gentil

Carrossel



Roda, roda, roda

Carrossel

Roda, roda, roda

Rodador

Vai rodando, dando mel

Vai rodando, dando flor



Sempre que o sol

Pinta de anil

Todo o céu

O girassol

Fica um gentil

Carrossel



Roda, roda, roda

Carrossel

Gira, gira, gira

Girassol

Redondinho como o céu

Marelinho como o sol





O ar (O vento)

(E.Bacalov - Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Boca Livre / Vinicius de Moraes

Estou vivo, mas não tenho corpo

Por isso é que eu não tenho forma

Peso eu também não tenho

Não tenho cor





Quando sou fraco

Me chamo brisa

E se assovio

Isso é comum

Quando sou forte

Me chamo vento

Quando sou cheiro

Me chamo pum!





O peru

(Toquinho - Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)

Interpretação: Elba Ramalho

Glu! Glu! Glu!

Abram alas pro Peru!

O Peru foi a passeio

Pensando que era pavão

Tico-tico riu-se tanto

Que morreu de congestão.

O Peru dança de roda

Numa roda de carvão

Quando acaba fica tonto

De quase cair no chão.







O porquinho

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Grande Othelo

A galinha d’angola

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Ney Matogrosso





Coitada

Da galinha-

D’Angola

Não anda

Regulando

Da bola

Não pára

De comer

A matraca

E vive

A reclamar

Que está fraca:

— “Tou fraca!

Tou fraca!”

O Peru





Glu! Glu! Glu!

Abram alas pro Peru!

O Peru foi a passeio

Pensando que era pavão

Tico-tico riu-se tanto

Que morreu de congestão.

O Peru dança de roda

Numa roda de carvão

Quando acaba fica tonto

De quase cair no chão.





A formiga

(Vinicius de Moraes - Paulo Soledade)

Interpretação: Clara Nunes

As coisas devem ser bem grandes

Pra formiga pequenina

A rosa, um lindo palácio

E o espinho, uma espada fina



A gota d’água, uma manso lago

O pingo de chuva, um mar

Onde um pauzinho boiando

É navio a navegar



O bico de pão, o Corcovado

O grilo, um rinoceronte

Uns grãos de sal derramados

Ovelhinhas pela monte



Os bichinhos e o homem

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Céu da Boca



Nossa irmã, a mosca

É feia e tosca

Enquanto que o mosquito

É mais bonito

É mais bonito

Nosso irmão besouro

Que é feito de couro

Mal sabe voar

Mal sabe voar

Mal sabe voar

Mal sabe voar



Nossa irmã, a barata

Bichinha mais chata

É prima da borboleta

Que é uma careta

Que é uma careta

Nosso irmão, o grilo

Que vive dando estrilo

Só pra chatear

Só pra chatear

Só pra chatear

Só pra chatear



E o bicho-do-pé

Que gostoso que ele é

Quando dá coceira

Coça que não é brincadeira

Nosso irmão carrapato

Que é um outro bicho chato

É primo-irmão do bacilo

Que é um irmão tranqüilo

Que é um irmão tranqüilo

E o homem que pensa tudo saber

Não sabe o jantar que os bichinhos vão ter

Quando o seu dia chegar

Quando o seu dia chegar





O filho que eu quero ter

(Toquinho - Vinicius de Moraes)

Interpretação: Paulinho da Viola



É comum a gente sonhar, eu sei

Quando vem o entardecer

Pois eu também dei de sonhar

Um sonho lindo de morrer



Vejo um berço e nele eu me debruçar

Com o pranto a me correr

E assim, chorando, acalentar

O filho que eu quero ter



Dorme, meu pequenininho

Dorme que a noite já vem

Teu pai está muito sozinho

De tanto amor que ele tem



De repente o vejo se transformar

Num menino igual a mim

Que vem correndo me beijar

Quando eu chegar lá de onde vim



Um menino sempre a me perguntar

Um porquê que não tem fim

Um filho a quem só queira bem

E a quem só diga que sim



Dorme, menino levado

Dorme que a vida já vem

Teu pai está muito cansado

De tanta dor que ele tem



Quando a vida enfim me quiser levar

Pelo tanto que me deu

Sentir-lhe a barba me roçar

No derradeiro beijo seu



E ao sentir também sua mão vedar

Meu olhar dos olhos seus

Ouvir-lhe a voz a me embalar

Num acalanto de adeus



Dorme, meu pai, sem cuidado

Dorme que ao entardecer

Teu filho sonha acordado

Com o filho que ele quer ter







Abertura



A arca desconjuntada

Parece que vai ruir

Aos pulos da bicharada

Toda querendo sair



Afinal, e não sem custo

Em longa fila, aos casais

Uns com raiva, outros com susto

Vão saindo os animais



Conduzidos por Noé

Ei-los em terra benquista

Que passam, passam até

Onde a vista não avista....





O Pintinho

As Frenéticas



Pintinho novo

Pintinho tonto

Não estás no ponto

Volta para o ovo

Eu não me calo

Falo de novo

Não banque o galo

Volta para o ovo

A tia raposa

Não marca tpuca

Tá so te olhando

Com água na boca

E se ligeiro você escapar

Tem um granjeiro

Que vai te adotar



O meu ovo tá estreitinho

Já me sinto um galetinho

Já posso sair sozinho

Eu já sou dono de mim

Vou ciscar pela cidade

Grão-de-bico em quantidade

Muito milho e liberdade

Por fim



Pintinho raro

Pintinho novo

Tá tudo caro

Volta para o ovo

E o tempo inteiro

Terás pintinho

Um cozinheiro

No teu caminho

Por isso eu te digo

E falo de novo

Pintinho amigo

Então volta para o ovo

Se de repente você escapar

Num forno quente você vai parar



Gosto muito dessa vida

Ensopada ou cozida

Até assada é divertida

Com salada e aipim

Tudo é lindo e a vida é bela

Mesmo sendo à cabidela

Pois será numa panela

Meu fim

Por isso eu digo

E falo de novo

Pintinho amigo

Então volta para o ovo

E se ligeiro

Você escapar

Tem um granjeiro que vai te adotar





O Peru

Elba Ramalho



Glu! Glu! Glu!

Abram alas para o peru!

Glu! Glu! Glu!

Abram alas para o peru!



O peru foi a passeio

Pensando que era pavão

Tico-tico riu-se tanto

Que morreu de congestão

O peru dança de roda

Numa roda de carvão

Quando acaba fica tonto

De quase cair no chão



Glu! Glu! Glu!

Abram alas para o peru!

Glu! Glu! Glu!

Abram alas para o peru!



O peru se viu um dia

Nas águas do ribeirão

Foi-se olhando, foi dizendo

Que beleza de pavão

Foi dormir, teve um sonho

Logo que o sol se escondeu

que sua cauda tinha cores

Como a desse amigo seu





A Formiga

Clara Nunes



As coisas devem ser bem grandes

Pra formiga pequenina

a rosa, um lindo palácio

E o espinho, uma espada fina



A gota d’água, um manso lago

O pingo de chuva, um mar

Onde um pauzinho boiando

É navio a navegar



O bico de pão o Corcovado

O grilo, um rinoceronte

Uns grãos de sal derramados

Ovelhinhas pelo monte





Cachorrinha

Tom Jobim



Mas que amor de cahorrinha!

Mas que amor de cachorrinha!

Pode haver coisa no mundo

Mais branca, mais bonitinha

Do que a tua bariguinha

Crivada de mamiquinha ?

Pode haver coisa no mundo

Mais travessa, mais tontinha

Quando vem fazer festinha

Remexendo a traseirinha ?

uau, uau, uau, uau!

uau, uau, uau, uau!



O Leão

Fagner



Leão ! Leão ! Leão !

Rugindo como um trovão

Deu um pulo, e era uma vez

Um cabritinho montês



Leão ! Leão ! Leão !

És o rei da criação



Tua goela é uma fornalha

Teu salto uma labareda

Tua garra, uma navalha

Cortando a presa na queda

Leão longe, leão perto

Nas areias do deserto

Leão alto, sobranceiro

Junto do despenhadeiro



Leão ! Leão ! Leão !

És o rei da criação



Leão na caça diurna

Saindo a correr da furna

Leão ! Leão ! Leão !

Foi Deus quem te fez ou não !

Leão ! Leão ! Leão !

És o rei da criação!



O salto do tigre é rápido

Como o raio, mas não há

Tigre no mundo que escape

Do salto que o leão dá



Não conheço quem defronte

O feroz rinoceronte

Pois bem, se ele vê o leão

Foge como um furacão



Leão ! Leão ! Leão !

És o rei da criação

Leão ! Leão ! Leão !

Foi Deus quem te fez ou não?



Leão se esgueirando à espera

da passagem de outra fera...

Vem um tigre, como um dardo

Cai-lhe em cima o leopardo

E enquanto brigam, tranquilo

O leão fica olhando aquilo

Quando se cansam, O Leão

Mata um com cada mão



Leão ! Leão ! Leão !

Foi Deus quem te fez ou não?

Leão ! Leão ! Leão !

Rugindo como um trovão.....





O Ar (O Vento)

Boca Livre



Estou vivo, mas não tenho corpo

Por isso é que eu não tenho forma

Peso eu também não tenho

Não tenho cor



Quando sou fraco

Me chamo brisa

E se assobio

Isso é comum

Quando sou forte

Me chamo vento

Quando sou cheiro

Me chamo pum!





A Galinha D’Angola

Ney Matogrosso



Coitada,coitadinha

Da galinha d’angola

Não anda ultimamente

Regulando da bola



Ela vende confusão

E compra briga

Gosta muito de fofoca

E adora intriga

Fala tanto

Que parece que engoliu uma matraca

E vive reclamando

Que está fraca



Tou fraca! Tou fraca!

Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!



Coitada,coitadinha

Da galinha d’angola

Não anda ultimamente

Regulando da bola



Come tanto

Até ter dor de barriga

Ela é uma bagunceira

De uma figa

Quando choca, cocoroca

Como milho e come caca

E vive reclamando

Que está fraca



Tou fraca! Tou fraca!

Tou fraca! Tou fraca! Tou fraca!





Os Bichinhos e o Homem

Céu da Boca



Nossa irmã, a mosca

É feia e tosca

Nosso irmão, o mosquito

É mais bonito

É mais bonito

Nosso irmão, o besouro

É feito de couro

Mal sabe voar

Mal sabe voar

Nossa irmã, a barata

Bichinha mais chata

É prima da borboleta

Que ma careta

Que é uma careta

Enquanto que ogrilo

Que vvie dando estrilo

Só pra chatear

Só pra chatear

E o bicho-do-pé

Que gostoso que ele é

Quando dá coceira

Coça que não é brincadeira

E nosso irmão carrapato

Que é um outro bicho chato

É primo-irmão do bacilo

Que é um irmão tranqüilo

Que é um irmão tranqüilo

E o homem que pensa tudo saber

Não sabe o jantar que os bichinhos vão ter

Quando os eu dia chegar

Quando o seu dia chegar



O Pingüim

Toquinho



Bom dia, pingüim

Onde vais assim

Com ar apressado?

Eu não sou malvado

Não fique assustado

Com medo de mim

Eu só gostaria

de dar um tapinha

No seu chapéu jaca

Ou bem de levinho

Puxar o rabinho

Da sua casaca



Quando você caminha

Parece o Chacrinha

Lelé da caixola

è um velho senhor

Que foi meu professor

No meu tempo de escola

Pingüim, meu amigo

Não zangue comigo

Nem perca a estribeira

Não me pergunte por quê

Mas todos põem você

Em cima da geladeira





O Girassol

Jane Duboc



Sempre que o sol

Pinta de anil

Todo o céu

O girassol

Fica um gentil

Carrossel

Fica um gentil

Carrossel

Roda, roda, roda

Carrossel



Roda, roda, roda

Rodador

Vai rodando, dando mel

Vai rodando, dando flor



Sempre que o sol

Pinta de anil

Todo o céu

O girassol

Fica um gentil

Carrossel

Fica um gentil

Carrossel



Roda, roda, roda

Carrossel

Gira, gira, gira

Girassol

Redondinho como o céu

Marelinho como o sol





O Porquinho

Grande Otelo



Muito prazer, sou o porquinho

Eu te alimento também

Meu couro bem tostadinho

Quem é que não sabe o sabor que tem

Se você cresce um pouquinho

O mérito, eu sei

Cabe a mim também



Se quiser, me chame

Te darei salame

E a mortadela

Branca, rosa e bela

Num pãozinho quente

Continuando o assunto

Te darei presunto

E na feijoada

Mesmo requentada

Agrado a toda gente



Sendo um porquinho informado

O meu destino bem sei

Depois de estar bem tostado

Fritinho ou assado

Eu partirei

Com a tia vaca do lado

Vestida de anjinho

Pro céu voarei



De rabo ao focinho

Sou todo tocinho

Bota malagueta

Em minha costeleta

Numa gordurinha

Que coisa maluca

Minha pururuca

É uma beleza

Minha calabresa

No azeite fritinha





O Filho Que Eu Quero Ter

Paulinho da Viola



É comum a gente sonhar, eu sei

Quando vem o entardecer

Pois eu também dei de sonhar

Um sonho lindo de morrer

Vejo um berço e nele eu me debruçar

Com o pranto a me correr

E assim, chorando, acalentar

O filho que eu quero ter



Dorme, meu pequenininho

Dorme, que a noite já vem

Teu pai está muito sozinho

De tanto amor que ele tem



De repente o vejo se transformar

Num menino igual a mim

Que vem correndo em beijar

Quando eu chegar lá de onde eu vim

Um menino sempre a me perguntar

Um por quê que não tem fim

Um filho a quem só queira bem

E a quem só diga que sim



Dorme, menino levado

Dorme, que a vida já vem

Teu pai está muito cansado

De tanta dor que ele tem



Quando a vida, enfim, me quiser levar

Pelo tanto que me deu

Senti-lhe a barba me roçar

No derradeiro beijo seu

E ao sentir também sua mão vedar

Meu olhar dos olhos seus

Ouvir-lhe a voz, a me embalar

Num acalanto de adeus

Dorme, meu pai, sem cuidado

Dorme, que ao entardecer

Teu filho sonha acordado

Com o filho que ele quer ter


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