sábado, 10 de julho de 2010

POEMAS DA ARCA DE NOÉ







A Arca de Noé


Sete em cores, de repente


O arco-íris se desata


Na água límpida e contente


Do ribeirinho da mata.






O sol, ao véu transparente


Da chuva de ouro e de prata


Resplandece resplendente


No céu, no chão, na cascata.


E abre-se a porta da Arca


De par em par: surgem francas


A alegria e as barbas brancas


Do prudente patriarca


Noé, o inventor da uva


E que, por justo e temente


Jeová, clementemente


Salvou da praga da chuva.


Tão verde se alteia a serra


Pelas planuras vizinhas


Que diz Noé:


"Boa terra para plantar minhas vinhas!"


E sai levando a família


A ver; enquanto, em bonança


Colorida maravilha


Brilha o arco da aliança.


Ora vai, na porta aberta


De repente, vacilante


Surge lenta, longa e incerta


Uma tromba de elefante.


E logo após, no buraco


De uma janela, aparece


Uma cara de macaco


Que espia e desaparece.


Enquanto, entre as altas vigas


Das janelinhas do sótão


Duas girafas amigas


De fora a cabeça botam.


Grita uma arara, e se escuta


De dentro um miado e um zurro


Late um cachorro em disputa


Com um gato, escouceia um burro.


A Arca desconjuntada


Parece que vai ruir


Aos pulos da bicharada


Toda querendo sair.


Vai! Não vai! Quem vai primeiro?


As aves, por mais espertas


Saem voando ligeiro


Pelas janelas abertas.


Enquanto, em grande atropelo


Junto à porta de saída


Lutam os bichos de pelo


Pela terra prometida.


"Os bosques são todos meus!"


Ruge soberbo o leão


"Também sou filho de Deus!"


Um protesta; e o tigre — "Não!"


Afinal, e não sem custo


Em longa fila, aos casais


Uns com raiva, outros com susto


Vão saindo os animais.


Os maiores vêm à frente


Trazendo a cabeça erguida


E os fracos, humildemente


Vêm atrás, como na vida.


Conduzidos por Noé


Ei-los em terra benquista


Que passam, passam até


Onde a vista não avista


Na serra o arco-íris se esvai . . .


E . . . desde que houve essa história


Quando o véu da noite cai


Na terra, e os astros em glória


Enchem o céu de seus caprichos


É doce ouvir na calada


A fala mansa dos bichos


Na terra repovoada.










O Leão










Leão! Leão! Leão!


Rugindo como um trovão


Deu um pulo, e era uma vez


Um cabritinho montês.






Leão! Leão! Leão!


És o rei da criação!


Tua goela é uma fornalha


Teu salto, uma labareda


Tua garra, uma navalha


Cortando a presa na queda.


Leão longe, leão perto


Nas areias do deserto.


Leão alto, sobranceiro


Junto do despenhadeiro.


Leão na caça diurna


Saindo a correr da furna.


Leão! Leão! Leão!


Foi Deus que te fez ou não?


O salto do tigre é rápido


Como o raio; mas não há


Tigre no mundo que escape


Do salto que o Leão dá.


Não conheço quem defronte


O feroz rinoceronte.


Pois bem, se ele vê o Leão


Foge como um furacão.


Leão se esgueirando, à espera


Da passagem de outra fera . . .


Vem o tigre; como um dardo


Cai-lhe em cima o leopardo


E enquanto brigam, tranqüilo


O leão fica olhando aquilo.


Quando se cansam, o Leão


Mata um com cada mão.


Leão! Leão! Leão!


És o rei da criação!










O Pato










Lá vem o Pato


Pata aqui, pata acolá


La vem o Pato


Para ver o que é que há.


O Pato pateta


Pintou o caneco


Surrou a galinha


Bateu no marreco


Pulou do poleiro


No pé do cavalo


Levou um coice


Criou um galo


Comeu um pedaço


De jenipapo


Ficou engasgado


Com dor no papo


Caiu no poço


Quebrou a tigela


Tantas fez o moço


Que foi pra panela.














A Galinha d'Angola










Coitada


Da galinha-


D'Angola


Não anda


Regulando


Da bola


Não pára


De comer


A matraca


E vive


A reclamar


Que está fraca:


— "Tou fraca!


Tou fraca!"






O Peru










Glu! Glu! Glu!


Abram alas pro Peru!


O Peru foi a passeio


Pensando que era pavão


Tico-tico riu-se tanto


Que morreu de congestão.


O Peru dança de roda


Numa roda de carvão


Quando acaba fica tonto


De quase cair no chão.










A Casa










Era uma casa


Muito engraçada


Não tinha teto


Não tinha nada


Ninguém podia


Entrar nela não


Porque na casa


Não tinha chão


Ninguém podia


Dormir na rede


Porque na casa


Não tinha parede


Ninguém podia


Fazer pipi


Porque penico


Não tinha ali


Mas era feita


Com muito esmero


Na Rua dos Bobos


Número Zero










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