terça-feira, 31 de agosto de 2010

ALGUMAS CRÔNICAS DO PRIMO BERECI DA ROCHA MACEDO




terça-feira, 31 de agosto de 2010

A VIDA

A certeza da morte transforma a vida terrena ou a existência da pessoa humana na coisa mais estúpida que possa ser. Nasce, cresce e morre. A inexorabilidade da morte iguala todo o ser humano independente da cor ou da classe social. O apego à riqueza material abundante leva à mesquinhez, a insensibilidade, ao isolamento e ao egoísmo. O usurário não tem amigos e prefere os aduladores àqueles.

A vida é um mistério difícil de decifrar, pois muitas vezes embora a procura seja constante o ser humano não encontra o objetivo almejado para de repente encontrá-lo quando já não mais o procura. É próprio dos humanos procurarem longe o que muitas vezes está bem próximo de si.

A vida pode-se dizer que é uma sucessão de encontros e desencontros e estes acontecem porque não se sabe viver o momento do verdadeiro encontro; a vida também pode ser uma alternância de dores e de prazeres e aquele que se entrega às dores dificilmente conhecerá e desfrutará dos prazeres. A pessoa é produto da própria mente só que nem sempre é consciente disso. Ninguém cura ninguém haja vista que os médicos, os benzedores, os curandeiros, os médiuns por mais adiantados que sejam nas suas ciências também adoecem e acabam morrendo. O poder da mente é ilimitado, mas poucos são os que o exploram. Nós adoecemos por falta de cuidados e por exageros de qualquer sorte praticados, todavia nos recuperamos pelo retorno aos cuidados e ao abandono dos exageros. A comprovação do que afirmo é muito fácil: de que valeria ir ao médico e não executar sua receita, não tomar os remédios indicados? Nada. Então o médico não representa a cura. A cura temporária ou definitiva depende da vontade do paciente em aceitar cumprir as determinações daquele. O princípio da cura é a admissão de que está doente. Fora disso não há solução.

De que vale mil amigos dizerem ao Antonio que está bebendo demais? Nada. O Antonio é que deve chegar à conclusão de que está bebendo demais. Não vive todo aquele que sofre influência de empulhadores e vigaristas.

A Igreja melhora a vida de alguém? Não. O que melhorou a vida do Zé não foi a Igreja, mas sim a sua iniciativa de mudar de vida. Se ele for à igreja e continuar no trago, no jogo enfim no vício aposto que não melhorará em nada. Financeiramente? Não sei, pois o dinheiro que o Zé gastava no vício passará a gastar, dependendo da Igreja, no dízimo obrigatório que passará forçosamente a fazer parte do seu orçamento.

Cada um produz a vida que deseja. Uns procuram viver felizes enquanto outros insistem em viver mal porque seu objetivo é unicamente dinheiro. A vida destes é um inferno porque invejam até os que têm menos dinheiro, mas têm a paz, a harmonia e a tranquilidade que o seu interior produz fazendo com que a espiritualidade possibilite sua aproximação com o Ser Supremo e invisível que governa o Universo.

Não esqueçam que a vida é uma luta na qual a morte acaba sempre vencedora: a primeira é uma ilusão, a segunda a grande verdade.

## Segundo noticiado na imprensa continua a bagunça na Câmara Municipal. Até quando? Lá funciona a administração monárquica. O Rei reina, mas não governa.

Até enquanto a censura não me cortar, novamente.



sexta-feira, 30 de julho de 2010

A MÚSICA

Costumo dizer que a música afasta os medos e enternece a alma. Escrevo estas linhas ouvindo músicas inesquecíveis. De repente sinto que me invade uma sensação de nostalgia. Sinto que falta algo, alguma coisa, uma mulher. A música me traz recordações de momentos vividos, uns bons outros nem tanto, de afetos, de amores, de quem partiu e não voltará jamais e é a música que faz desfilar na minha mente as tantas mulheres que povoaram minha existência. Foram muitas, mas não restou uma para alegrar os meus dias. Sou capaz de lembrar cada minuto da vida. Lembro de quem me faz o bem, porém não esqueço de quem me faz o mal. Será que os outros também lembram? Acredito que não, se lembrassem o mundo seria mais harmonioso, mais justo e muito mais belo.

Ouvindo música minha alma se desprende do corpo e corre célere procurando o que não perdeu e tentando encontrar o que não existe. E nesse desprendimento corporal ela vaga por lugares estranhos, lugares onde há luz, lugares onde reinam a sabedoria e a espiritualidade predicados que diferenciam os humanos uns dos outros. Nesses lugares não existem falsidades, indiferenças e mal querer.

A música, muitas vezes, é a companheira que preenche os vazios da vida trazendo para perto quem está longe nas lembranças que não se apagam da memória. Quase nunca choro, tenho dificuldades. Mas gostaria, ah se gostaria de chorar, chorar e chorar. Não por medo, todavia por me sentir impotente para reparar as injustiças do mundo que me rodeia, do mundo que pune os bons e aplaude submisso os lobos devoradores disfarçados de cordeiros. Chorar faz a pessoa humana descarregar angústias e desventuras ao tempo em que renova energias para enfrentar novos desafios.

A música ameniza as incompreensões e nos faz ver o mundo com outros olhos. Minha concentração é interrompida pelos latidos do Baco e do Baruc companheiros que dividem comigo o meu santuário da paz. Sim, santuário da paz é o apelido do rancho onde moro e local no qual me escondo para reavivar a chama dos meus ideais e fortalecer minhas convicções. Nesse rancho tudo é puro, parece pequeno, mas multiplica-se no tamanho pela hospitalidade que oferece a quem o procura.

O mundo precisa de mais música e mais poesia para sensibilizar os homens e mostrar-lhes que a matéria nunca deve se sobrepor aos valores supremos que engrandecem e sublimam a alma. Tenho a absoluta certeza de que se optarmos pela música e pela poesia em vez dos enlatados da televisão diminuirá nossos problemas e melhorará nossa qualidade de vida.

Precisamos viver. Não basta só passar pela vida.

Até enquanto a censura não me cortar, novamente. (publicado no jornal C.Gabrielense em 30.07.2010).

Postado por Bereci Macedo às 05:45 0 comentários



terça-feira, 20 de julho de 2010

QUEM EDUCA?

As coisas tendem a piorar. A proibição da palmada impede a disciplina e aumenta a sensação de poder absoluto, de fazer o que bem entender. Acredito que nem precisaria tal lei, pois na atualidade são poucos os pais que educam os filhos. Com a igualdade da mulher ao homem cada um sai para um lado e os filhos que se lixem. Nenhum dos dois lhes dá atenção e normalmente exigem que a professora eduque os monstros que trouxeram ao mundo.

Penso que a mulher que tem filhos pequenos não deve trabalhar e sim dedicar a maior parte do seu tempo à arte de ser mãe pelo menos até a criança completar, digamos dez (10) anos. Quando se debate a violência moderna poucos, muito poucos, lembram que ninguém substitui o calor materno por mais dedicado que possa ser. Sou seguidor da sabedoria e dos ensinamentos dos meus velhos que me fazem tanta falta e eles repetiam: “os filhos das minhas filhas meus netos são, os dos meus filhos serão ou não”. Por quê? A resposta é óbvia, quem tem o privilégio de parir é a fêmea.

Os teóricos podem me contestar; os com formação acadêmica e peritos no assunto também, porém eles não são donos da verdade e com toda a sapiência que dizem ter e não têm em muitas vezes criam verdadeiros marginais com suas teorias inexequíveis.

Domino o assunto pela experiência vivida, sou pai solteiro e a mãe teimava em trabalhar. E aí, quem cuidava da criança? Babás, vizinhos, vovó? Até encontrarmos a solução ideal quem mais sofreu foi a filha. É obrigação dos pais, sim, criar e educar seus filhos e não transferir a terceiros, por mais íntimos que sejam, tamanha responsabilidade. Ou então jogá-la nas mãos de estranhos despreparados.

Tive uma educação esmerada fruto da preocupação dos meus pais que preparavam os filhos para serem bons adultos. Carrego sempre comigo o que o nosso pai nos dizia: “meus filhos, a pessoa humana não foi criada para ser chamada à atenção a todo o momento, se lembrem disso. E, vocês podem ir a qualquer lugar, mas lembrem de que carregam um nome, o meu e eu não quero passar vergonha”. É só.

Nunca apanhamos porque tivemos pais que nos ensinaram a respeitar para sermos respeitados e a gostar para sermos queridos.

E foi assim que embora solteiros, criamos a filha, sem bordoada, com carinho e principalmente eu com certa dificuldade porque sou um disciplinador, mas hoje todos os dois somos recompensados por ter criado, segundo os que a conhecem, uma pessoa atenciosa, solidária e prestativa. Procuro mostrar à filha que nós não somos o contexto, mas sim parte desse contexto e que devemos estudar tudo o que nos rodeia para não sermos surpreendidos ou decepcionados. Nunca fiz uma ligação telefônica para pedir emprego para a filha com o propósito de que ela precisava abrir seus próprios horizontes. E assim fez. Hoje o mérito do seu trabalho é dela, conquistou-o, acredito, respeitando colegas, superiores e honrando a empresa na qual trabalha. E a sua evolução funcional também é mérito próprio pela sua dedicação e interesse em ser cada vez melhor.

Fico muito triste quando vejo agressões aos professores por parte de alunos mal educados e pais despreparados. Todo o professor quer a evolução de seus alunos e jamais criará um motivo que desqualifique o filho perante os pais. Tive pais e professores, fui aluno e devo a todos os dois muitos ensinamentos que uso para melhorar meu universo. Sempre fui rebelde, mas comportado e era muito difícil me superar em uma sala de aula. Quem foi meu professor ou meu colega que o diga.

### Todo aquele que pensa encarnar o poder do qual está investido temporariamente está muito mais para idiota do que para sábio.

Até enquanto a censura não me cortar, novamente.

Postado por Bereci Macedo às 04:32 0 comentários



sexta-feira, 16 de julho de 2010

INJEÇÃO DE ÂNIMO

Foi o que recebi dia 09 de julho corrente, na minha casa, com a visita de amigos que muito me engrandecem com sua consideração, com seu afeto e sua estima. O encontro entre são-gabrielenses e santa-marienses que lá aconteceu tão somente para me abraçar além da alegria proporcionada também serviu como um reabastecimento de energias para o enfrentamento dos embates que a cada dia se apresentam maiores e mais selvagens. Confesso que estava precisando desse estímulo.

Sempre fui um homem rico e feliz, mas depois da manifestação dos quinze (15) santa-marienses, capitaneados pelo incansável Flávio Madruga, que enfrentaram chuva, neblina e cerração trazendo consigo amplificador de som, microfone, o violão espetacular do Geovani Pinheiro e a grande voz do descontraído Jairo Bordin da Silveira afirmo sem medo de errar que hoje sou muito mais rico, mais feliz e muito mais forte do que era ontem. Mais do que isso, sou invencível e imortal.

Posso dizer, com muito orgulho, que em torno de mim aconteceu uma integração de dois municípios ou mais, através de homens que honram e cultivam as mais caras tradições do Rio Grande do Sul. Os visitantes tentaram me surpreender, mas como sou um homem preparado para todos os momentos, para recebê-los já estavam do meu lado o magnífico violão Aroldo Torres, que dispensa qualquer comentário, o fantástico acordeonista Ademo Riefel e o cantor das multidões, legítimo sucessor do Nelson Gonçalves, vocalista sargento João Carlos Diniz. Foi demais.

Sou um simples mortal sem falsos títulos de nobreza, porém com a nobreza da hospitalidade, da lealdade, da pureza de sentimentos, da ética, e da autenticidade predicados que transformam o humano em um homem de fato e de direito.

São Gabriel e Santa Maria se irmanaram por momentos inebriantes através de seus filhos nessa festa de rara beleza, tamanha profundidade e de magnitude sem igual.

O Carlos Dácio Assis Brasil, o Luiz Eduardo A. B. Silveira, o Luiz Alberto Magri Pereira, o Fernando Baldissera dos Santos e o sargento Diniz se juntaram ao Flávio Madruga, chefe do grupo visitante, ao Geovani, ao Jairo, ao Luiz Pedroso, ao Badan, ao Raul, ao Antonio, ao Marafiga, ao Carmaia, ao Élson, ao Tuta (goleiro que desbancará o Júlio Cezar em 2014), ao Marcelo, ao Paulinho, ao Roger e ao Batista. Muito obrigado amigos, espero que tenham gostado. Meu rancho é pequeno e sem luxo e está sempre de portas abertas, mas vocês sabem que em quaisquer circunstâncias ele se agiganta e aguenta o repuxo como todo o bom gaúcho.

Sou um entusiasta das nossas belezas: Na comemoração do centenário de nascimento de Assis Brasil, o poeta Valdomiro de Souza improvisou estes versos a respeito dos homens que usavam e dos que ainda usam lenços vermelhos: “Em qualquer parte do mundo/ onde estiver um gaúcho/ altivo, nobre e sem luxo/ tendo um lenço desta cor/ não alimente incerteza/ saiba que é um homem de fato/ tem sangue de maragato/ e alma de libertador”. Se vocês não sabem, o maragato é forjado nas intempéries da luta. Luta com grandeza, ideal e, acima de tudo, dignidade. O lenço colorado que o libertador traz no pescoço é uma indumentária que o classifica pelos tempos a fora como um inconformado e um lutador honesto pelos anseios do povo. Nestas tradições libertadoras e libertárias haverei de encontrar abrigo sentimental para reforçar os meus propósitos políticos de homem de bem e de definidas posições junto às comunidades que atua. E é com esse apreço demonstrado pelos amigos que eu espanto meus medos, busco o vigor que me manterá em pé o resto dos meus dias e a certeza de que não vacilarei nas minhas convicções. Não sei viver de joelhos, saberei morrer em pé porque é assim que morrem os maragatos.

O encontro de gigantes, por sua peculiaridade, haverá de se repetir ora em S. Gabriel, ora em S. Maria para manter acesa a chama que reúne homens que se identificam pelo respeito à pátria, à tradição e à família. VALEU. Quem tem amigos de fé e os honra é o mais rico dos homens, tenham certeza disso.

### Será falta de respeito à comunidade que lhes paga se, apesar do clamor por seriedade na prática política através da lei, os senhores vereadores, através de sua maioria, insistirem em desconhecer o parecer do TCE-RS e novamente livrarem de punição prefeito que a cada administração pratica os mesmos erros administrativos se colocando acima da lei. A repetência dos mesmos erros pode caracterizar fraude.

Até enquanto a censura não me cortar, novamente. (Publicado no jornal C. Gabrielense, em 16.07.2010).

Postado por Bereci Macedo às 13:09 0 comentários

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