RESPONSABILIDADE
Descrição operativa (como funciona)
Quem tem essa virtude assume as conseqüências de seus atos intencionados, resultado das decisões que tome ou aceite; e também de seus atos não intencionados, de tal modo que os demais fiquem beneficiados o mais possível ou, pelo menos, não prejudicados; preocupando-se, ao mesmo tempo, de que as outras pessoas em quem pode influir façam o mesmo.
A EDUCAÇÃO DA RESPONSABILIDADE
1. Reconheço a tendência de cada filho/aluno em relação com a responsabilidade de tal maneira que não pressiono muito à criança, que por si própria, é responsável.
(Cada criança nasce de uma maneira diferente e há que recordar que se pode cair em um vício por um excesso da virtude. Possivelmente, esse menino responsável necessita desenvolver outras virtudes, a flexibilidade, a sinceridade ou a compreensão, por exemplo).
2. Mando aos filhos/alunos para que tenham a oportunidade de obedecer e viver a responsabilidade.
(Uma das maneiras de ser responsável é a de assumir as decisões dos demais. Isto é, obedecer-lhes. Se o educador não manda, não se pode viver a responsabilidade desta maneira).
3. Ajudo aos meninos/as a dar-se conta das decisões que estão tomando, de tal forma que possam assumir as conseqüências das mesmas.
(Por exemplo, ajudando a um filho a ver como gastou sua "mesada" semanal, a ver as conseqüências de convidar a alguns amigos e não a outros a uma festa de aniversário, a inscrever-se em uma atividade extra escolar no colégio).
4. Ofereço diferentes alternativas aos filhos/alunos para que aprendam a discernir entre as vantagens e inconvenientes de cada uma.
(Quando se trata de jovens, eles próprios podem pensar nas alternativas. Mas antes convém usar este sistema para que aprendam a descobrir as possíveis conseqüências de seus atos).
5. Me preocupo em buscar ou facilitar a informação adequada com respeito a algum tema em que o jovem vai tomar uma decisão, de tal maneira que possa tomá-la responsavelmente.
(Aqui nos referimos à etapa em que o jovem ainda não está em condições de assumir autonomamente o processo completo. De fato é freqüente encontrar meninos/as de quatorze ou quinze anos que tomam suas decisões, ou pretendem fazê-lo, com uma falta de prudência considerável. Não reconhecem os perigos ou se acham capazes de superar qualquer dificuldade. Necessitam de ajuda para ser realistas).
6. Procuro áreas de autonomia em que os jovens possam tomar suas próprias decisões autonomamente e lhes deixo agüentar as conseqüências de seus erros contanto que não sejam imprudentes.
(Quando as coisas saem mal, os educadores têm uma tendência natural a proteger o educando sem deixar-lhe crescer como conseqüência de seus próprios erros).
7. Ajudo aos jovens a dirigir sua atenção para os demais de tal forma que ajudem a seus colegas e amigos a atuar responsavelmente também.
(Ser responsável é ajudar aos demais a ser responsável. Por exemplo, uma criança poderia animar a outra a assumir as conseqüências de alguma infração das regras que cometeu, a cumprir com sua palavra, a realizar seu trabalho bem ou a obedecer a seus pais).
8. Ajudo aos jovens a reconhecer quais coisas e ante quem devem prestar contas.
(Progressivamente podem ir reconhecendo as diferentes autoridades ante quem devem prestar contas. Por exemplo, o professor, os pais, uma autoridade civil e evidentemente Deus).
9. Ensino aos filhos/alunos a consultar antes de tomar suas decisões e a quem convém recorrer em cada caso.
(De fato se trata de ajudar-lhes a descobrir quem são as autoridades em cada questão. Não se trata de recorrer ao professor para resolver uma dúvida médica e tampouco se trata de recorrer ao médico para resolver um tema escolar).
10. Ajudo aos jovens a assumir a responsabilidade de suas ações equivocadas cometidas sem intenção.
(Muitas coisas acontecem por falta de previsão ou por ingenuidade, mas também há outras em que dificilmente se pode encontrar algum elemento de responsabilidade pessoal. De todas as formas há que assumir o fato e agüentar aquelas coisas de que não nos sentimos responsáveis. Uma doença, por exemplo).
A MANEIRA PESSOAL DE VIVER A RESPONSABILIDADE
11. Assumo plenamente a responsabilidade de ser educador. Tenho uma vivência profunda da importância de minha função.
(A responsabilidade supõe este primeiro tipo de decisão consciente de responder pelo que se é. Não se trata tanto de responsabilizar-se por um conjunto de tarefas).
12. Vivo a responsabilidade prestando contas às pessoas que têm autoridade sobre mim.
(É necessário responder ante alguém para ser responsável e todas as pessoas temos alguma autoridade acima de nós).
13. Me comprometo com os valores e com as pessoas que dependem de mim buscando seu bem.
(O compromisso é conseqüência de um decisão consciente. É necessário refletir sobre o que é importante para si próprio e a seguir lutar para proteger e defender esses valores).
14. Depois de tomar uma decisão ou empreender uma ação, aguento as conseqüências se o assunto sai mal.
(Algumas pessoas tentam passar a responsabilidade a outros. Por exemplo, se um filho fracassa em seus estudos principalmente por ter pouca capacidade real para o estudo, alguns pais não o aceitam e passam a responsabilidade do fracasso ao colégio).
15. Passo um tempo tentando prever possíveis conseqüências de minhas decisões antes de tomar uma determinação.
(Na vida familiar, com frequência os pais reagem frente às situações, em vez de estudar o tema e tomar uma decisão pausada. A responsabilidade requer não apenas assumir as conseqüências dos próprios atos mas também, prever as conseqüências).
16. Assumo as conseqüências negativas de minhas ações equivocadas.
(Indicadores de que seja assim, serão, por exemplo que o educador saiba pedir desculpas quando haja cometido um erro ou que saiba retificar e não continuar adiante com teimosia em algum assunto, após perceber que se equivocou).
17. Habitualmente me comprometo com projetos depois de um estudo sério do assunto, pensando nas conseqüências positivas que pode haver para os demais e sem depender inecessariamente das opiniões dos demais.
(Algumas pessoas tendem a não comprometer-se a menos que a maioria dos demais já o tenha feito, ou unicamente quando vê que o assunto está saindo bem).
18. Apesar de que existem muitos motivos para ser responsável, entendo que o motivo fundamental tem que ser meu reconhecimento de que tenho o dever de responder ante outra pessoa ou ante Deus.
(Uma pessoa pode atuar de uma maneira que parece responsável por fins econômicos, por medo, por eficácia. Entretanto, não reconhece as exigências autênticas da responsabilidade).
19. Quando participo em reuniões em que se tomam decisões, assumo as conseqüências ainda que a decisão tomada não seja a que eu considero melhor.
(De fato responder pelas decisões tomadas em grupo é difícil. Requer uma dose suficiente de humildade).
20. Me responsabilizo do que radicalmente sou. Isto é filho/a de Deus.
(Isto requer, por exemplo, recorrer aos Sacramentos, estudar as verdades da fé, buscar uma direção espiritual, viver a fé nas relações com os demais, rezar e reconhecer a Deus como Pai).
Como proceder à auto-avaliação
No texto encontram-se uma série de afirmações para reflexão, divididas em duas partes:
1) o grau em que se está vivendo a virtude pessoalmente .
2) o grau em que se está educando aos alunos ou aos filhos na mesma virtude.
Com respeito a cada afirmação, situe a conduta e o esforço próprio de acordo com a escala:
5. Estou totalmente de acordo com a afirmação. Reflete minha situação pessoal.
4. A afirmação reflete minha situação em grande parte mas com alguma reserva.
3. A afirmação reflete minha situação em parte: Penso "em parte sim e em parte não".
2. A afirmação realmente não reflete minha situação ainda que seja possível que haja algo.
1. Não creio que a afirmação reflete minha situação pessoal em nada. Não me identifico com ela.
Podem-se comentar as reflexões próprias com o cônjuge ou com algum companheiro e assim chegar a estabelecer possíveis aspectos prioritários de atenção no desenvolvimento da virtude a título pessoal ou com respeito à educação dos filhos ou dos alunos. É provável que se descubram muitas possibilidades de melhoria, mas trata-se de selecionar nada mais que uma ou duas, com a finalidade de tentar conseguir a melhora desejada.
As reflexões apresentadas não esgotam o tema, mas dão um ponto de partida para uma auto-avaliação.
Extraído do livro "Auto-avaliação das virtudes humanas", de David Isaacs.
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