terça-feira, 4 de agosto de 2009

FEIRA DO LIVRO - SÃO GABRIEL

FEIRA DO LIVRO - SÃO GABRIEL
Em 2007, no decorrer da organização, durante e após a 1ª Feira do Livro de São Gabriel, um grupo de amantes da poesia, incentivados pelo Patrono Rossyr Berny, começou a trocar experiências literárias, até então escondidas nos cofres escuros de suas intimidades. Começaram a se descobrir escritores, caminho inexorável para a necessidade de plantar sentimentos e razões próprias nos corações e mentes dos leitores, esperando, de alguma forma, fazer de seus textos instrumentos de catarse e humanização. O primeiro passo esteve associado às festas ligadas à Feira do Livro, onde os textos começaram a aparecer timidamente. Logo, através do estímulo apaixonado do poeta Rossyr Berny, a gradativa participação e troca de novas experiências literárias no sítio Recanto das Letras, começou a fazer brotar a ânsia de dar vida à poesia, tirá-la da morte fria da solitária intimidade e semeá-la nas páginas dos livros.Não é à toa que este grupo se auto-intitula de Confraria da Feira. Um grupo de irmãos nas letras, nascido no contexto da 1ª Feira do Livro de São Gabriel e formado por poetas nascidos nesta Terra dos Marechais e por gente que, por contingência e opção, escolheram São Gabriel como sua querência, para trabalhar, amar e viver.Nesta primeira edição dos Poetas Gabrielenses, os frutos do movimento cultural da Feira do Livro de São Gabriel refletem o sentimento terrunho e a universalidade, semeando desejos de crescimento da Confraria, novos confrades, novas produções e novos livros. Versos para o futuro.
Razões para melhor recriar a vida e a poesiaSempre penso nos humanos como seres duais e ambíguos, capazes de amar e odiar, de prezar e desprezar, de criar e descriar, de produzirem claros e escuros.Pessoalmente, minhas vivências humanas têm sido com as faces do amar, prezar, criar e luzir. Claro, não desconheço os rostos impuros. É questão de livre-arbítrio.Melhor conheço os grupos humanos que se afinam com as divindades. Ah, são os poetas e as poetas. Complementam-se com todos os lados luminosos da vida. E não desconhecem os descaminhos e as dores. Mas de seus ódios, revoluções, desamores, constroem torres, palácios, leitos e faróis, indicando a perenidade do amar e do perdoar. São magos, todos.Agora encontro cinco, aqui, todos poetas e uma poeta (sempre elas a receberem nossos louvores). São gabrielenses de nascimento ou que vieram de outras plagas deixar a cidade mais bonita, fraterna. Fazem isso com versos e luminosa ternura.São cinco dedos de uma só mão. De preferência a esquerda, a do coração. Mas também a direita, com a qual escreveram estes punhados de poemas que passam a ser história literária gabrielense.Dou testemunho:Edson Prestes – A simples lembrança de Frida Kahlo em seus versos glorifica todas as mulheres, essas musas heroínas que habitam nossos corações e os fazem pulsar apressadamente. Nos tornam homens melhores. Com sua questão social, preocupado com o bem-estar de todos, faz com que o mundo esteja melhor cuidado por suas mãos escribas.Marcelo Mendonça – Eis aqui um uruguaio-brasileiro. Nossas coragens – que antes combateram e tingiram de vermelho as fronteiras – há muito se somam em fraternidade. Hoje se perenizam em versos. Porque nada mais imortal do que a poesia e o livro. Quem escreve em Espanhol “Chimarrita de Lapuente” pode elevar-se ao mundo singular da Poesia.Márcia Meneghini – Não porque Márcia é a única mulher do grupo, mas porque a musa é sempre uma deusa. E se escreve poemas, é o supra-sumo das divindades. O próprio porvir e o próximo deleitar. Sobre o poeta/poesia, escreve: “Tem a arte e a manha na linguagem... Tecendo o texto com sentimentos!” No mais, os poetas se calam para que cantes.Rafael Cabral Cruz – Primeiro que este livro existe porque Rafael o sonhou. Segundo porque quis vê-lo publicado. Junto aos seus ombros e horizonte somou seus amigos. Um homem nunca é apenas o seu texto. É, sobretudo, seu mundo. E Rafael canta, encanta, sua musa/mulher: “Desejo desejar-te / nos teus vales deslizantes / no suor de dois amantes.”Ronaldo Fontoura – Desterro do coração da amada e do mundo é tudo o que não queremos. Por isso a proximidade com ela é tudo o que buscamos conquistar. E a salvo está Ronaldo que escreve: “Teu fogo ausente ainda aquece minhas noites. / Teus murmúrios noturnos arranham as paredes semi-nuas, / Vestidas com tua única foto.” Espetáculo.Por fim, registro meus poemas nesta antologia, distinguido como Patrono da 1ª Feira Municipal do Livro de São Gabriel. Construí-os todos, um a um ao longo de 32 anos de poesia, permeados da figura da mulher e América divina, sulina e habitualmente sacrificada. Incluo alguns poemas cubanos, escritos em 2008, no fevereiro caribenho de Havana, Cienfuegos, Trinidad e Santa Clara. Um homem só pode ser feliz se tiver orgulho do que faz e se puder compartir a conquista com todos. É o que tento. E é o que conseguem com sobra os cinco poetas maravilhosos que apresento, envaidecido, aplaudindo de pé, o Edson, o Marcelo, a Márcia, o Rafael e o Ronaldo. São Gabriel merece.A vida vale a pena quando o poeta apronta-se a criar e recriar o mundo.Rossyr Berny