terça-feira, 4 de agosto de 2009

SE

Rudyard Kipling
Se és capaz de manter a tua calma quando todo mundo em teu redor já a perdeu e te culpa,de crer em ti quando estão todos duvidando e para esses, no entanto, achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares, ou, enganado, não mentir ao mentiroso,ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares, e não parecer bom demais, nem pretensioso;Se és capaz de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores; de pensar - sem que só a isso te atire; de, encontrando a desgraça e o triunfo, conseguires tratar da mesma forma a estes dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste as coisas porque deste a vida, estraçalhadas, e refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,e perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, resignado, tornar ao ponto de partida;De forçar coração, nervos, músculos, tudo, a dar seja o que for que neles ainda existe,e a persistir assim quando, exaustos, contudo resta a vontade em ti, que ainda ordena:Persisti.
Se és capaz de, entre a plebe não te corromperes; e, entre reis, não perder a naturalidade,e de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes;Se a todos pode ser de alguma utilidade;
Se és capaz de dar, segundo por segundo,ao minuto fatal todo o valor e brilho;
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo.
E - que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho.