quinta-feira, 15 de julho de 2010

Borba, o gato






Borba, o gato, e Diogo, o cão, eram muito amigos.

Desde muito pequenos foram criados no mesmo quintal e, assim, foram ficando cada vez mais unidos.


Brincavam de pegador, de amarelinha e de mocinho e bandido.

Essa era a brincadeira de que eles mais gostavam.

Ás vezes, Borba era o mocinho e Diogo o bandido.

Outras vezes, era o contrário.



Vocês já ouviram falar que duas pessoas brigam como cão e gato?

Pois os nossos amigos nunca brigavam, apesar de serem realmente cão e gato.



De vez em quando, Diogo arreliava um pouquinho Borba, cantando:


- Atirei o pau no ga-to-to, mas o ga-to-to não morreu-reu-reu...


Mas o Borba nem ligava e eles continuavam amigos.




Quando chegou a hora de irem para escola, Diogo, que era um cão policial, resolveu estudar na escola da polícia.



Borba foi cantar a mãe:

- Sabe, mamãe? Eu também vou ser policial.

Dona Gata riu:

- Onde é que já se viu gato policial?

- Ora, mamãe, se existe cachorro policial, por que é que não pode haver gato policial?



Dona Gata explicou:

- Meu filho, gatos são gatos, cachorros são cachorros.

Existe gato siamês, gato angorá...existiu até aquele célebre Gato-de-Botas.

Mas gato policial, isso nunca houve.



- Mas, mamãe, só porque nunca houve não quer dizer que não possa aparecer um.

Afinal, é a minha vocação...



Diogo, todos os dias, trazia exercícios para fazer em casa:

- Hoje eu tenho que descobrir quem é que rouba o leite da casa de dona Marocas. Você quer me ajudar?


Borba sempre queria.

Mas, cada vez que ia ajudar seu amigo, arranjava uma boa trapalhada...

Mas o Borba não desistia:

- Sabe, Diogo?

Eu tenho escutado uns barulhos muito estranhos, de noite. Deve ser algum ladrão. Vamos ver se a gente pega?



E os dois saíram, de madrugada, para pegar o ladrão...

Que não era ladrão nenhum, era só o padeiro!



A mãe de Borba já estava zangada:

- Vamos acabar com esses passeios no meio da noite!

Criança precisa dormir bastante!



- Mas, mamãe, todos os gatos andam à noite pelos telhados.

- Isso são os gatos grandes. Você ainda é muito pequeno.

- Ah, mamãe, assim você atrapalha minha carreira!

E Borba continuava a treinar para policial.


E explicava a Diogo:

- Eu preciso reabilitar a raça felina.

Em todas as histórias, os ratos são bonzinhos e os gatos são malvados. Veja os desenhos animados.

Veja Tom e Jerry! É uma injustiça. Eu vou mostrar a todo mundo que os gatos são grandes homens, quer dizer, grandes gatos...



O tempo passou e Diogo recebeu seu diploma. Ganhou uma linda farda e todas as noites fazia a ronda do bairro:

- PRIIIUUUUU! PRIIIUUUUU!...



Borba ainda tinha esperanças de vir a ser um policial e por isso saía sempre com o seu amigo.

Uma noite, quando vinham passando pela casa do seu Godofredo, viram alguma coisa muito suspeita no telhado:



- O que é aquilo? – perguntou Diogo.

- Desta vez juro que é um ladrão.

- Mas eu não sei subir no telhado.

Como é que eu faço?

- Quem não tem cão caça com gato – disse o Borba.

- Deixa que eu vou.


E subiu pela calha como só os gatos sabem fazer.

Aproximou-se do ladrão por trás e ...

- MIAAAUUUUUU!


O ladrão levou tamanho susto que despencou do telhado, caindo bem em cima do Diogo.

O Borba ainda gritou:

- Cuidado, Diogo!

Se ele te pega, faz cachorro-quente!



Mas o ladrão, que era o ladrão de galinhas, estava tão assustado que não conseguiu nem fugir.



- Está preso em nome da lei! – disse Diogo, todo satisfeito, pois era o primeiro ladrão que ele prendia.



Borba vinha descendo do telhado, todo orgulhoso.

Toda a vizinhança aplaudia os dois amigos:

- Agora podemos dormir sossegados!



Diogo levou seu prisioneiro para a delegacia e explicou, direitinho, como é que tinha prendido o ladrão.



O delegado quis logo conhecer o Borba e deu a ele uma condecoração:

- Parabéns, seu Borba!

O senhor daria um grande policial!



Borba piscou para o Diogo.

E foi admitido na corporação, mesmo sem fazer o curso.



Afinal, ele já tinha dado provas de ser um bom policial.

E ganhou o cargo de guarda dos telhados.


E agora, todas as noites, enquanto Diogo vigia as ruas, Borba cuida do seu setor.



A rua deles é a mais bem guardada da cidade.



Pois tem um policial na rua e um no telhado:

Borba, o gato.


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